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Avanço salarial

Presidente do BoE afirma que não há necessidade de cortar juros rapidamente em 2024

Segundo ele, o quadro da economia ainda é incerto e existem muitos riscos para pressões inflacionárias, como as tensões geopolíticas globais.

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21 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
Presidente do BoE afirma que não há necessidade de cortar juros rapidamente em 2024
O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey

O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, afirmou na terça-feira, 20, que não há necessidade de cortar juros rapidamente neste ano, apesar de admitir a possibilidade de que redução das taxas ocorra em 2024. “Lentamente e de forma estável ganharemos a batalha contra a inflação”, pontuou.

“O mercado está consolidando cada vez mais a precificação de cortes em 2024, e não acredito que seja uma decisão irracional. Mas não podemos endossar este movimento, uma vez que não sabemos quando ou quanto cortaremos os juros”, observou Bailey, em testemunho no Parlamento do Reino Unido.

Segundo ele, o quadro da economia ainda é incerto e existem muitos riscos para pressões inflacionárias, como as tensões geopolíticas globais. Bailey defendeu que o banco central não deseja provocar uma recessão no Reino Unido, destacando que a atividade teve uma contração “relativamente fraca” em 2023 mesmo em meio ao ciclo de aperto monetário.

“Nosso alvo é baixar a inflação”, reiterou, acrescentando que a estabilidade de preços é essencial para garantir o crescimento saudável da oferta e da produção.

Ele afirmou que, no momento, a questão mais importante para o banco central é por quanto tempo manter o nível restritivo da política monetária. O dirigente argumenta que ainda são necessárias convincentes de redução sustentada da inflação, especialmente no setor de serviços. “Projetamos que inflação voltará à meta de 2%, porém, o desafio será mantê-la neste nível”, ponderou.

Também presente no evento, a dirigente do BOE Megan Greene comentou que o risco de reduzir cedo demais as taxas de juros, arriscando acelerar a inflação novamente, é muito pior do que o risco de esperar para começar a flexibilização monetária.

Bailey disse que o mercado de trabalho britânico segue “muito apertado”. Porém, se por um lado a resiliência do emprego representa riscos de alta para a inflação, por outro suporta uma retomada do crescimento no Reino Unido, ponderou ele.

Em testemunho no Parlamento britânico, Bailey reiterou que o objetivo do banco central não é pressionar a atividade, mas reduzir a inflação e, neste contexto, a resiliência do emprego, junto ao processo de desinflação, é bem-vinda.

A economia está demonstrando “sinais distintos” de aceleração, afirmou Bailey, minimizando riscos de extensão da recessão técnica observada no final de 2023.

Vice-presidente do BoE, Ben Broadbent acrescentou que há muitos indicadores para medir o aperto no mercado de trabalho e afirmou que está monitorando particularmente o avanço salarial e número de vagas abertas.

Sobre os salários, Broadbent disse que está “razoavelmente confiante” de que o avanço vai desacelerar de modo gradual nos próximos meses.

Entre os dirigentes do BoE presentes no Parlamento, Bailey, Broadbent e Megan Greene defenderam que os riscos para a economia britânica estão equilibrados e que é possível discutir a ideia de cortes de juros, embora ainda não seja o momento certo.

Já a dirigente Swati Dhingra alertou sobre o risco de manter juros restritivos por mais tempo que o necessário e prejudicar a atividade, com reflexos sobre o mercado de trabalho.