Economia
Descarbonização

Raízen oferece a sauditas parcerias para produção de biocombustíveis

o vice-presidente da Raízen, Paulo Neves, ofereceu a empresários sauditas parcerias na produção de etanol, biodiesel renovável e biogás.

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05 de março de 2024
Vinicius Palermo
Raízen oferece a sauditas parcerias para produção de biocombustíveis
A Raízen é uma das maiores empresas brasileiras, que atua no setor de combustíveis e energia

De olho no objetivo da Arábia Saudita em transformar sua matriz energética e aumentar a descarbonização de sua economia até 2030, o vice-presidente da Raízen, Paulo Neves, ofereceu a empresários sauditas parcerias na produção de etanol, biodiesel renovável e biogás.

“Já oferecemos soluções para descarbonização da indústria de transporte e de energia em mais de 50 países”, destacou o executivo, em palestra a empresários dos dois países na “Brazil Saudi Arabia Conference”, realizada pelo Lide na sede da Federação das Câmaras de Comércio Saudita, em Riad.

Neves lembrou que o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, mas ainda depende da importação de derivados, chegando a 20% da necessidade anual de diesel. “Isso demonstra a complementaridade entre nossos países. O Brasil e a Arábia Saudita têm muitas oportunidades para explorar o setor de energia no comércio bilateral”, completou.

O ex-presidente da Eletrobras Wilson Ferreira Junior destacou que o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo e tem uma indústria crescente de outros biocombustíveis, como o biodiesel e o Combustível Sustentável de Aviação (SAF).

O executivo também detalhou a capacidade brasileira de produzir hidrogênio verde com o uso de eletricidade proveniente de fontes renováveis. “Atualmente, 86% da capacidade instalada do Brasil para produção de eletricidade é renovável, sendo que as fontes eólica e solar já respondem hoje por 25% da produção nacional. A possibilidade de o Brasil crescer nesta área e oferecer energia para o mundo é enorme”, completou.

O país também pretende crescer na área de aviação. O vice-presidente da divisão de Defesa e Segurança da Embraer para Oriente Médio e Ásia-Pacífico, Caetano Spuldaro Neto, negocia a venda de 33 aeronaves de transporte militar C-390 Millennium com o governo saudita. Segundo ele, a proposta brasileira tem o objetivo de maximizar a presença local da companhia na região.

“Isso pode incluir a abertura de um escritório de engenharia, um centro de finalização de aeronaves, uma linha de produção de equipamentos e centros de treinamento da Embraer na Arábia Saudita. Toda essa proposta de valor está alinhada com a ‘Visão 2030’ de desenvolvimento do governo saudita”, afirmou Spuldaro, em palestra a empresários dos dois países na “Brazil Saudi Arabia Conference”, realizada pelo Lide na sede da Federação das Câmaras de Comércio Saudita, em Riad.

Além da Força Aérea Brasileira, a Embraer já fechou a venda de unidades do C-390 para os governos de Portugal, Hungria, Holanda, Áustria, República Tcheca e Coreia do Sul. O modelo voltado para transporte de cargas e tropas também pode ser usado para combate aéreo ou em missões de evacuação médica, resgate e assistência humanitária. O modelo também é capaz de reabastecer outros aviões e helicópteros em pleno voo. De acordo com a empresa, a aeronave pode ser reconfigurada para os demais usos em apenas três horas.

Segundo Spuldaro, a aquisição da aeronave pela Arábia Saudita pode proporcionar uma economia de US$ 2 bilhões do ponto de vista operacional para o governo do país nos próximos 30 anos. Além da economia com manutenção, a proposta inclui o atendimento de especificidades requeridas pela Força Aérea da Arábia Saudita e uma parceria com a Saudi Arabian Military Industries (Sami).

“Queremos incluir a transferência de tecnologia para, no longo prazo, podermos desenvolver equipamentos e explorar mercados de maneira conjunta. Essa proposta de valor para o governo saudita está disponível para todas as aeronaves produzidas pela Embraer, incluindo os jatos executivos”, acrescentou. “Queremos transformar a Arábia Saudita em um hub da Embraer para a região, incluindo o Oriente Médio e o Norte da África”, completou Spuldaro.

Durante visita ao país, em novembro do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a proposta da Embraer diretamente ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman. “Como a Arábia Saudita tem muito dinheiro e precisa levar muita carga para muitos lugares do mundo, aquele avião é feito exatamente para atender os interesses e o sonho da Arábia Saudita. E eu quero dizer para vocês que eu tenho muito orgulho de estar aqui sendo garoto propaganda da Embraer”, declarou o presidente, na ocasião.

Durante a visita presidencial, a Embraer fechou três acordos na Arábia Saudita, incluindo um memorando de entendimento de cooperação e parcerias com o governo, um memorando de entendimento com a Sami e um memorando de entendimento com a FlyNas, sobre operações de táxi aéreo.

No começo de fevereiro, durante o World Defense Show 2024, a Saudia Technic e a Embraer Serviços & Suporte assinaram um memorando de entendimento para iniciar colaboração em atividades de manutenção e treinamento. Segundo a empresa, o objetivo é aprimorar a cooperação tanto na Aviação Comercial, com foco na família de jatos E2, quanto na Aviação Executiva.