Economia
Ampliação do crédito

Produção industrial recua em seis regiões em janeiro

Houve quedas no Espírito Santo (-6,3%), Pará (-4,9%), Rio Grande do Sul (-3,8%), Goiás (-3,3%), Santa Catarina (-3,1%) e Ceará (-0,2%)

Compartilhe:
14 de março de 2024
Vinicius Palermo
Produção industrial recua em seis regiões em janeiro
A produção industrial operava em janeiro passado em nível superior ao de fevereiro de 2020

A produção industrial recuou em seis dos 15 locais pesquisados em janeiro de 2024 ante dezembro de 2023, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 13.

Em São Paulo, maior parque industrial do País, houve uma expansão de 0,8%. Os demais avanços ocorreram no Amazonas (elevação de 16,7%, após alta de 11,7% no mês anterior), Mato Grosso (4,4%), Região Nordeste (3,2%), Bahia (2,1%), Paraná (1,9%), Minas Gerais (1,0%), Rio de Janeiro (0,8%) e Pernambuco (0,5%).

Houve quedas no Espírito Santo (-6,3%), Pará (-4,9%), Rio Grande do Sul (-3,8%), Goiás (-3,3%), Santa Catarina (-3,1%) e Ceará (-0,2%). Na média global, a indústria nacional encolheu 1,6% em janeiro ante dezembro, segundo o IBGE.

A produção industrial operava em janeiro passado em nível superior ao de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19, em oito dos 15 locais pesquisados. Os parques industriais que superaram o pré-covid foram Mato Grosso (21,4% acima do pré-pandemia), Amazonas (16,4% acima), Goiás (11,8% acima), Minas Gerais (11,3% acima), Rio de Janeiro (10,1% acima), Santa Catarina (1,9% acima), Paraná (1,4% acima) e São Paulo (0,4% acima).

Na média nacional, a indústria brasileira operava em patamar 0,8% abaixo do pré-crise sanitária. Os locais com nível de produção aquém do pré-covid foram Rio Grande do Sul (-6,4%), Pernambuco (-9,6%), Espírito Santo (-10,6%), Ceará (-12,6%), Pará (-15,2%), Nordeste (-19,5%) e Bahia (-22,4%).

A produção industrial cresceu em 16 dos 18 locais pesquisados em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023. “Vale citar que janeiro de 2024 (22 dias) teve o mesmo número de dias úteis do que igual mês do ano anterior (22)”, lembrou o IBGE.

Em São Paulo, maior parque industrial do País, houve uma expansão de 4,6%. As demais altas ocorreram no Rio Grande do Norte (30,6%), Amazonas (11,7%), Goiás (10,2%), Mato Grosso (9,5%), Bahia (8,0%), Rio de Janeiro (7,1%), Santa Catarina (6,3%), Minas Gerais (5,5%), Pará (5,1%), Paraná (3,9%), Ceará (3,6%), Mato Grosso do Sul (3,0%), Espírito Santo (2,4%), Região Nordeste (1,3%) e Pernambuco (1,0%).

Na direção oposta, houve retração no Maranhão (-6,6%) e no Rio Grande do Sul (-4,5%). Na média global, a indústria nacional avançou 3,6% em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023, segundo o IBGE.

Os avanços nas indústrias do Amazonas e São Paulo impediram uma retração maior da produção industrial brasileira na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024. A indústria amazonense se recupera das perdas decorrentes do período de estiagem, enquanto a paulista retorna à trajetória positiva interrompida no mês anterior.

“A queda de 1,6% na indústria nacional foi registrada após cinco meses sem resultados negativos, com ganho acumulado de 2,9%, e representa uma estratégia da própria indústria para equalizar o comportamento de oferta e demanda. É um movimento natural em relação aos meses anteriores que também é observado regionalmente”, justificou Bernardo Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, em nota oficial.

Entre os nove locais que avançaram, a maior expansão e principal influência positiva partiu do crescimento de 16,7% registrado pelo parque industrial do Amazonas, após já ter avançado 11,7% em dezembro. Nos dois últimos meses de recuperação, dezembro e janeiro, a indústria amazonense acumulou uma alta de 30,3%.

“A maior influência para esse resultado veio do setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. Entre setembro e novembro, a seca severa no Estado afetou a logística da indústria local, tanto no que tange ao escoamento da produção quanto ao abastecimento de insumos. Isso gerou custos adicionais, que resultaram na redução do ritmo de produção. A partir de dezembro, houve melhora no cenário”, explicou Almeida.

O segundo maior impacto positivo para a média global da indústria em janeiro ante dezembro foi do avanço de 0,8% na produção fabril de São Paulo.

“Os setores que mais influenciaram essa alta foram o de produtos químicos e o de outros equipamentos de transporte. Com esse resultado, observamos que a indústria paulista está 0,4% acima do seu patamar pré-pandemia”, disse Almeida.

O pesquisador lembra que o avanço em janeiro faz a indústria de São Paulo retomar a trajetória positiva, após a queda de 1,6% registrada em dezembro. “Antes disso, a indústria paulista teve dois meses seguidos de crescimento. A partir desses resultados, é possível observar uma melhora no ritmo de produção local”, completou.

São Paulo responde por cerca de 33% de toda a produção industrial nacional. Em janeiro, a indústria paulista operava 22,1% abaixo do pico de produção registrado em março de 2011.
Além da disseminação maior de resultados positivos entre as regiões pesquisadas em janeiro ante dezembro, a indústria nacional teve melhora na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em janeiro de 2024, a produção nacional cresceu 3,6% ante janeiro de 2023, com expansão em 16 dos 18 locais investigados.

“Nesse cenário, houve corte nos juros, aumentando as linhas de crédito e, consequentemente, a renda disponível e o consumo das famílias, além da melhora no mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego e maior número de contratações. No lado da oferta, a ampliação do crédito permitiu tomadas de decisão mais otimistas dos produtores, resultando no aumento do ritmo da produção”, avaliou Bernardo Almeida.