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PF faz buscas no Distrito Federal no rastro de hacker de Janja

Na terça-feira, dia 12, a PF já havia cumprido quatro mandados em Minas Gerais. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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14 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
PF faz buscas no Distrito Federal no rastro de hacker de Janja
A primeira-dama Janja Lula da Silva

A Polícia Federal (PF) realizou na manhã de quinta-feira, 14, mais buscas no bojo da investigação sobre o hackeamento do perfil da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, no X (antigo Twitter). As diligências foram cumpridas no Distrito Federal.

Na terça-feira, dia 12, a PF já havia cumprido quatro mandados em Minas Gerais. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ao todo, seis ordens de busca e apreensão já foram executados no bojo do inquérito.

Os investigadores apontam que, durante as apurações, foi observado que os possíveis envolvidos “tinham perfis e postagens na plataforma Discord, participando de grupos que trocavam mensagens de caráter misógino e extremista”.

Segundo a Polícia Federal, o inquérito mira não só a invasão do perfil de Janja no X, mas também crimes de ódio relacionados, “como postagens de caráter ofensivo contra autoridades públicas federais”.

A conta da primeira-dama foi invadida na segunda-feira, 11. Foram postadas mensagens misóginas e ofensas à Janja, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
O perfil, que tem mais de 1,2 milhão de seguidores, está indisponível. A conta foi bloqueada a pedido da Polícia Federal.

Um dos alvos da operação é o produtor de conteúdo musical com teor racista, sexista, misógino e nazista. João Vítor Corrêa Ferreira, de 25 anos, é morador de Ribeirão das Neves (MG) e sua residência foi alvo de um mandado de busca e apreensão na tarde de terça-feira, 13. No Spotify, sob o apelido “Maníaco”, ele publicava faixas musicais de rock com apologias ao racismo, à misoginia e ao nazismo.

O perfil de “Maníaco” no Spotify já está fora do ar, mas contava com o selo de verificado pela plataforma. Ele tinha mais de 4 mil ouvintes mensais e quatro álbuns publicados com músicas ostensivamente preconceituosas. Questionada sobre o selo de verificado, a assessoria do Spotify esclarece que a política da plataforma para a cessão do selo é distinta de outras redes sociais. O perfil verificado só sinaliza que o usuário em questão é o artista que reivindica ser, e não configura, necessariamente, endosso da plataforma ao conteúdo produzido.

No álbum “O Sul é meu país”, alusão ao lema separatista da Região Sul, a faixa “Ariano” continha versos de ataque à miscigenação, repercutindo teses de “supremacia racial” que basearam políticas da Alemanha nazista. Numa canção do álbum “Incel pardo”, cujo nome faz referência a um movimento de orientação misógina, João Vitor fez referência explícita e positiva à violência contra a mulher.

Em outra música, intitulada “Macumba”, o autor deprecia nordestinos e religiões de matrizes africanas.
O perfil do “Maníaco” já está fora do ar no Spotify, mas as músicas têm sido republicadas por terceiros no YouTube.

Janja teve seu X, antigo Twitter, hackeado na noite de segunda-feira, 11. Durante pouco mais de uma hora, os invasores utilizaram a conta para publicar conteúdo ofensivo e de cunho sexual. A PF, desde então, tem investigado os suspeitos do ataque. O perfil de Janja no X foi bloqueado por meio de notificação extrajudicial da AGU e segue indisponível.

“Eu já estou acostumada com ataques na internet, por mais triste que seja se acostumar com algo tão absurdo”, afirmou a primeira-dama sobre o ataque hacker. “O ódio, a intolerância e a misoginia precisam ser combatidos, e os responsáveis, punidos”, escreveu em seu Instagram.

As nossas regras de plataforma de longa data deixam claro que não permitimos conteúdo que promova o extremismo violento ou conteúdo que incite à violência ou ao ódio contra um grupo de pessoas com base no sexo. Após análise, removemos diversas músicas por violarem nossas políticas. Como sempre, o contexto é importante e o conteúdo que não incita claramente à violência ou ao ódio poderia permanecer na plataforma.”