País
Mudanças climáticas

Prefeitura do Rio anuncia plano de alerta para o verão

Uma das principais preocupações das autoridades municipais é a combinação entre mudanças climáticas e as consequências do fenômeno climático El Niño

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16 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Prefeitura do Rio anuncia plano de alerta para o verão
O prefeito do Rio Eduardo Paes.

A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou, na quinta-feira (16), detalhes no Plano Verão 2023/24, que reúne uma série de medidas para evitar e/ou minimizar efeitos de temporais. Uma das principais preocupações das autoridades municipais é a combinação entre mudanças climáticas e as consequências do fenômeno climático El Niño – aquecimento anormal das águas da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico.

“A gente pode ter extremo de chuva ou extremo de calor na Região Sudeste. É para isso que a cidade do Rio está se preparando, para os extremos”, disse o chefe executivo do Centro de Operações Rio (COR), Marcus Belchior.

O COR é uma ampla sala de controle que monitora o funcionamento da cidade e oferece respostas operacionais para diversas situações, articulando órgãos públicos e privados.

A prefeitura apresentou um levantamento que mostra que a frequência e intensidade de eventos críticos vêm se agravando nas últimas décadas. Apesar de o verão começar em dezembro e terminar em março, o plano municipal de alerta engloba ações que vão de novembro até abril de 2024.

De acordo com a prefeitura, desde 2021 foram investidos R$ 2,1 bilhões em tecnologia, prevenção e resposta a danos causados por tempestades.

Uma novidade em relação a anos anteriores é que os alto-falantes instalados em 103 comunidades – que acionam sirenes quando há situação de risco – também reproduzirão avisos por meio de mensagens gravadas, para melhor orientar os moradores. O prefeito Eduardo Paes fez um apelo para que as pessoas respeitem os alertas sonoros.

“Quando aquela sirene toca, ela serve para alertar a população, não vem de um achismo, são dados objetivos, índices pluviométricos, características daquele solo, daquela área, tempo de chuva… Nós precisamos e queremos salvar vidas da cidade”, disse Paes.

A Defesa Civil treinou quase 800 agentes comunitários nas áreas de risco e fez testes simulados em 85% das comunidades com sirenes.

No conjunto de itens de tecnologia que estarão à disposição da prefeitura para lidar com os eventos extremos figura um radar meteorológico que começará a funcionar em dezembro. Será o segundo da cidade. Uma vantagem é que o novo equipamento não é afetado por áreas de sombra, ou seja, partes que não consegue monitorar.

“O primeiro radar só tem a visão horizontal, não tem a vertical. Com a implantação desse novo radar, a gente consegue ter uma previsão mais no detalhe. Eu tenho capacidade de ver o granizo, tamanho e intensidade da nuvem. Em complementação ao software de monitoramento de raios, nos dá mais assertividade na previsão. É uma evolução tecnológica”, explicou o chefe do COR.

Fazem parte do pacote de reforços tecnológicos 3,5 mil câmeras de monitoramento, contra 2 mil no ano passado. A prefeitura tem ainda uma parceria com a Agência Espacial Americana (Nasa) para modelos de análise de risco de deslizamentos e para previsão de enchentes em curtíssimo prazo.

Participaram da elaboração do plano 30 órgãos municipais. A prefeitura informou ter alcançado em 2023 um recorde de desassoreamento de rios da cidade. Foram retiradas 555 mil toneladas de material dos rios, 10% a mais que no ano passado.

“O número de podas por ano quase que dobrou, passamos de 78 mil para 150 mil. Esse serviço é importante porque, nos dias de fortes chuvas, muitas árvores caem, derrubam postes, fecham o trânsito, dando um trabalho muito grande”, afirmou o presidente da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), Flávio Lopes.

“Nenhum desses investimentos nos traz a imunidade ou a certeza de que não teremos alagamento nas cidades. Teremos alagamento, pedimos atenção das pessoas”, afirmou Paes, que pediu mais conscientização para que as pessoas não joguem lixo nas ruas e nos rios.

A partir de quinta-feira, a prefeitura do Rio alterou a classificação dos estágios operacionais, com o objetivo simplificar o entendimento dos cariocas.

A nova gradação substitui os nomes (normalidade, mobilização, atenção, alerta e crise) por números. Sendo assim, o município passa a ter estágios de 1 até 5, em que o 1 é a cidade operando em condição normal, e o 5 é o cenário mais crítico.

“Parou com aquela história de estágio de alerta, estágio de atenção, que são coisas difíceis de entender, inclusive a diferença”, explicou Paes.

Na semana em que grande parte do Brasil, inclusive o Rio de Janeiro, tem experimentado uma onda de calor, o prefeito comentou sobre os ônibus municipais que ainda circulam sem ar refrigerado. Ele citou que a Justiça autorizou a continuidade de uma política da prefeitura que corta subsídios pagos às concessionárias responsáveis por coletivos que trafegam sem climatização.

“Muito dificilmente algumas empresas desses consórcios vão sobreviver até o fim desse verão se continuarem a desrespeitar a população. Elas vão morrer de calor e de sufoco causados pelo prefeito”, disse Paes.

A reportagem procurou contato com a Rio Ônibus, o sindicato das empresas de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, mas não recebeu resposta até a conclusão da reportagem.

Em todo o país, a Defesa Civil oferece canais de alerta de tempestades. Para receber por SMS, é preciso enviar o CEP para o número 40199. Para receber por WhatsApp, é só enviar uma mensagem para o número (61) 2034-4611.