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Expansão moderada

Powell diz que quase todos os dirigentes consideram apropriado elevar mais os juros

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reafirmou que a instituição está “fortemente comprometida” em levar a inflação de volta à meta de 2%.

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22 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Powell diz que quase todos os dirigentes consideram apropriado elevar mais os juros
Powell disse que a inflação "continua bem acima de nossa meta de longo prazo de 2%".

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, reafirmou que a instituição está “fortemente comprometida” em levar a inflação de volta à meta de 2%. Em discurso divulgado na quarta-feira, 21, e que será lido por ele mais tarde no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes, a autoridade argumentou que, sem a estabilidade de preços, a economia “não funciona para ninguém” e, especificamente, não se alcança um período sustentado de condições fortes no mercado de trabalho que beneficiem a todos. Nesse contexto, ele lembrou que “quase todos os dirigentes” do Fed “esperam que será apropriado elevar as taxas de juros um pouco mais até o fim do ano”.

Powell disse que a inflação “continua bem acima de nossa meta de longo prazo de 2%”. Ele afirmou que a inflação “desacelerou um pouco desde meados do ano passado”, mas acrescentou que as pressões inflacionárias “continuam elevadas”, e que o processo de levar a inflação de volta à meta “tem um longo caminho pela frente”.

Ainda segundo o presidente do Fed, a inflação “segue bem acima” da meta, enquanto o mercado de trabalho “continua apertado”. A autoridade comentou que levará tempo, porém, para todos os efeitos do aperto monetário serem sentidos, “especialmente sobre a inflação”.

Powell reafirmou o compromisso de levar a inflação à meta e disse que isso deve exigir um crescimento “abaixo da tendência” por um período, bem como “algum relaxamento das condições do mercado de trabalho”. Enquanto isso, a atividade econômica “tem continuado a se expandir em ritmo moderado”. O consumo ainda mostra fôlego neste ano, mas o setor imobiliário “permanece fraco”, em grande medida refletindo juros hipotecários mais elevados. As taxas de juros mais altas e o menor crescimento parecem também pesar sobre os investimentos fixos das empresas, apontou.

O presidente do Fed também afirmou que o setor bancário dos EUA “está sólido e resiliente”. Quebras recentes de alguns bancos médios, como a do Silicon Valley Bank (SVB), e o estresse decorrente ilustraram a importância de “garantir que tenhamos regras apropriadas e práticas de supervisão para bancos deste tamanho”. Ele se disse comprometido em lidar com essas vulnerabilidades para tornar o sistema bancário “mais forte e mais resiliente”.

Powell defendeu a estratégia da instituição de reduzir o ritmo do aperto monetário, conforme ele se aproxima do fim de seu ciclo de aperto. Ao falar a congressistas no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes, para apresentar o relatório de política monetária semestral do BC dos EUA, ele argumentou que o nível dos juros é uma questão separada da velocidade das decisões do Fed.

Powell comparou que, como um carro que se aproxima de seu destino, é natural reduzir a velocidade das altas de juros. Ao mesmo tempo, reafirmou que o Fed está concentrado nos indicadores e no quadro geral, para suas próximas decisões.

O presidente do Fed reafirmou que a inflação “está muito longe da meta” e que o BC está concentrado em fazer com que ela retorne aos 2%.

Powell refutou a ideia de que a autoridade monetária pretender alterar a meta de inflação nos Estados Unidos como resultado da guerra na Ucrânia, que agravou desequilíbrios na cadeia produtiva global.

Na audiência na Câmara dos Representantes norte-americana, ele reforçou que a inflação permanece muito acima do objetivo. “2% é nossa meta e permanecerá nossa meta. É uma meta de longo prazo”, explicou.

Powell afirmou ainda que, apesar da perda de fôlego recente, as vagas disponíveis na economia dos Estados Unidos ainda apontam para um mercado de trabalho “muito apertado”. Ele disse que sua expectativa é que ocorra “alguma perda de fôlego”, no momento em que o Fed mantém postura dura na política monetária para conter a inflação.

O líder do Fed assegurou que o país voltará a ter inflação na meta de 2% adiante, sem citar datas. Além disso, disse avaliar que a oferta e a demanda no setor imobiliário no país devem ficar mais alinhadas adiante. Nesse quadro, a inflação no setor imobiliário deve ter queda “significativa” neste ano e no próximo, previu.

Em outro momento da audiência, ele disse que o Fed não tem qualquer nível para o dólar como meta, mas enfatizou a importância de que a moeda seja a referência de valor global, o que para ele deve continuar a ocorrer.