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PF mira irmã de ministro das Comunicações em operação sobre fraudes

A PF abriu a Operação Benesse contra uma suposta quadrilha responsável por fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e desvio de verbas federais da Codevasf.

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02 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
PF mira irmã de ministro das Comunicações em operação sobre fraudes
Um dos alvos da investigação é Luanna Rezende, prefeita de Vitorino Freire (MA) e irmã do ministro das Comunicações, Juscelino Filho.

A Polícia Federal (PF) abriu na manhã de sexta-feira, 1, a Operação Benesse contra uma suposta quadrilha responsável por fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e desvio de verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Um dos alvos da investigação é Luanna Rezende, prefeita de Vitorino Freire (MA) e irmã do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Ela foi afastada do cargo e é alvo de busca e apreensão.

A PF chegou a solicitar buscas contra Juscelino Filho ao ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, no âmbito desta investigação. O ministro negou o pedido da Polícia Federal.

Em janeiro, Juscelino Filho direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para a prefeitura de Vitorino Freire asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à sua fazenda, no município maranhense. A pedido de Juscelino, durante seu mandato como deputado federal pelo União Brasil, os recursos foram parar na prefeitura da irmã.

A empresa contratada pelo município para tocar a obra é de um amigo de longa data dele. E o engenheiro Codevasf que assinou o parecer autorizando o valor orçado para a pavimentação foi indicado por seu grupo político. Loteada pelo Centrão, a Codevasf operacionalizou a distribuição de verbas do orçamento secreto. Ao menos quatro empresas de amigos, ex-assessoras e uma cunhada do ministro ganharam mais de R$ 36 milhões em contratos com a prefeitura de Vitorino Freire.

Segundo a PF, a ofensiva é um desdobramento da Operação Odoacro, que já teve duas fases ostensivas abertas – em julho e outubro do ano passado. As diligências cumpridas na sexta-feira miram o “núcleo público da organização criminosa, após se rastrear a indicação e o desvio de emendas parlamentares destinadas à pavimentação asfáltica de um município maranhense”, indicou a corporação.

Ao todo os agentes vasculham doze endereços nas cidades de São Luís, Vitorino Freire e Bacabal. As ordens foram expedidas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que ainda decretou afastamentos de função pública, suspensão de licitações e bloqueio de bens dos investigados.

A investigação se debruça sobre supostos crimes de fraude a licitação, lavagem de capitais, organização criminosa, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva. O nome da ofensiva, Benesse, está ligado aos indícios de que o “líder do núcleo público da organização criminosa ora investigada utiliza emendas parlamentares para incrementar o seu patrimônio”.

“Denominou-se esta fase investigativa de ‘benesse’, que segundo o dicionário Oxford significa ‘vantagem ou lucro que não deriva de esforço ou trabalho'”, indicou a PF.

A prefeita de Vitorino Freire renovou contratos no valor de R$ 8,9 milhões com a empresa Construservice mesmo após a companhia ter sido alvo de duas operações da Polícia Federal (PF) em 2022. Segundo as investigações, a empresa está em nome de “laranjas” e o verdadeiro dono é empresário Eduardo Costa, amigo de longa data do ministro.

Mesmo após as ações da PF, Luanna continuou renovando os contratos com a empresa. O primeiro foi assinado em agosto de 2022, no valor de valor de R$ 7,4 milhões, e o segundo, em novembro do mesmo ano, de R$ 1,4 milhão. Ambos tinham o objetivo de prorrogar por mais 12 meses um contrato anterior para execução de serviços voltados para pavimentação, recapeamento e calçamento das ruas de Vitorino.