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Investigação

PF afirma que Bolsonaro teria tomado três doses de vacina contra Covid

O cartão foi emitido pelo aplicativo ConecteSUS por um computador cadastrado no Palácio do Planalto. Bolsonaro nega ter se vacinado.

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03 de maio de 2023
Vinicius Palermo
PF afirma que Bolsonaro teria tomado três doses de vacina contra Covid
Informações sobre a imunização de Bolsonaro ainda estão confusas

O certificado de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aponta que ele teria recebido três doses da vacina contra a covid-19: uma Janssen e duas Pfizer. O cartão foi emitido pelo aplicativo ConecteSUS por um computador cadastrado no Palácio do Planalto. Bolsonaro nega ter se vacinado.

A Polícia Federal (PF) identificou que o computador usado para acessar o aplicativo em duas ocasiões, nos dias 22 e 27 de dezembro de 2022, pertence à Presidência da República e está cadastrado no Palácio do Planalto.

A investigação aponta ainda que um terceiro acesso foi feito no dia 30 de dezembro pelo celular do ex-ajudante de ordens presidencial, o tenente-coronel Mauro Cid, preso preventiva na quarta-feira, 3, na Operação Venire.

“Os dados encaminhados não revelaram qualquer anormalidade em relação aos acessos realizados ao aplicativo ConecteSUS pelo usuário do ex-Presidente da República”, diz um trecho da representação da Polícia Federal.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou pelas redes sociais que apenas ela foi vacinada em sua casa. Conforme pontuou, contudo, nem ela nem seu marido sabem o motivo da busca e apreensão em sua casa pela Polícia Federal.

“Hoje (quarta-feira) a PF fez uma busca e apreensão na nossa casa, não sabemos o motivo e nem o nosso advogado não teve acesso aos autos”, declarou Michelle, em mensagem publicada no Instagram. A ex-primeira-dama conta que ficou sabendo do motivo pela imprensa “Na minha casa, apenas EU fui vacinada”, disse.

Em uma segunda postagem, Michelle publicou um trecho bíblico: “Os que confiam no SENHOR serão como o monte Sião, que não se abala, mas permanece para sempre – Salmos 125-1.” “Eu confio no senhor. Obrigada amado da minh’alma”, concluiu a mensagem.

Na manhã de quarta-feira, 3, a PF fez buscas na casa de Bolsonaro e prendeu o tenente coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, no bojo de uma operação sobre a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Outros dois assessores de Bolsonaro também foram presos, sendo eles Max Guilherme e Sergio Cordeiro. Durante as diligências na residência do ex-presidente, em Brasília, os investigadores apreenderam o celular de Bolsonaro.

O Ministério da Saúde informou, na quarta-feira (3), que todas as informações inseridas no sistema de registro de imunizações do Sistema Único de Saúde (SUS) são rastreáveis e feitas mediante cadastro. Segundo a pasta, não há relato de invasão externa ou de acesso sem cadastro ao sistema.

O comunicado acontece em meio à Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal, que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do ministério. Foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.

Por meio de nota, o Ministério da Saúde ressaltou que mantém “rotina para a sua segurança” e que passa regularmente por auditorias. A pasta acrescentou que, desde o início das investigações, mantém conduta alinhada à Controladoria-Geral da União (CGU) e em consonância com a Lei de Acesso à Informação.

“O Ministério da Saúde informa que colabora com as investigações da Polícia Federal na forma da lei e segue à disposição das autoridades.”

A residência do ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal na manhã de quarta-feira. Os agentes também recolheram o celular de Bolsonaro.