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Efeito limitado

PBoC corta taxa de juros de referência (LPR) de 1 ano de 3,55% para 3,45%

Já a taxa para empréstimos de 5 anos foi mantida em 4,20%. É o segundo corte feito pelo PBoC na taxa de 1 ano em dois meses

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21 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
PBoC corta taxa de juros de referência (LPR) de 1 ano de 3,55% para 3,45%
Segundo a Capital, os cortes de juros do PBoC nos últimos dias ocorrem em meio a crescentes preocupações entre formuladores de políticas sobre a saúde da economia da China.

O Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) reduziu a taxa de juros de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) de 1 ano de 3,55% para 3,45%, segundo comunicado divulgado na segunda-feira, 21, pelo horário local, pela instituição. Já a taxa para empréstimos de 5 anos foi mantida em 4,20%. É o segundo corte feito pelo PBoC na taxa de 1 ano em dois meses: em junho, a autoridade havia cortado a LPR de 3,65% para 3,55%, nível que havia sido mantido em julho pelo BC chinês.

A Capital Economics avalia que a abordagem do PBoC tem efeito “limitado” no quadro atual e “não é suficiente, em si ao menos, para colocar um piso no crescimento” do país.

Segundo a Capital, os cortes de juros do PBoC nos últimos dias ocorrem em meio a crescentes preocupações entre formuladores de políticas sobre a saúde da economia da China.

A consultoria diz que havia ampla expectativa por um corte de 15 pontos-base na LPR de 1 ano na segunda, portanto a redução ficou abaixo do esperado. A Capital vê os formuladores de política ainda se importando com o câmbio, como evidenciado por intervenções recentes no mercado cambial, “mas agora eles parecem mais preocupados com a economia”.

Ela diz que isso “não surpreende”, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) negativo recente, com o crescimento do crédito “extremamente contido” e estagnação na atividade e nos gastos.

De qualquer modo, o PBoC parece “adotar uma abordagem cautelosa para a política monetária”, acredita a Capital. A manutenção da taxa de 5 anos sugere que o BC chinês busca um equilíbrio entre apoiar a atividade e responder a preocupações com os bancos, que sofrem com juros mais baixos e a queda na lucratividade.

A Capital vê os cortes recentes do PBoC como de impacto limitado, mas avalia que deve haver outras medidas, como corte no compulsório, para relaxar mais a política. Ainda assim, a consultoria espera “apenas apoio modesto” ao crescimento do crédito e à atividade econômica mais ampla.

A receita do governo chinês cresceu 11,5% entre janeiro a julho deste ano, na comparação com mesmo período do ano passado, de acordo com um comunicado do Ministério da Economia Da China. O ritmo do crescimento diminuiu, já que, no primeiro semestre de 2023, a China havia apresentado um crescimento de 13,3% na receita.

A receita total do país em sete meses foi de 13,9 trilhões de yuans. As despesas do país aumentaram 3,3% de janeiro a julho, em relação ao mesmo período do ano anterior, e alcançaram 15,2 trilhões de yuans. Os maiores aumentos nos gastos foram com previdência e trabalho e educação.

O movimento acompanha a desaceleração da segunda maior economia do planeta, que enfrenta turbulências no setor imobiliário, enquanto o governo hesita a adotar estímulos significativos.

Os mercados acionários fecharam com viés positivo na Europa na segunda-feira, 21, após o índice de preços ao produtor (PPI) apontar firme deflação na Alemanha e o Banco do Povo da China (PBoC) cortar juros. Apesar disso, a bolsa de Londres encerrou o pregão em terreno negativo, sob forte pressão do setor de construção.

Em Londres, o FTSE 100, caiu 0,06% a 7.257,82 pontos, enquanto o índice DAX, em Frankfurt, fechou em alta de 0,19%, a 15.603,28 pontos. O CAC 40, em Paris, avançou 0,47%, a 7.198,06 pontos, e o FTSE MIB, em Milão, fechou em alta de 0,81%, a 27.986,92 pontos. Já em Madri, o índice Ibex 35 caiu 0,19%, a 9.254 pontos Na Bolsa de Lisboa, o PSI 20 subiu 0,27%, a 6.001,22 pontos. As cotações são preliminares.

O corte da taxa de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) de 1 ano da China ajudou a aumentar as esperanças de que os estímulos econômicos da China poderão controlar a recente desaceleração da economia local, o que influencia nos mercados acionários europeus. Entretanto, segundo o Bradesco, investidores “seguem receosos de que a desaceleração do setor imobiliário no país possa contagiar o restante da economia”.

A CMC Markets aponta para a força de empresas do setor de energia, com destaque para BP e Shell, que fecharam em alta de cerca de 1% e 0,5%, seguindo o avanço observado mais cedo pelo petróleo. Mesmo com a desaceleração da commodity, outras empresas relacionadas a commodities conseguiram fechar em alta. Na França, a Total Energies subiu cerca de 1%, enquanto a Eni avançou cerca de 0,5% em Milão. Já a Galp Energia teve alta de mais de 1%, em Lisboa.

Por outro, na capital britânica, o setor de construção puxou o FTSE 100 para baixo, com Taylor Wimpey em baixa de 4,13%, acompanhado de Persimmon (-3,33%) e Land Securities Group (-2,73%). O movimento seguiu o aviso da Crest Nicholson de que deve ter lucro menor que o esperado neste ano, o que ampliou incertezas sobre todo o setor.

Na lista de indicadores, está a queda de 6,0% do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da Alemanha em julho, que também ajudou a dar fôlego à Europa, segundo o Bradesco.

Olhando para frente, a AJ Bell cita que investidores estarão de olho na “enxurrada” de publicações de índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro, Reino Unido e Estados Unidos, que “deve fornecer algumas informações sobre a atual trajetória econômica no Ocidente”, além do simpósio de Jackson Hole.