Economia
Preços sobem

Problemas climáticos afetam produtos sensíveis ao clima e elevam inflação

O grupo Alimentação e bebidas passou de uma alta de 0,31% em outubro para aumento de 0,63% em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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12 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
Problemas climáticos afetam produtos sensíveis ao clima e elevam inflação
Cebola está entre os alimentos afetados.

Problemas climáticos, como excesso de chuvas e a onda de calor que afetou o País, prejudicaram a colheita nas lavouras, elevando os preços de alguns itens alimentícios em novembro. O avanço no custo da alimentação respondeu por quase metade da inflação de 0,28% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, uma contribuição de 0,13 ponto porcentual.

O grupo Alimentação e bebidas passou de uma alta de 0,31% em outubro para aumento de 0,63% em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alimentação para consumo no domicílio subiu 0,75% em novembro. As famílias pagaram mais no mês pela cebola (26,59%), batata-inglesa (8,83%), arroz (3,63%) e carnes (1,37%).

Segundo André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, os problemas climáticos afetaram os produtos mais sensíveis ao clima, por isso os preços subiram em novembro. No caso das carnes, a pressão no preço ocorre um período prolongado de quedas, além de responder também a um ciclo natural de produção da pecuária.

“A gente observou quedas consecutivas no preço da carne desde o final do ano passado, influenciadas, principalmente, por uma maior disponibilidade de carne no mercado. Então, com aquelas altas no preço da carne em 2022, os produtores passaram a ampliar o número de abates, o que fez com que a gente tivesse agora um menor número de matrizes”, explicou Almeida. “A partir do momento que teve mais abates, aumentou a disponibilidade, fez com que os preços caíssem. Agora a gente tem menos matrizes, menos nascimentos de bezerros, o que acaba resultando numa restrição da oferta.”

Na direção oposta, ficaram mais baratos em novembro o tomate (-6,69%), cenoura (-5,66%) e leite longa vida (-0,58%).

“A temperatura mais alta acelera a maturação do tomate. Os produtores foram obrigados a disponibilizar mais o produto no mercado, tem maior oferta do produto”, justificou Almeida.

A alimentação fora do domicílio aumentou 0,32% em novembro. A refeição fora de casa subiu 0,34%, e o lanche aumentou 0,20%.

Apesar da alta em novembro, o grupo Alimentação e bebidas tem contribuído para reduzir o resultado do IPCA. O grupo acumula um avanço de apenas 0,57% em 12 meses. No ano, de janeiro a novembro de 2023, o grupo Alimentação e bebidas recuou 0,08%.

“Então esse resultado do grupo Alimentação e bebidas tem contribuído para reduzir o resultado do IPCA”, ressaltou Almeida “A gente teve safra recorde de grãos em 2023. A gente teve maior disponibilidade das carnes. A queda nos preços dos grãos contribui para redução no custo de produção de carne, são insumos para ração animal. São fatores que têm contribuído para essa queda no grupo de Alimentação e bebidas”, enumerou.

A alimentação no domicílio acumula redução de 1,83% no ano até novembro. Os preços das carnes acumulam queda de 9,87% de janeiro a novembro de 2023.

Os preços das aves e ovos acumulam recuo de 7,57% no ano, enquanto os óleos e gorduras já caíram 16,41%. Os preços de tubérculos, raízes e legumes diminuíram 11,23% no ano. O feijão-carioca acumula queda de 24,22%.

Já os preços do grupo Transportes subiram 0,27% em novembro, após alta de 0,35% em outubro. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,06 ponto porcentual para o IPCA, que subiu 0,28% no mês passado ante 0,24% em outubro.

Os preços de combustíveis tiveram queda de 1,58% em novembro, após recuo de 1,39% no mês anterior. A gasolina caiu 1,69%, após ter registrado queda de 1,53% em outubro, enquanto o etanol recuou 1,86% nesta leitura, após queda de 0,96% na última.

As famílias brasileiras gastaram 0,48% a mais com habitação em novembro, uma contribuição de 0,07 ponto porcentual para a taxa de 0,28% registrada pelo IPCA no mês. Em outubro, o grupo Habitação havia apresentado variação positiva de 0,02% e gerado contribuição zero para a taxa geral de 0,24% do indicador do IBGE.

A energia elétrica residencial aumentou 1,07% no IPCA de novembro, por conta dos reajustes em quatro áreas: Goiânia, reajuste de 5,91% a partir de 22 de outubro; Brasília, de 9,65% a partir de 22 de outubro; São Paulo, de 6,79% em uma das concessionárias pesquisadas a partir de 23 de outubro; e Porto Alegre, de 1,41% em uma das concessionárias pesquisadas, a partir de 22 de novembro.

A taxa de água e esgoto subiu 1,02% no IPCA de novembro, devido a reajustes de 14,43% em Fortaleza em 29 de outubro e de 10,23% no Rio de Janeiro em 8 de novembro.

O gás encanado aumentou 0,29% no IPCA de novembro, por conta do reajuste médio de 0,98% no Rio de Janeiro em 1º de novembro.