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Powell admite que corte de juros em março não é o mais provável

O Fed avisou que só cortará a taxa básica quando estiver confiante de que a inflação caminha de forma sustentada para a meta de 2% ao ano.

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05 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
Powell admite que corte de juros em março não é o mais provável
Powell

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, voltou a reiterar que um corte na taxa de juros dos Estados Unidos em março “não é o mais provável”. Na semana passada, o Fed manteve os juros entre 5,25% e 5,50% ao ano e avisou que só cortará a taxa básica quando estiver confiante de que a inflação caminha de forma sustentada para a meta de 2% ao ano.
“Não é provável que esta comissão (Fomc) atinja o nível de confiança a tempo da reunião de março, que será daqui a sete semanas. Esse não é o mais provável”, disse Powell.

Segundo Powell, a maioria dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acredita ser apropriado o início do afrouxamento da política monetária com corte nas taxas de juros ainda neste ano.

“É certamente o cenário base. Estamos apenas tentando escolher o momento certo, dado o contexto geral”, afirmou o presidente do BC norte-americano, acrescentando que o Fed está avaliando o momento para redução da política restritiva com “cuidado”. “É uma decisão muito importante”, pontuou.

Questionado sobre a surpresa do mercado financeiro com a manutenção da taxa de juros, Powell afirmou que acompanha o mercado, mas que o objetivo do Fed é cumprir a atribuição dada pelo Congresso de máximo emprego e estabilidade de preços.

“A situação geral, que vemos agora, é de um forte crescimento econômico. Temos um mercado de trabalho saudável, com desemprego historicamente baixo, e temos uma inflação em queda. Há todos os motivos para pensar que irá continuar melhorando desde que não haja eventos em todo o mundo que perturbem isso”, avaliou Powell

O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou na segunda-feira, 5, que nota “progresso significativo” na luta contra a inflação nos Estados Unidos. Em artigo publicado no site da distrital, Kashkari argumentou também que o quadro na economia dos EUA dá tempo aos dirigentes para avaliar os próximos dados, antes de determinar o momento de começar a cortar os juros.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária em 2024, Kashkari diz que, desde setembro, a inflação “tem caído muito mais rápido que a maioria das previsões esperavam”, enquanto o crescimento “tem se mostrado notavelmente resiliente, inclusive acelerando no segundo semestre de 2023”.

Kashkari considera que o núcleo da inflação “está fazendo rápido progresso para retornar à nossa meta”, em quadro de Produto Interno Bruto (PIB) ainda forte. O mercado de trabalho “tem continuado também forte”.

Segundo ele, mesmo com a política monetária apertada, aparentemente avanços do lado da oferta têm apoiado a produção e levando a um equilíbrio maior entre oferta e demanda, o que reduz a inflação.
A política monetária, além disso, tem tido um papel muito importante para manter as expectativas de inflação ancoradas, comentou o dirigente.

Sobre o quadro geral, considerou que “os dados não são totalmente positivos, e há alguns sinais de fraqueza econômica que eu levo a sério”. Ele mencionou a inadimplência em alta “a partir de níveis muito baixos” em empréstimos para a compra de veículos e também em cartões de crédito, bem como a “continuada fraqueza no setor imobiliário comercial.

Segundo Kashkari, é possível que, ao menos durante a recuperação pós-pandemia, a postura na política monetária que representa o nível neutro tenha sido elevada.

A implicação disso, para ele, é que o Fed tem tempo para avaliar os próximos dados, antes de começar a cortar os juros, “com um risco menor de que uma política muito apertada possa fazer a recuperação econômica desandar”.