Economia
Paridade de importação

Prates disse que sua gestão promoveu períodos de estabilidade de preços

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates afirmou que, no início de seu mandato na empresa, a mudança sem impacto na receita era visto como “impossível”, mas foi feita.

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24 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Prates disse que sua gestão promoveu períodos de estabilidade de preços
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse na sexta-feira, 24, que um dos méritos de sua gestão até aqui foi o fim da política de preços de combustíveis baseado no preço de paridade de importação (PPI), sem perda de lucratividade. Prates afirmou que, no início de seu mandato na empresa, a mudança sem impacto na receita era visto como “impossível”, mas foi feita.

O PPI vigorou na companhia de 2016, quando foi introduzido na gestão de Pedro Parente, até o primeiro trimestre de 2023, quando Prates substituiu o mecanismo por uma banda de preços de referência, com limite mínimo no custo de produção da estatal e teto no preço da concorrência.

“Conseguimos em 10 meses promover períodos de estabilidade de preços até então inéditos. A Petrobras estava perdendo market share nos combustíveis”, disse Prates, em alusão aos preços mais altos que vinham sendo praticados até março de 2023 devido à ancoragem ao PPI.

Ele falou a jornalistas em coletiva de imprensa em hotel da zona sul do Rio de Janeiro sobre o Plano Estratégico da Petrobras até 2028.

Prates também disse que sua gestão reviu o portfólio da companhia para voltar a ser uma empresa integrada dentro do setor de óleo e gás, mas também de energia. Na prática, ele assinala a guinada na estratégia da empresa em 2023, revertendo o foco anterior, que era enxugar para focar em exploração e produção (E&P).

“Hoje falamos de igual para igual com qualquer CEO de empresa privada. Todos estão conectados com a Petrobras como empresa global que ela deve ser”, disse ao mencionar outras petroleiras e empresas do setor de energia, nomeadamente BP e Adnoc.

Sobre refinarias, Prates foi enfático ao dizer que a estatal não vai mais vender unidades, mas sim investir para ampliá-las. “Não vamos mais vender refinarias, pelo contrário, vamos investir nelas para que se transformem em um parque industrial, cada uma delas. Teremos um parque industrial em cada refinaria e a produção será ampliada”, disse.

De fato, de 2022 para 2023, a Petrobras levou consideravelmente o fator de utilização de suas refinarias, que fechou o terceiro trimestre em 95,8%, quase dez pontos porcentuais acima do verificado há um ano atrás. Esse aumento da utilização permitiu aumento de produção e redução na queda da receita, influenciada pela queda no preço do petróleo e derivados no mercado internacional, mas, também, pela mudança na política de preços.

Sobre o Plano Estratégico 2024-2028, que trouxe sinalização de investimentos na ordem de US$ 102 bilhões nos próximos cinco anos, Prates fez comentários genéricos.

“Petrobras está apresentando plano robusto que levou meses sendo discutido. É um plano de revigoramento, revitalização da Petrobras, de longo prazo, e não imediatista como o plano anterior. São US$ 102 bilhões em investimentos, o terceiro maior (plano) da história da empresa e, hoje, o maior do Brasil”, disse o presidente da Petrobras.

Sobre o investimento em energias renováveis e iniciativas de descarbonização, Prates disse que, além de energia eólica e solar, a companhia está de olho em novos negócios, como captura de carbono; hidrogênio e produtos associados, como a amônia verde; metanol verde; e biorrefino.

O presidente da Petrobras voltou que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha feito qualquer pedido de reduzir os preços dos combustíveis vendidos nas refinarias da companhia. “Jamais o presidente Lula me pediu para baixar ou aumentar o preço de combustíveis. Volta e meia ele (Lula) me liga para saber como está o mercado de petróleo, mas pedir para baixar preço, nunca”, disse, ao ser questionado a respeito.

Nas últimas semanas, o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, vem pressionando publicamente a Petrobras a baixar os preços em função da recente trajetória de baixa dos preços do petróleo no mercado internacional. Prates acrescentou, ainda, que Lula sabe que qualquer pedido nessa linha fere a governança da companhia.

O presidente da Petrobras disse ainda que vai anunciar um mapeamento da capacidade de produção dos estaleiros brasileiros na volta da COP-28. No novo Plano Estratégico até 2028, a Petrobras informou que, “para remoção de gargalos logísticos”, serão investidos US$ 2,1 bilhões.

Nesses recursos entram investimento em terminais, ampliação de modais e construção de quatro navios classe “handy”, de cabotagem de produtos, a serem operados pela Transpetro.

A Transpetro já chegou a informar sobre a necessidade de 25 navios para a Petrobras nos próximos anos. Segundo Prates, o número de embarcações a serem construídas será revisado para cima ano a ano no quinquênio.

“Os três estaleiros que estão com nossas encomendas estão lotados. A gente precisa parear as nossas ações com o conteúdo local e com as políticas públicas”, disse o presidente da empresa.

Sobre conteúdo local, ele sugeriu que não adianta a Petrobras tomar decisões isoladas, porque não vão à frente se não houver capacidade de produção e disposição do ecossistema industrial em se adequar.

Ainda sobre fabricação de navios, o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, disse que a empresa planeja entregar aos estaleiros encomendas que eles possam ser cumpridas.

Já o diretor de comercialização e logística, Claudio Schlosser, disse enxergar vantagem “muito importante” no desenvolvimento de frota própria pela Petrobras.