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Desastre ecológico

Pnud apoia operação para remover superpetroleiro precário no Iêmen até maio

O Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, anunciou detalhes do que chamou de “projeto de alto risco” para resolver o problema.

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11 de março de 2023
Vinicius Palermo
Pnud apoia operação para remover superpetroleiro precário no Iêmen até maio
O administrador do Pnud, Achim Steiner, disse que a compra da embarcação substituta marca o início da fase operacional do plano coordenado para remover o petróleo do FSO Safer

As Nações Unidas anunciaram um acordo para a compra de uma embarcação para retirar mais de 1 milhão de barris de petróleo do superpetroleiro FS Safer. A meta é evitar um desastre ecológico e humanitário com o derramamento da embarcação em estado precário por vários anos na região do Mar Vermelho.

O Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, anunciou detalhes do que chamou de “projeto de alto risco” para resolver o problema. Cerca de US$ 144 milhões são necessários para resgatar o FSO Safer.

O superpetroleiro, ancorado na costa oeste do Iêmen há mais de três décadas, permanece sem manutenção desde o início da guerra iemenita em 2015. O conflito envolve as forças do governo, apoiadas por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes houthis.

A situação do navio é considerada uma “bomba-relógio” pelo potencial de derramamento, divisão ou ainda explosão com impactos de longo alcance.

Na parceria com a companhia de navegação internacional Euronav, a agência da ONU pretende comprar uma embarcação substituta para remover o petróleo a bordo do navio-tanque.

O administrador do Pnud, Achim Steiner, disse que a compra da embarcação substituta marca o início da fase operacional do plano coordenado para remover o petróleo do FSO Safer com segurança e evitar o risco de um desastre ambiental e humanitário em grande escala.  Ele destacou tratar-se de uma operação muito desafiadora e complexa.

A embarcação de substituição, tecnicamente conhecida como Very Large Crude Carrier, está agora em doca seca para modificações e manutenção regular antes de navegar para o FSO Safer. A distância por percorrer é de cerca de 9km, desde a Península de Ras Isa, no Iêmen. A previsão é que chegue no início de maio.

O Pnud atua em parceria com a empresa de salvamento marítimo Smit para remover o petróleo com segurança e preparar o FSO Safer para ser rebocado para um local de salvamento “mais ecológico”.

Há vários anos, a ONU tem alertado sobre o perigo que o superpetroleiro representa, já que a quantidade do petróleo a bordo é quatro vezes superior ao total transportado pelo Exxon Valdez, que causou um dos maiores desastres ambientais da história dos Estados Unidos.

O Iêmen enfrenta um dos principais desastres humanitários do mundo, com mais de 20 milhões de pessoas dependentes de ajuda para sobreviver. Com um grande derramamento, as comunidades pesqueiras na costa do Mar Vermelho seriam expostas a toxinas com risco de vida e milhões sofreriam com o ar poluído.

Os portos de Hudaydah e Saleef são essenciais para a chegada de alimentos, combustível e suprimentos essenciais. Na hipótese de um desastre, os locais fechariam, ao mesmo tempo que usinas de dessalinização que garantem água para milhões de habitantes.

O petróleo pode atingir a costa africana e afetar qualquer país do Mar Vermelho, com consequências desastrosas para recifes de corais, manguezais e vida marinha.

O custo da limpeza é estimado em US$ 20 bilhões. Mas os prejuízos adicionais de bilhões podem surgir no comércio global devido a interrupções no transporte marítimo pelo estreito de Bab al-Mandab até o Canal de Suez.

A situação econômica pode ser similar àquela causada pelo bloqueio do navio porta-contêineres Ever Given, em 2021.

O plano do Pnud é remover o petróleo do FSO Safer para depois fazer a instalação de um sistema de atrelamento para que a embarcação substituta possa permanecer no local.

Embora o projeto de remoção do petróleo tenha atraído apoio internacional significativo, a alta dos custos, principalmente por causa da guerra na Ucrânia, impactou os preços no mercado de embarcações.

A ONU precisa de mais fundos para concluir a fase de emergência do plano, que está avaliada em US$ 129 milhões. A ONU tem garantidos US$ 95 milhões e recebeu US$ 75 milhões.