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PF realiza operação de busca e apreensão contra ex-diretores da Americanas

Em nota, a Polícia Federal informa que no decorrer da operação, cerca de 80 policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão

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28 de junho de 2024
Vinicius Palermo
PF realiza operação de busca e apreensão contra ex-diretores da Americanas
O ex-diretor da Americanas José Timotheo Barros

A Polícia Federal (PF), em colaboração com o Ministério Público Federal (MPF), iniciou na quinta-feira, 27, a Operação Disclosure, contra ex-executivos da Americanas, incluindo o ex-CEO Miguel Gutierrez.
Em nota, a Polícia Federal informa que no decorrer da operação, cerca de 80 policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências de ex-diretores, localizadas no Rio de Janeiro. O Ministério Público informou que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prestou apoio técnico durante a investigação.

Por ordem da Justiça Federal, foi determinado o bloqueio de bens e valores dos ex-diretores, ultrapassando R$ 500 milhões. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

As investigações levantaram evidências de que os ex-diretores participaram de fraudes contábeis através de operações de risco sacado, o que possibilitou à empresa antecipar pagamentos a fornecedores mediante empréstimos bancários. Também foram detectadas irregularidades em contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), incluindo a contabilização de VPCs que não existiam.

Ainda de acordo com informações do Ministério Público, há evidências que sugerem a ocorrência de crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, formação de associação criminosa e lavagem de dinheiro.

A defesa do ex-diretor da Americanas José Timotheo Barros disse que considera “desnecessária” a operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal (PF) em sua residência.
A defesa criticou a operação e disse que, “desde o início das apurações, documentos, informações econômicas e dados telemáticos foram colocados à disposição para a apuração do caso”.
“De toda forma, o fato de hoje (quinta) é importante para que seja concedido pela Justiça o reiterado pedido de acesso às delações premiadas”, escreveu a defesa.

A defesa de Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, disse por meio de nota que não teve acesso aos autos das medidas cautelares deferidas na quinta-feira, 27, e por isso não tem o que comentar sobre a operação da Polícia Federal, com pedido de prisão preventiva do ex-executivo.

“Miguel reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”, complementa a defesa em nota.

A Comissão de Valores Mobiliares (CVM) disse, em resposta a questionamento da reportagem, que não emitirá comentários sobre a operação da Polícia Federal. “No que diz respeito à operação citada em sua demanda, tendo em vista tratar-se de ação da Polícia Federal, não compete à CVM emitir comentários.”

Além disso, a autarquia ressaltou que mantém, desde 2010, Acordo de Cooperação Técnica com a PF voltado ao desenvolvimento de ações, projetos ou atividades conjuntas, inclusive, no âmbito do compartilhamento de informações a respeito de assuntos de interesse comum.

A CVM informou ainda que mantém, também, com o Ministério Público Federal, desde 2008, Termo de Cooperação específico.