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Crise climática

Para combater desmatamento, Biden anuncia US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia

Biden ainda recomendou que outros líderes sigam os EUA nesse compromisso com o Fundo Amazônia. A Casa Branca também emitiu comunicado.

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20 de abril de 2023
Vinicius Palermo
Para combater desmatamento, Biden anuncia US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia
Joe Biden anunciou investimento no Fundo Amazônia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na quinta-feira, 20, que solicitará US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia “e atividades relacionadas”, no contexto do “renovado compromisso do Brasil de acabar com o desmatamento até 2030”.

A declaração foi dada durante reunião virtual com líderes globais do Major Economies Forum on Energy and Climate (MEF), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Biden ainda recomendou que outros líderes sigam os EUA nesse compromisso. A Casa Branca também emitiu comunicado, com alguns pontos de destaque na iniciativa do país. A U.S. Development Finance Corporation anunciou que trabalha em um investimento de US$ 60 milhões na estratégia do BTG Pactual de buscar US$ 1 bilhão para a restauração de quase 300 mil hectares de terras degradadas no Brasil, no Uruguai e no Chile, diz a nota. A iniciativa pode gerar um sequestro estimado de carbono de 35 milhões de toneladas, ao longo de 15 anos, aponta.

O presidente americano pediu que os países do grupo reunidos “reforcem suas ambições” para combater as mudanças climáticas. Ele enfatizou a importância de acabar com o desmatamento, e também anunciou US$ 1 bilhão para o Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund), da Organização das Nações Unidas. E advertiu para o fato de que os mais afetados pelas mudanças do clima serão os “menos responsáveis” por ela, como as nações em desenvolvimento.

Biden considera que o momento é de “grande perigo, mas também de grandes possibilidades”. Os EUA pretendem avançar em medidas para reduzir emissões de carbono nos setores de energia e transportes, inclusive com maior uso de energia limpa, com metas “ambiciosas” de emissão zero por veículos até 2030, e também de “descarbonizar” o comércio internacional de cargas marítimas. O país também busca reduzir emissões de metano e acelerar o fim do uso dos hidrofluorocarbonetos.

Em breve declaração no início do encontro, o assessor especial dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry, advertiu que a janela para conter o aquecimento global “está se fechando”, e também enfatizou a importância dada ao governo americano para tratar a ameaça das mudanças climáticas como um risco à existência.

Em evento virtual com chefes de Estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou dos países desenvolvidos compromissos de financiamento climático. Segundo ele, desde que o compromisso foi assumido, em 2009, os recursos oferecidos por esses países estão aquém da promessa de US$ 100 bilhões por ano.

“É preciso que todos façam sua parte”, declarou Lula. De acordo com o presidente, é urgente que se busque uma “relação de confiança” entre os países, diante dos acordos firmados em prol da preservação do meio ambiente. “Desde que o compromisso foi assumido, em 2009, o financiamento climático oferecido pelos países desenvolvidos mantém-se aquém da promessa de 100 bilhões de dólares por ano.”

As declarações ocorreram de forma virtual durante a Cúpula Virtual do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, promovida pelo presidente dos Estados Unidos. A fala foi fechada e, no final da manhã de quinta, o Palácio do Planalto divulgou o discurso do presidente brasileiro. Apenas o discurso inicial do presidente americano foi transmitido ao vivo.

Lula afirmou que os efeitos da mudança do clima agravam ainda mais a pobreza, a fome e a desigualdade no mundo, “flagelos que o Brasil combate com todas as forças”, disse.

Após sofrer fortes críticas por declarações recentes em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia, Lula argumentou durante a fala que não há “sustentabilidade num mundo em guerra”. Assessores presidenciais e diplomatas apostam na participação do presidente brasileiro como oportunidade para desfazer o mal-estar causado por declarações recentes, hostis aos Estados Unidos e à Europa, envolvendo a guerra da Ucrânia.

O presidente também citou que o Brasil trabalhará com países que detêm florestas tropicais na África e na Ásia e que, como sinal de comprometimento, apresentou a candidatura de Belém do Pará, na região amazônica, para sediar a COP30, em 2025. “Hoje o mundo está próximo de um ponto irreversível. Vemos diante de nós a urgência de cumprirmos as promessas feitas. Precisamos de uma governança mais efetiva e legítima, que nos permita resgatar a solidariedade para o bem de toda a humanidade. Podem contar com o Brasil.”