Economia
Poucas atividades

Produção industrial caiu 1,6% em janeiro

As perdas registradas nas indústrias extrativas (-6,3%) e nos produtos alimentícios (-5,0%) em janeiro ante dezembro explicam o desempenho negativo da produção industrial

Compartilhe:
06 de março de 2024
Vinicius Palermo
Produção industrial caiu 1,6% em janeiro
Em 12 meses, a produção acumula elevação de 0,40%, de acordo com o IBGE.

A produção industrial caiu 1,6% em janeiro deste ano ante dezembro de 2023, na série com ajuste sazonal, divulgou na manhã de quarta-feira, 6, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, a produção acumula elevação de 0,40%, de acordo com o IBGE.

As perdas registradas nas indústrias extrativas (-6,3%) e nos produtos alimentícios (-5,0%) em janeiro ante dezembro explicam o desempenho negativo da produção industrial nacional no período. Porém, houve avanços em 18 dos 25 ramos pesquisados. Apenas seis atividades recuaram.

“As extrativas e os alimentícios vinham de resultados positivos em meses anteriores”, lembrou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

Enquanto as indústrias extrativas vinham de um ganho acumulado de 6,7% nos últimos dois meses de 2023, os produtos alimentícios somavam seis meses de avanços consecutivos, com alta de 11,3% acumulada na produção no período.

“No mês de janeiro, os dois principais produtos das extrativas mostraram perdas: minério de ferro e petróleo”, contou Macedo. No caso de alimentos, a queda foi puxada pela menor produção de açúcar.

Outras contribuições negativas relevantes para a média global da indústria em janeiro ante dezembro partiram dos ramos de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-6,4%) e de produtos têxteis (-4,2%).

Na direção oposta, entre as dezoito atividades em expansão, as altas mais relevantes ocorreram em produtos químicos (7,9%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (13,7%), veículos automotores (4,0%) e máquinas e equipamentos (6,4%).

André Macedo explica que as quatro atividades que registraram retração na produção em janeiro ante dezembro respondem juntas por cerca de um terço de toda a indústria brasileira. O peso das indústrias extrativas é de cerca de 15% na PIM-PF; o de alimentícios, também 15%; o de vestuário, cerca de 1,5%; e de têxteis, 1,5%.

“Extrativas e alimentícios têm quedas muito superiores à média da indústria em janeiro. A gente tem 30% da indústria com essas duas atividades”, reforçou Macedo. “As quatro juntas (incluindo vestuário e têxteis) respondem por cerca de 33%.”

A maior fabricação de derivados do petróleo, produtos das indústrias extrativas e alimentos ajudou a puxar a alta de 3,6% na produção industrial em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023. Foi o sexto mês seguido de crescimento, com a alta mais intensa desde junho de 2021 (12,1%).

Houve expansão em 17 dos 25 ramos industriais investigados em janeiro de 2024 ante janeiro de 2023. O IBGE frisou que janeiro de 2024 teve o mesmo número de dias úteis que igual mês do ano anterior.

As principais influências positivas partiram de derivados do petróleo e biocombustíveis (9,1%), indústrias extrativas (6,5%) e produtos alimentícios (3,8%). Houve contribuições positivas relevantes também de produtos químicos (5,2%), bebidas (10,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (14,1%), produtos de madeira (16,1%), metalurgia (2,9%), outros equipamentos de transporte (6,9%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (6,8%), impressão e reprodução de gravações (14,6%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,1%).

Na direção oposta, entre as oito atividades com redução na produção, a perda de 21,9% verificada em produtos farmoquímicos e farmacêuticos exerceu a maior influência negativa, puxada pela menor produção de medicamentos.

Outros impactos negativos importantes foram os de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-7,9%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,6%).

O índice de difusão, que mostra a proporção de produtos com avanço na produção em relação ao mesmo mês do ano anterior, passou de 44,6% em dezembro para 49,8% em janeiro, o maior da série histórica iniciada em janeiro de 2023, após a última reformulação da pesquisa, que acrescentou mais itens investigados, ressaltou André Macedo.

Ele afirmou que a produção industrial mostrou queda importante em janeiro, mas o recuo do mês pode ser relativizado, tanto por ter sido concentrado em poucas atividades investigadas quanto por ter sucedido um período de ganhos.

Para os próximos meses, o pesquisador crê que a queda na taxa básica de juros, a melhora do mercado de trabalho e o nível de preços mais controlado, especialmente dos alimentos, podem ter um impacto positivo no desempenho do setor industrial.

“Podem trazer reflexos positivos não só para o setor industrial, mas para a economia como um todo, precisamos aguardar para saber”, estimou Macedo.

“Apesar de recuo mais intenso em janeiro, há predomínio de resultados positivos entre atividades industriais”, lembrou Macedo. “Na passagem de dezembro para janeiro, de fato, a indústria tem uma queda importante, mas o recuo desse mês pode, de certa forma, ser relativizado. Há uma disseminação de resultados positivos entre as atividades, e esse recuo de 1,6% não pode estar dissociado dos avanços nos meses anteriores”, completou.

O pesquisador frisa ainda que houve uma predominância de resultados positivos nos últimos meses de 2023, criando uma base de comparação mais elevada especialmente para os setores que recuaram em janeiro. Segundo Macedo, o “saldo ainda é positivo” para a indústria, embora a magnitude da queda acenda um alerta “pela sua sinalização”.

“A gente tem ainda a média móvel trimestral do setor industrial com trajetória positiva”, lembrou o gerente do IBGE. Em janeiro, a média móvel trimestral da indústria teve ligeira alta de 0,2%.