Economia
Comparação

PIB do 4º trimestre apresenta segundo trimestre consecutivo de estagnação

O PIB do terceiro trimestre ante o segundo trimestre de 2023 saiu de uma ligeira alta de 0,1% para uma estabilidade (0,0%).

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02 de março de 2024
Vinicius Palermo
PIB do 4º trimestre apresenta segundo trimestre consecutivo de estagnação
O recuo de 0,2% no consumo das famílias no quaro trimestre de 2023 ante o terceiro trimestre de 2023 foi o primeiro resultado negativo após uma sequência de nove trimestres consecutivos de avanços.

A estabilidade vista no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre de 2023 configurou dois trimestres seguidos de estagnação, segundo os dados das Contas Nacionais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira. Após uma revisão dos números divulgados anteriormente, o PIB do terceiro trimestre ante o segundo trimestre de 2023 saiu de uma ligeira alta de 0,1% para uma estabilidade (0,0%).

Questionada sobre a possibilidade de recessão técnica, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, os números do PIB são analisados junto a um conjunto de outras informações sobre a atividade econômica para a datação de ciclos econômicos, numa metodologia de análise que não é adotada nem divulgada pelo IBGE. Ainda assim, ela refutou essa possibilidade de recessão, garantindo que o PIB está estável, situado ainda no maior patamar da série histórica.

“O PIB ficou estável”, afirmou Palis. “Para se considerar recessão tem que se olhar várias outras coisas”, refutou. Segundo a pesquisadora, a estabilidade no PIB nos dois últimos trimestres tem relação com o desempenho positivo da agropecuária concentrado no início do ano.

“A agropecuária até tinha caído (no quarto trimestre), mas outras aumentaram para contrabalançar isso e ficar em 0%”, acrescentou.

Segundo ela, houve efeito da base de comparação elevada proporcionada pelo salto extraordinário do PIB agropecuário no primeiro trimestre de 2023, que avançou 20,9% ante o trimestre imediatamente anterior. Por conta dessa base elevada, a alta no PIB Agropecuário foi sucedida por quedas no segundo trimestre (-6,4%), no terceiro trimestre (-5,6%) e no quarto trimestre (-5,3%). “A agropecuária teve crescimento recorde em 2023”, lembrou Palis

O recuo de 0,2% no consumo das famílias no quaro trimestre de 2023 ante o terceiro trimestre de 2023 foi o primeiro resultado negativo após uma sequência de nove trimestres consecutivos de avanços. O resultado, porém, foi considerado uma estabilidade, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Consideramos estabilidade”, afirmou Palis. “O consumo das famílias cresceu na comparação interanual.”
Segundo a coordenadora do IBGE, embora a massa de salários em circulação na economia venha crescendo, a renda pode ser direcionada para outras finalidades que não o consumo.

“A massa salarial pode ser usada para poupar, para quitar dívida Então pode usar a massa para outras questões que não o consumo”, lembrou Palis.

Enquanto o Consumo do governo renovou patamar recorde no quarto trimestre de 2023, o consumo das famílias ficou ligeiramente abaixo do pico alcançado no terceiro trimestre de 2023.

No ano de 2023 em relação a 2022, o consumo das famílias avançou 3,1%. O avanço foi impulsionado pela melhora no mercado de trabalho, alta na massa salarial, programas de governo de transferências de renda e arrefecimento do patamar de inflação no País.

“Apesar do programa de governo para melhorar isso, a gente ainda tem um elevado grau de endividamento das famílias”, ponderou Palis.

A taxa de investimento de 16,5% em 2023 foi a mais baixa para um fechamento de ano desde 2019, quando foi de 15,5%. “Tivemos recuo importante na taxa de investimento porque houve recuo na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)”, disse a coordenadora.

Já a taxa de poupança, que ficou em 15,4% em 2023, foi a menor desde 2020, quando registrou 14,8%.
“Houve recuo na taxa de poupança porque teve um consumo das famílias crescendo mais do que o PIB no ano passado”, disse Palis.