País
Atitudes isoladas

Presidente de CPMI se reúne com comandante do Exército e fala em ‘preservar instituições’

Após o café da manhã de três horas no Quartel General da força terrestre, Maia blindou a corporação ao dizer que a CPMI precisa preservar as “instituições democráticas”

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23 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Presidente de CPMI se reúne com comandante do Exército e fala em ‘preservar instituições’
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro de 2023 (CPMI - 8 de Janeiro) realiza reunião para ouvir hacker, alvo de investigação que apura a inserção de dados falsos sobre ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As inserções teriam sido feitas em janeiro deste ano, antes dos atos antidemocráticos. Mesa: advogado do depoente, Matheus Moreira; hacker Walter Delgatti Neto; advogado do depoente, Ariovaldo Moreira; presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA); relatora da CPMI do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA); 2° vice-presidente da CPMI do 8 de Janeiro, senador Magno Malta (PL-ES). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Diante das investidas de parte dos membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro para convocar militares, o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), se reuniu na quarta-feira, 22, com o comandante do Exército, general Tomás Paiva, e o ministro da Defesa, José Múcio.

Após o café da manhã de três horas no Quartel General da força terrestre, Maia blindou a corporação ao dizer que a CPMI precisa preservar as “instituições democráticas” e separar atitudes isoladas de “alguns militares” do comportamento de toda a corporação.

“Eu acho que é muito importante que a gente conclua os nossos trabalhos preservando, sobretudo, as instituições brasileiras”, disse Maia. “Mostrando para todo o nosso País que o fato de alguns militares, pessoas físicas, terem eventualmente se envolvido com essas movimentações antidemocráticas que aconteceram e projetaram o 8 de janeiro, isso tem que ser separado, totalmente separado, das Forças Armadas brasileiras”, completou.

Maia disse que foi ele quem ligou para o comandante do Exército com o pedido de que se reunissem para discutir a situação dos militares na CPMI. Fato é que nas últimas semanas a corporação tem se movimentado nos bastidores para evitar desgastes à sua imagem diante das investidas da Polícia Federal (PF) e da CPMI contra oficiais de alta patente suspeitos de terem se envolvido com a organização dos atos golpistas de 8 de Janeiro e com o esquema de desvios de bens do acervo da Presidência para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Eu reputo o Exército brasileiro como uma instituição gloriosa, que tem um significado indispensável não só para o Brasil”, disse Maia. Ele ainda afirmou que o ministro da Defesa é uma pessoa com quem tem se “aconselhado” para conduzir a CPMI de forma “ordeira”.

O presidente da CPMI ainda repetiu o discurso da relatora Eliziane Gama (PSD-MA),  na qual ela afirmou que constará em seu relatório a afirmação de que a tentativa de golpe de Estado no dia 8 de Janeiro fracassou por causa da atuação dos militares. “O papel das Forças Armadas foi fundamental para que preservamos a democracia no nosso país”, disse Maia.

Quando questionado se o café da manhã no Quartel General do Exército serviu para o chefe da corporação fazer pedidos à CPMI, Maia negou que o comandante da força terrestre tenha feito pedidos para que se convoque ou deixe de convocar determinados militares.

A relatora da CPMI quer aprovar a quebra de sigilo bancário do general de quatro estrelas Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid, o que é visto com temeridade pelo Exército. “Em relação aos requerimentos, isso (café da manhã) não muda absolutamente nada”, garantiu Maia.

O presidente da CPMI ainda taxou como um ponto fora da curva as denúncias de policiais militares de que o Exército teria impedido a remoção dos acampamentos golpistas em frente ao Quartel General em Brasília. Maia afirmou que no período da transição de governo havia militares que “queriam manifestar um sentimento contra a democracia”, mas que eram opiniões de “pessoas físicas”, não do Exército.