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Dólar forte

Petróleo cai cerca de 3%, com dúvidas sobre demanda

O petróleo cedeu às preocupações sobre a demanda em meio a expectativas de recessão nas principais economias devido aos apertos monetários.

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23 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Petróleo cai cerca de 3%, com dúvidas sobre demanda
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve sua previsão de alta na demanda global por petróleo em 2024, em 2,2 milhões de barris por dia (bpd)

Os contratos mais líquidos do petróleo fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo, após a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reforçar expectativa por alta de juros e impulsionar o dólar no exterior. Ainda, a commodity cedeu às preocupações sobre a demanda em meio a expectativas de recessão nas principais economias devido aos apertos monetários.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em baixa de 3,16% (US$ -2,41), a US$ 73,95 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em queda de 2,95% (-US$ 2,45), a US$ 80,60 o barril.

Na quarta, o Fed publicou a ata da última reunião de política monetária, que indicou reforçado compromisso pelo combate à inflação nos EUA. Segundo o documento, alguns dirigentes preferiam aumento de 50 pontos-base nos juros no encontro de fevereiro, quando a autoridade monetária optou por elevação mais branda, de 25 pontos-base.

Ao discutir as perspectivas de política monetária, com a inflação ainda bem acima da meta de 2%, todos os dirigentes do Fed continuaram a antecipar que os aumentos contínuos de juros são apropriados para atingir os objetivos da instituição.

“Os dirigentes reafirmaram seu forte compromisso de retornar a inflação ao objetivo de 2% e observaram que uma postura política restritiva precisaria ser mantida até que os dados recebidos fornecessem confiança de que a inflação estava em uma trajetória descendente sustentada para 2%, o que provavelmente levaria algum tempo”, destaca o documento.

Além disso, o documento traz que os membros concordaram que, ao determinar a extensão dos futuros aumentos na faixa da meta, eles levariam em consideração o aperto cumulativo da política monetária, os atrasos com que a política monetária afeta a atividade econômica, a inflação e os desenvolvimentos econômicos e financeiros.

“Os participantes em geral observaram que as decisões futuras do Comitê em relação à política continuariam a ser informadas pelos dados recebidos e suas implicações para as perspectivas de atividade econômica e inflação”.

Integrantes do mercado, em média, projetam probabilidade de pico na taxa dos Fed funds em torno de 5%, segundo levantamento conduzido por equipe do Fed e divulgado na quarta-feira na ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).

A pesquisa apontou que o mercado, em geral, esperava um crescimento moderado ou recessão leve da economia americana neste ano, com apenas alguns integrantes percebendo risco de inflação persistente ou recessão profunda.

Considerando este cenário, os participantes do mercado entrevistados pela equipe do Fomc esperavam de forma ampla o aumento em 25 pontos-base anunciado na reunião monetária de 1º de fevereiro. Além disso, parte significativa do mercado projetava que o Fed manteria sua política de juros estável durante boa parte de 2023.

Os dirigentes do Federal Reserve observaram que será necessário um crescimento abaixo da tendência para conseguir reduzir a inflação à meta de 2% nos Estados Unidos.

Segundo o documento, os dirigentes concordaram que a inflação segue inaceitavelmente alta no país, ainda bem acima da meta, da mesma forma que o mercado do trabalho, que segue apertado. Entretanto, alguns integrantes do Fomc também afirmaram que os riscos das taxas inflacionárias estão mais equilibrados, apesar das incertezas para este ano.

A ata impulsionou o dólar ante pares rivais, o que ampliou a pressão que já vinha derrubando os preços do petróleo ao longo da sessão.

Segundo análise de Edward Moya, da Oanda, o preço do petróleo pesa para o negativo, seguindo as expectativas de traders de energia de que o Federal Reserve (Fed) deverá apresentar uma postura mais “hawkish”, diante dos dados recentes da economia americana, que deverá levar os Estados Unidos a uma recessão, prejudicando a demanda pelo óleo. “O petróleo provavelmente permanecerá pesado aqui, pois os estoques estão altos, a manutenção da refinaria está aqui e as preocupações com o crescimento global”, destaca o economista.

Já na visão da CMC Markets, apesar da baixa, a commodity ainda está em tendência de alta em relação às mínimas registradas em dezembro, “com as expectativas da demanda da China mantendo um piso sob qualquer queda”.

No radar de investidores, também ficou a informação de que a Rússia deverá reduzir suas exportações de petróleo em até 25% em março, em relação a fevereiro.