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Padilha diz que Brasil tem taxa de juros desproporcional

Aos jornalistas, o ministro Alexandre Padilha reforçou que o governo “está fazendo a sua parte” para garantir uma redução nos juros.

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23 de março de 2023
Vinicius Palermo
Padilha diz que Brasil tem taxa de juros desproporcional
Padilha também negou que haja dificuldade na elaboração do marco, com divergência entre atores da sociedade, lideranças políticas e do próprio governo.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou na quinta-feira, 23, que o Brasil tem taxa de juros desproporcional para a situação atual do País, se comparado ao restante do mundo. Na quarta-feira, 22, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic no patamar de 13,75%.

Aos jornalistas, Padilha reforçou que o governo “está fazendo a sua parte” para garantir uma redução nos juros, ao citar a apresentação da quarta-feira do relatório de despesas e receitas do primeiro bimestre, com sinalização de melhoria fiscal, além da apresentação do novo arcabouço e o ambiente positivo no Congresso para aprovação da proposta.

“Só reforça aquilo que tenho ouvido de empresários, a avaliação que empresários fazem, economistas fazem, lideranças do Congresso Nacional, de que o Brasil vive uma taxa de juros desproporcional para a situação do País quando a gente compara a realidade internacional. O governo está fazendo sua parte”, avaliou Padilha.

Ele negou que o fato de o governo não ter apresentado o novo marco fiscal possa ter influenciado na decisão do Copom da quarta-feira. “Certamente não foi apresentar ou não apresentar que mobilizou a decisão do Banco Central”, disse.

Padilha também negou que haja dificuldade na elaboração do marco, com divergência entre atores da sociedade, lideranças políticas e do próprio governo. “Dificuldade nenhuma. O ministro Fernando Haddad construiu, lidera esse debate junto com a equipe econômica, apresentou ao presidente Lula. Fez as consultas que o presidente recomendou. O retorno foi muito positivo”, disse.

O ministro reforçou o desejo do chefe do Executivo de debater a proposta com líderes partidários e os presidentes das Casas legislativas para que o projeto chegue maduro ao Congresso.

Ele também garantiu que o governo tem base para aprovar projetos prioritários, como marco fiscal e reforma tributária. As duas pautas, inclusive, prioridades da área econômica, ultrapassam a base do Executivo, na avaliação de Padilha.

Segundo ele, o próprio Legislativo dá sinais de que há um cenário positivo para debater a âncora que substituirá o atual teto de gastos.

“Reforcei ao ministro Fernando Haddad o ambiente positivo no Congresso Nacional para que o marco fiscal, chegando ao Congresso, tenha celeridade, na tramitação, no debate com qualidade, aprovação do marco fiscal”, disse Padilha aos jornalistas, após o encontro.

“Tenho certeza que existe ambiente no Congresso Nacional hoje, foi dito inclusive por várias lideranças, o próprio presidente da Câmara citou isso. Tem um ambiente para aprovar na maior celeridade possível no Congresso Nacional”, reforçou.

O ministro evitou estimar quando a proposta será levada ao Legislativo, após a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, mas garantiu que existe ambiente para aprovação na “data necessária”.

Ele também comentou a importância de Haddad estar presente no Brasil para debater a âncora fiscal. O ministro da Fazenda vai acompanhar o presidente na viagem ao país asiático.

Na terça-feira, 21, Lula confirmou que o novo arcabouço fiscal será divulgado apenas após a viagem à China. “Por que não pode ser antes? Nós embarcamos sábado, Haddad não pode comunicar isso aí. Seria estranho, eu anuncio e vou embora. Haddad tem que anunciar e ficar aqui para responder, debater, dar entrevista, falar com sistema financeiro, com a Câmara dos Deputados, Senado, outros ministros”, disse.

Padilha também minimizou as críticas de que o Executivo não tem base suficiente no Congresso Nacional para aprovação de pautas. “Até agora, neste momento, tudo que governo precisou vencer no Congresso, conseguimos vencer. Aprovamos tudo aquilo que precisamos aprovar”, esclareceu.

O ministro afirmou também que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado “Conselhão”, vai ser reinstalado como espaço para “reunir divergência”. Padilha também esclareceu que o grupo discutirá temáticas relacionadas à sustentabilidade.

“O Conselhão vai reunir a divergência dos atores econômicos, dos trabalhadores, do debate da democracia, da defesa de mais inclusão e diversidade no nosso país”, disse Padilha, após se reunir com Haddad, na sede da pasta econômica em Brasília, para discutir a retomada do CDES.

O ministro esclareceu que foi acrescido mais um “S”, de sustentabilidade, à sigla do CDES, para inclusão da agenda sustentável. “Fizemos questão de acrescentar ao que era o CDES mais um S de sustentabilidade, então vai ser um espaço de debate com agenda sustentável, retomada do desenvolvimento sustentável do nosso País. Na prática ele vai erodir o ato do cercadinho do governo anterior, de conversar só com sua bolha”, afirmou.

A primeira reunião do Conselhão deve ocorrer na segunda quinzena de março, após a viagem do presidente da República, Luiz Inácio Lula Silva à China. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai participar do encontro e fará um balanço da perspectiva econômica.

“Nossa expectativa é que o ministro Fernando Haddad faça um balanço no Conselhão da perspectiva econômica do país e aponte essas perspectivas. Vão estar atores econômicos, seja empresários, sistema financeiro, agronegócio, startups, pequenas e médias empresas, representantes dos trabalhadores, ativistas da defesa da democracia, ativistas da defesa da diversidade e da inclusão no país. A ideia é que faça uma fala geral sobre a situação econômica do país”, disse Padilha.

Ele também informou que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também devem discursar no primeiro encontro.