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Documentos alterados

PF apreende US$ 35 mil e R$ 16 mil na casa de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Segundo a PF, documentos alterados teriam servido para burlar as restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos EUA em meio à pandemia.

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03 de maio de 2023
Vinicius Palermo
PF apreende US$ 35 mil e R$ 16 mil na casa de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
PF faz busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Durante o cumprimento das ordens de busca e apreensão na Operação Venire, a Polícia Federal apreendeu US$ 35 mil – o equivalente a R$ 175 mil – e R$ 16 mil em espécie na casa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente coronel Mauro Cid. O aliado do ex-chefe do Executivo é um dos alvos principais da ofensiva aberta na manhã de quarta-feira, 3, para apurar suposta adulteração da carteira de vacinação contra a covid-19 do ex-chefe do Executivo e de sua filha Laura. Considerado peça-chave na investigação, Mauro Cid foi preso preventivamente e ficará detido numa unidade prisional militar.

Segundo a PF, os documentos alterados teriam servido para burlar as restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia. Os investigadores apuram dados não só dos cartões de vacinação do ex-presidente, de sua filha Laura, mas também as informações dos documentos do coronel Mauro Cid, de sua mulher e de sua filha e ainda do deputado Guttemberg Reis de Oliveira.

As supostas inserções de dados falsos teriam ocorrido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.
Bolsonaro também foi alvo da Venire – seu endereço em Brasília foi vasculhado por agentes da PF, que apreenderam seu celular. O ex-chefe do Executivo foi instado a depor à Polícia Federal, mas não compareceu a oitiva. Segundo o advogado Fábio Wajngarten, que atua como assessor de comunicação do ex-presidente, Bolsonaro só irá falar à PF depois de seus advogados terem acesso aos autos da investigação.

Ao deixar sua casa na manhã de quarta-feira, 3, o ex-presidente reforçou que nem ele, nem sua filha Laura foram vacinados contra a covid-19. Ele se disse ‘surpreso’ com a ofensiva e alegou que ‘não existe adulteração de sua parte’ e ‘que nunca lhe foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum’.
Além de Cid, outros cinco investigados foram presos no bojo da ofensiva aberta pela manhã: os assessores do ex-presidente Max Guilherme e Sergio Cordeiro; o secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ) João Carlos Brecha; o sargento Luís Marcos dos Reis; e o advogado Ailton Gonçalves Moraes Barros. Também são realizadas buscas contra o deputado federal Gutemberg Reis.

A ofensiva se debruça sobre supostos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. Somadas, as penas previstas para tais delitos podem chegar a 21 anos de prisão. O crime com punição mais dura é o de inserção de dados falsos em sistemas de informação, que prevê de dois a doze anos de reclusão.

Após acordar com a Polícia Federal na porta de sua casa e ter o seu celular e o da ex-primeira-dama Michelle apreendidos, o ex-presidente convocou seus advogados para virem imediatamente a Brasília. Os advogados Paulo Cunha Bueno e Frederick Wassef preparam a tese de interferência política, ou seja, vão alegar que a PF fez a operação que prendeu o ex-ajudante de ordens para prejudicar Bolsonaro.

Pela tese dos advogados, a PF teria atuado após a participação considerada exitosa do ex-presidente na Agrishow e diante da derrota no governo em votar o chamado projeto de lei das fakenews. As notícias, supostamente negativas para o governo, teriam gerado a reação no órgão que responde ao Ministério da Justiça. É o que pretendem alegar os advogados de Bolsonaro, apesar de as investigações em torno de adulterações no cartão de vacinação estar em andamento há semanas.