Embora não tenha registrado mortes e feridos em razão das fortes chuvas do fim de semana de carnaval, que deixaram ao menos 48 mortos no litoral norte paulista, Bertioga registrou ao menos 21 pessoas desabrigadas, além de prejuízos materiais. A cidade, contudo, está colaborando com o município de São Sebastião, o mais afetado pelas tempestades.
“Em Bertioga, não há moradias em áreas de encostas. Não houve vítimas fatais, muito menos feridos. Teve muito prejuízo material, desabastecimento de água, que já foi restabelecido, e grande dificuldade para a desobstrução de vias, para readequar a infraestrutura viária”, afirmou Caio Matheus, prefeito de Bertioga e presidente do Consórcio Circuito Litoral Norte, na quarta-feira, 22, em entrevista à Rádio Eldorado.
Ainda de acordo com ele, apesar das parcerias da Defesa Civil do Estado com os municípios, não há verbas destinadas para a prevenção destes tipos de desastres por parte do governo estadual e federal. “Recursos específicos determinados para este tipo de situação, eu desconheço”, afirmou.
“No entanto, já foram feitas solicitações para o governo anterior e estamos reiterando com o novo governo estadual, até como presidente do Consórcio Circuito Litoral Norte, a necessidade de o novo governo investir em monitoramento de áreas de risco, não somente em rodovias, mas em especial em trechos onde há habitação.”
O prefeito de Bertioga defende ainda um monitoramento com sistemas avançados, a criação de um grupo com profissionais (geólogos e geotécnicos), a atualização de plano de ação e o uso de sirenes.
“Cada cidade também deve realizar uma atualização e enviar para o Estado o número de moradias regulares e irregulares que estão em áreas de risco com grande incidência de deslizamentos. Para que se tenha atualizada esta demanda dos cinco municípios do litoral norte e se crie uma frente de investimento habitacional e social para estas moradias”, disse ele.
Com relação aos desabrigados em razão das chuvas do fim de semana de carnaval, eles foram acolhidos no ginásio municipal da cidade. “Nesta quarta, estamos trabalhando bastante pela distribuição de água potável, mantimentos, kit de higiene e cobertores. Aceitando também doação pelo Fundo Social, que está fazendo este trabalho de controle e de distribuição”, acrescentou o prefeito.
Segundo ele, também está sendo possível ajudar a cidade de São Sebastião, a mais atingida com as chuvas, com dezenas de mortos e desaparecidos. “Enviamos equipes com maquinário pesado para o km 174, onde se tem a previsão daqui para dois dias para fazer a obstrução total da chegada da Barra do Sahy. A costa sul de São Sebastião é a mais afetada. Há ainda muitas pessoas desaparecidas”, disse.
“Estamos sendo muito solidários principalmente com a cidade de São Sebastião, neste que foi o momento de maior precipitação de chuva já registrado na história do País. Bertioga chegou a registrar 700 milímetros de água acumulada, algo surreal e sem precedentes”, acrescentou o prefeito de Bertioga.
Com relação à interdição total na Rodovia Mogi-Bertioga, na qual as obras de reparo terão duração de até ao menos 180 dias e liberação parcial, segundo o governo paulista, prevista para ocorrer em dois meses, Matheus afirma que uma alternativa de acesso é pelo Sistema Anchieta-Imigrantes.
“Temos uma alternativa que é pelo sistema Anchieta-Imigrantes, mas para grande parte dos turistas e serviços que descem do Alto Tietê, Suzano, Mogi e região norte de São Paulo, é muito mais perto descer pela Mogi-Bertioga. Então, será um caminho mais longo, agora, até a desobstrução total da Rodovia Mogi-Bertioga”, disse o prefeito.
Segundo ele, a situação é péssima para a economia local. “Também para a descida mais rápida de produtos e de serviços, principalmente para auxílio às pessoas desalojadas na região de São Sebastião e Ubatuba. A Rodovia Rio-Santos ainda registra muitos pontos (de bloqueio), onde tiveram deslizamentos.
Com a interrupção da passagem pela Rodovia Mogi-Bertioga, o prefeito da cidade litorânea afirma ainda que teme pelo aumento de preço de algumas mercadorias vendidas para a população. “Embora, a gente tenha como alternativa o Sistema Anchieta-Imigrantes, a gente se preocupa com um possível aumento no preço dos produtos. A questão de fornecimento de itens de feiras e de hortifruti, por exemplo, fica bem prejudicada, até porque justamente esta área rural de Mogi, que faz o escoamento para Baixada Santista e início do litoral norte, Bertioga é a primeira cidade do início do litoral norte, foi afetada”, afirmou Matheus.
Ainda com relação à economia da região, foi anunciado pelo secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Roberto de Lucena, a abertura de crédito para facilitar a retomada de comércios da área de turismo da Baixada Santista e do litoral norte. “No entanto, ainda é necessário, e eu falo, em especial pela cidade de São Sebastião e Ubatuba, que, apesar dos esforços das autoridades, seja feita a abertura de mais créditos para essas duas cidades poderem se recompor pelo estrago que foi feito. É necessária parceria do governo do Estado e do governo federal para encaminhar recursos o mais rápido possível para que as pessoas possam retomar suas vidas”, afirmou ele.
Conforme o governo de São Paulo, a subida da serra pode ser feita pelo Sistema Anchieta-Imigrantes ou Rodovia dos Tamoios, a depender do ponto na Rio-Santos onde o motorista se encontra.
“Caso esteja na altura da Praia de Juquehy (km 176), no sentido de Bertioga, a rota é somente pelo Sistema Anchieta-Imigrantes. Para o motorista que estiver do outro lado da interrupção total da Rio-Santos, no km 174, a rota é somente a Rodovia dos Tamoios”, disse o governo, em nota.