Economia
70 anos

Prates diz que empresa retoma seu papel

Prates ressaltou que começou a carreira como estagiário da área internacional da Petrobras, a Braspetro, partindo posteriormente para a iniciativa privada.

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03 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Prates diz que empresa retoma seu papel
Prates reforçou que a Petrobras vai continuar procurando e produzindo petróleo.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse na terça-feira, 3, durante as comemorações dos 70 anos da estatal, que os desafios que a empresa está enfrentando agora, com a transição energética, são tão grandes como quando começou a buscar petróleo no País, em 1953. De acordo com Prates, após anos de tentativas de esvaziamento da empresa, a Petrobras está retomando o seu papel de impulsionar o desenvolvimento do País.

“Acreditamos no potencial dessa companhia para impulsionar o Brasil. Enxergamos o desafio da redução de emissões como mais uma vez sermos pioneiros dessa indústria nacional”, disse ele, durante discurso em comemoração ao aniversário da estatal, referindo-se aos investimentos em energia renovável indicados pela companhia de forma inédita este ano.

Ele reforçou que a Petrobras vai continuar procurando e produzindo petróleo, mas que vai investir em energia eólica offshore, hidrogênio verde, armazenagem etc.  “Vamos fazer tudo isso mantendo nosso DNA “, disse o executivo.

Prates ressaltou que começou a carreira como estagiário da área internacional da Petrobras, a Braspetro, partindo posteriormente para a iniciativa privada.

O presidente do Conselho de Administração da Petrobras e secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de MInas e Energia, Pietro Mendes, aproveitou a comemoração dos 70 anos da companhia para dizer que a estatal tem todas as condições de explorar a Margem Equatorial brasileira, para garantir a reposição e o aumento das suas reservas de petróleo, “que ainda tem muitos anos de vida de uso”

Ele representou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, no evento. Segundo Mendes, a Petrobras após quatro anos sendo reduzida, será fortalecida diversificando as áreas onde atua, como fertilizantes, petroquímica e energia renovável.

“Vamos promover uma transição energética justa e inclusiva”, disse Mendes, durante a celebração do aniversário da empresa, realizada no Centro de Pesquisas (Cenpes) da companhia, no Rio de Janeiro.

O presidente da Petrobras disse ainda que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nunca prometeu que os preços dos combustíveis não subiriam mais e que o País deixaria de lado referências internacionais ao “abrasileirar” as tarifas, termo cunhado por Lula.

“O presidente Lula jamais prometeu que o preço nunca mais subiria, como se dissesse: ‘Vou me eleger e nunca mais vou subir o preço do combustível'”, afirmou. “Também não houve desgarramento dos preços internacionais. O presidente nunca disse que nós vamos descolar completamente da referência internacional”, emendou o presidente da estatal. “Isso seria uma temeridade, porque nós não só importamos ainda parte dos produtos, como estamos inseridos na comunidade internacional.”

Prates reiterou que a estatal tem total independência na definição dos preços dos combustíveis. “O governo não manda a gente subir, nem descer, nem segurar, nada disso”, afirmou.

O presidente da petroleira também voltou a criticar a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada na gestão de Pedro Parente, em 2017, e classificada por Prates como “nefasta”. O tema também é alvo de críticas do presidente Lula e de outros membros do governo desde a campanha eleitoral.

“Aquilo era irreal, era aplicar o preço do pior concorrente do mercado e garantir a ele suas ineficiências. Ali a Petrobras perdeu market share, ali a Petrobras não reagiu àquela imposição, que era um absurdo”, defendeu Prates.

O presidente da Petrobras afirmou concordar com o entendimento do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a necessidade de recompra de refinarias. O executivo mencionou haver uma análise em curso para a recuperação da capacidade de refino da estatal, sem dar detalhes sobre o tema.

“Eu concordo politicamente com as falas do ministro de Minas e Energia sobre recomprar refinarias. A análise está em curso, mas não podemos falar publicamente”, afirmou.

Questionado sobre a estatal estar realizando práticas predatórias de mercado, vendendo petróleo com preços diferentes entre as refinarias próprias e unidades privadas, o executivo acrescentou que a Petrobras tem o direito de fazer a integração vertical de seus negócios.

Prates acrescentou ainda que estuda, dentro do mercado de refino, a expansão da capacidade de produção de biocombustíveis, destacando o plano de investimentos realizado pela Acelen, empresa criada pelo Mubadala Capital.

“Uma parceria com a refinaria da Bahia (Acelen) nos parece uma aproximação válida. Temos um projeto grande sobre biocombustíveis, onde a Petrobras tem terras na região”, afirmou Prates.

Ele afirmou ainda que a estatal tem interesse em manter a sua posição acionária na Braskem. De acordo com o executivo, a expectativa é que ocorra uma definição em relação à venda da petroquímica até, no máximo, janeiro.

Questionado sobre a possibilidade da petroleira dos Emirados Árabes Unidos Adnoc comprar a Braskem, o executivo afirmou haver uma tendência global de empresas de exploração e produção em comprar companhias do setor petroquímico.

“A Adnoc é uma empresa integrada. Ela é petroleira e também petroquímica. A tendência global está no sentido desses negócios se reacoplarem”, afirmou.

O presidente da Petrobras reconheceu a China como um importante parceiro para a transição energética. O executivo destacou sinergias que podem ser aproveitadas entre a estatal e empresas chinesas na área petroquímica, química e de desenvolvimento de novas rotas tecnológicas para a descarbonização.

“Os chineses podem participar dos futuros projetos de descarbonização. Tivemos três acordos assinados com os três principais bancos da China”, afirmou Prates.

Segundo o executivo, existem parceiras chinesas importantes da Petrobras que podem atuar no mercado petroquímico. Na área da indústria química, Prates avaliou sinergias em potencial entre empresas chinesas e a Petrobras para impulsionar a produção de combustíveis por meio do coprocessamento, que aproveita fontes renováveis em conjunto com produtos de origem fóssil.

O presidente da Petrobras acrescentou ainda a possibilidade de parcerias para a entrada de empresas chinesas, com direito a participação nos projetos, para a frente de eólicas offshore.

Além disso, o executivo acrescentou o plano para integrar a produção de energia a partir dos ventos para a fabricação de hidrogênio verde. “Tem fabricantes de eletrolisadores chineses fundamentais para desenvolver projetos na área do hidrogênio verde.”