A indústria de veículos começou 2023 melhor do que iniciou 2022, com crescimento de 5% da produção em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. No total, 152,7 mil unidades foram produzidas no mês passado, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Já as vendas, de 142,9 mil veículos no mês passado, subiram 12,9% frente a janeiro de 2022.
Os dados estão no primeiro balanço do ano da Anfavea, a entidade que representa as montadoras, e foram divulgados na terça-feira, 7. No comparativo com dezembro, como costuma acontecer, houve queda de 20,3% da produção e de 34,1% das vendas.
As montadoras esperam acumular uma “gordura” no primeiro trimestre, quando os números são confrontados com uma base de comparação fraca, para chegar ao fim do ano com crescimento de 3% das vendas e de 2,2% da produção.
Há otimismo com a recuperação do fornecimento de componentes eletrônicos, cuja escassez foi responsável por parar linhas de montagem nos últimos dois anos, mas também preocupação com o efeito da alta de juros na demanda.
Exportações de veículos em alta
As exportações, segundo a Anfavea, subiram 19,3% frente a janeiro de 2022. Na comparação com dezembro, a alta foi de 5,9%, com 33 mil veículos embarcados no mês passado. O balanço da Anfavea mostra ainda que 230 vagas de trabalho foram abertas em janeiro nas montadoras, que agora empregam 102,1 mil pessoas.
Um dia após o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pedir para o empresariado cobrar o Banco Central (BC) pelos juros altos do País, a direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, sustentou que o custo dos financiamentos tem tirado consumidores do mercado de carros.
Ao apresentar os resultados do mês passado, que frustraram as montadoras, com sinais de desaceleração da demanda, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse que a crítica de Lula aos juros tem sido “muito oportuna” ao setor automotivo.
“O setor tem demonstrado que precisamos ter condições de venda. Com a taxa de juros de hoje, os consumidores têm saído do mercado. É fundamental trazer esses consumidores de volta para aumentar volumes e empregos”, comentou o dirigente da Anfavea.
Governo alinhado com indústria automotiva
Ao citar, além das declarações de Lula sobre os juros, o compromisso com a reindustrialização e as promessas de aprovação da reforma tributária, Leite disse que as manifestações do novo governo estão alinhadas com a agenda da indústria.
Apesar do crescimento de 12,9% das vendas de veículos novos em janeiro, frente ao mesmo mês de 2022, o presidente da Anfavea salientou que o desempenho se deve à base fraca de comparação, já que um ano atrás o mercado sofria ainda com limitações de oferta, em razão da crise no abastecimento de componentes eletrônicos.
O problema do mercado, segundo a Anfavea, agora está mais na demanda, que começa a dar sinais de perda de fôlego em meio aos juros mais altos, do que nos gargalos de produção nas montadoras
Fevereiro começou com 180,8 mil veículos em estoque nos pátios de montadoras e concessionárias, um volume suficiente para 38 dias de venda.
O dado mostra estabilidade em relação ao quadro de um mês atrás, quando os estoques estavam em 188 mil veículos, cobrindo 39 dias de venda. “O aumento nas vendas de janeiro não se deve à recuperação de demanda, mas à base pressionada do ano anterior por falta de insumo … Gostaríamos que o crescimento tivesse sido maior. Não foi o crescimento desejado”, declarou Leite durante a apresentação à imprensa do primeiro balanço do ano.