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Atos terroristas

Rio Grande do Norte tem terceira noite de ataques e serviços públicos param

Rio Grande do Norte vive terceira desde o início do que está sendo descrito como atos terroristas. Serviços públicos básicos pararam.

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17 de março de 2023
Vinicius Palermo
Rio Grande do Norte tem terceira noite de ataques e serviços públicos param
Líderes de facções criminosas estão ordenando ataques no Rio Grande do Norte.

Com o número crescente de cidades com ataques criminosos ordenados por líderes de uma facção criminosa, o Rio Grande do Norte viveu mais uma madrugada de terror. A terceira desde o início do que está sendo descrito como atos terroristas. Serviços públicos básicos pararam.

Incêndios em depósitos de pneus para reciclagem, automóveis e ônibus privados, máquinas agrícolas e transportes escolares não foram evitados mesmo com a chegada de parte da tropa estimada em 220 homens da Força Nacional, enviados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na terça-feira, 14, após pedido da governadora Fátima Bezerra (PT).

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed/RN) acredita que as ordens para as ações criminosas partiram da Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga, na Grande Natal, onde cumpria pena José Kemps Pereira de Araújo, um dos fundadores e líderes do Sindicato do Crime (SDC), facção criminosa criada a partir de uma racha na célula local do Primeiro Comando da Capital (PCC) há pouco mais de uma década.

Com a nova onda de ataques registrada na capital e cidades do interior, prefeitos anunciaram a suspensão de serviços públicos em Unidades Básicas de Saúde, Escolas e transporte público.

Em Caicó, no Seridó potiguar, a Câmara de Vereadores foi alvo de tiros durante a madrugada de quinta-feira, 16. O expediente e eventos previstos foram suspensos. A prefeitura fechou escolas, ginásios de esportes e bibliotecas. No município vizinho, Coronel Ezequiel, a população ficou amedrontada com os ataques na garagem oficial da prefeitura. “Perdemos três ônibus escolares, duas caçambas, um compactador de lixo, dois tratores com grade, um carro da Secretaria de Obras, uma retroescavadeira e a Patrol está quase perdendo um veículo”, relatou o prefeito Cláudio Marques.

Na tarde da quarta-feira, 15, Fátima Bezerra chegou a anunciar o retorno do transporte público às ruas de Natal e cidades vizinhas com apoio da Polícia Militar e Força Nacional. Ao longo da noite, porém, novos ataques foram registrados contra ônibus e micro-ônibus. Na manhã de quinta-feira, minutos após sair da garagem, um ônibus da empresa Conceição foi incendiado e as empresas decidiram recolher a frota integralmente.

As ruas de Natal estão desertas e a população, amedrontada. Os serviços de educação, saúde e coleta de lixo estão suspensos. Muitos trabalhadores não conseguiram chegar aos seus locais de trabalho. O número de cidades com registros de atos criminosos ordenados passou de 30.

A força-tarefa será de caráter “episódico e planejado” pelo período de 30 dias, com o objetivo de coordenar os serviços de guarda, de vigilância e de custódia de presos.

“A operação terá o apoio logístico e a supervisão dos órgãos de administração penitenciária e segurança pública do ente federado solicitante. O número de profissionais a ser disponibilizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública obedecerá ao planejamento definido pelos entes envolvidos na operação”, informou o ministério na noite de quarta-feira.

A pasta ressaltou que a força-tarefa não configura uma intervenção federal no Estado, “mas ampara tecnicamente e juridicamente as atividades de cooperação integrada de apoio ao Estado”.

O Rio Grande do Norte já havia pedido e o governo federal já havia decidido pelo envio de agentes da Força Nacional, que começaram a chegar ao Estado na madrugada de quarta-feira. O ministro da Justiça, Flávio Dino, autorizou o envio de 190 agentes, dos quais 83 já estão em Natal.

“Eles atuarão em ações conjuntas e coordenadas com órgãos locais As ações da Força Nacional têm por objetivo coibir as ações de terrorismo e vandalismo que têm ocorrido na capital potiguar, bem como proporcionar à população uma maior sensação de segurança e o restabelecimento da ordem pública”, declarou o ministério.

“Já há uma queda no número de ocorrências, mas o nosso governo permanece atento e com todo o foco para superarmos o mais rápido possível esse momento difícil”, afirmou a governadora Fátima Bezerra (PT) no início da noite da quarta.

Cidades do Rio Grande do Norte estão registrando uma onda de ataques coordenados contra prédios públicos e veículos desde a noite de segunda-feira.

Os casos, que chegaram a cerca de 20 cidades, incluindo a capital, Natal, consistem em incêndios de estruturas de prefeituras e do governo, além de ataques a tiros a bases policiais e sedes do Judiciário.