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Powell admite que inflação não é mais o único risco

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reiterou que não será apropriado reduzir juros nos EUA até que o banco central tenha confiança no progresso da desinflação.

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10 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Powell admite que inflação não é mais o único risco
O presidente do FED, Jerome Powell, em pronunciamento.

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reiterou que não será apropriado reduzir juros nos EUA até que o banco central tenha confiança no progresso da desinflação. Por outro lado, Powell destacou que a inflação “não é mais o único risco” enfrentado pelo BC americano, considerando a desaceleração significativa dos preços e do mercado de trabalho desde o início do aperto monetário.

“Os dados de inflação no primeiro trimestre de 2024 não nos deram confiança no progresso rumo à meta. Contudo, dados recentes mostram progresso modesto e expectativas ancoradas”, apontou o presidente do Fed, em discurso preparado para testemunho no Senado dos EUA. “Mais dados bons podem fortalecer nossa confiança em queda sustentada da inflação.”

Powell reforçou que, para lidar com os riscos dos dois lados do mandato, as decisões serão tomadas a cada reunião, para permitir que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla) analise dados e perspectivas para a economia antes de decidir o “caminho apropriado para política monetária”. Ele lembrou que reduzir os juros cedo demais pode reverter o progresso da desinflação, ao mesmo tempo em que reduzi-los tarde demais pode enfraquecer a economia e o emprego.

O presidente do Fed afirmou que o mercado de trabalho americano parece ter retornado ao nível pré-pandemia “forte, sem aperto exagerado”. Em testemunho no Senado dos EUA, a autoridade monetária comentou sobre o quadro macroeconômico americano no primeiro semestre de 2024.

Particularmente sobre o mercado de trabalho, Powell citou os dados da leitura mais recente do payroll, o principal relatório de empregos dos EUA. De acordo com ele, há “clara desaceleração significativa” do emprego, com vários subíndices de volta aos níveis de 2019, e equilíbrio entre oferta e demanda. “Mas apesar desse arrefecimento, o mercado de trabalho continua forte e temos consciência de que precisamos protegê-lo”, disse, ao ser questionado pelos senadores.

Powell reforçou que o Fed está atento aos riscos dos dois lados do mandato e que os juros restritivos continuam necessários para baixar a inflação e garantir a estabilidade de preços no longo prazo. “Estamos comprometidos em cumprir nosso objetivo de retornar inflação à 2%”, afirmou o presidente, observando que os preços seguem acima dessa meta nos EUA.

Sobre a economia, Powell apontou que a atividade continua a expandir em ritmo sólido, junto a um desempenho ainda robusto de gastos com consumo e demanda doméstica privada. No entanto, ele nota que houve moderação no crescimento econômico e que os gastos com consumo têm aumentado em ritmo mais lento.