País
Atos antidemocráticos

Pacheco: democracia saiu mais forte no Brasil

Pacheco diz que a resposta das instituições foi célere e firme e destaca que a violência dessa minoria não representa o povo brasileiro.

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09 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Pacheco: democracia saiu mais forte no Brasil
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ressaltou a democracia.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em discurso de um mês sobre os ataques de 8 de janeiro, reforçou que a democracia brasileira sai mais forte dos atos golpistas. Segundo ele, a violência dessa minoria não representa o povo.

Conforme pontuou, os atos foram incitados por uma “minoria inconformada com o resultado eleitoral” que tentou “tomar de assalto os Poderes da República e atentou contra a democracia brasileira”. Ao citar resposta das instituições como célere e firme, Pacheco destaca que a violência dessa minoria não representa a vontade do povo brasileiro.

“Esse episódio deplorável não será esquecido e produzirá consequências severas aos responsáveis”, comentou, no início da sessão de quarta-feira, 8. “As instituições brasileiras não se eximirão de investigar e punir exemplarmente todos os criminosos envolvidos, direta ou indiretamente, naquela barbaridade”, reiterou.

Pacheco relembra o trabalho feito pela Polícia Legislativa desde os atos, com a identificação de alguns invasores. Ele pontuou que a segurança foi reforçada e houve o aumento do número de detectores de metal nos acessos aos prédios da Casa. “Estamos reforçando a capacitação da nossa polícia legislativa para coibir e conter outras tentativas.”

O senador disse que as reparações necessárias do prédio do Senado estão praticamente finalizadas.
Há um mês, Brasília era palco de um cenário de terror e de violência. Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro depredaram os prédios públicos do Congresso Nacional, do Superior Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto. Os vândalos marcharam do Quartel-General do Exército até a Esplanada e furaram, sem resistência da Polícia Militar, um bloqueio e invadiram os edifícios dos Três Poderes.

Os episódios implicaram em uma crise de desconfiança entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os militares, houve milhares de prisões e a abertura de uma operação pela Polícia Federal para localizar responsáveis e financiadores dos atos golpistas.

Relatórios de inteligência em poder do governo indicaram que 100 ônibus com 3.900 pessoas chegaram em Brasília com disposição de retomar protestos de rua contra a eleição do presidente Lula no dia 8 de janeiro, um domingo. A invasão vinha sendo preparada por extremistas leais ao ex-presidente Bolsonaro desde o dia 3 de janeiro, quando radicais começaram a divulgar com grande intensidade mensagens em aplicativos como o Telegram e o WhatsApp para trazer manifestantes de todo o País para a capital federal, com todas as despesas pagas.

A segurança em Brasília foi reforçada e o governo passou a falar em endurecer o tratamento contra quem adotasse discurso golpista, mas o cenário visto no dia dos ataques foi diferente. Vídeos captados pelas câmeras externas do STF flagraram o momento em que a Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) desmontou um bloqueio tático posicionado próximo ao Congresso Nacional que impedia a invasão dos golpistas aos demais prédios públicos localizados na praça dos Três Poderes.

Mesmo com a crise instalada, a Política Militar do Distrito Federal continuou permitindo que manifestantes transitassem livremente pela área, sem nenhum tipo de restrição. Após extremistas furarem o bloqueio, parte dos policiais abandonaram as barreiras e foram comprar água de coco em frente à Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida.

Poucos dias após os ataques, os primeiros vândalos envolvidos no episódio começaram a ser presos. A Política Militar do Distrito Federal prendeu tanto aqueles que estavam presentes quanto aqueles que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército. Ao todo, mais de 1,3 mil golpistas foram levados pela polícia.

A reportagem teve acesso aos detalhes da situação diária que os presos que teceram diversas reclamações às condições de vida no cárcere. Algumas críticas foram referente aos banhos frios, grande quantidade de pessoas em uma mesma cela, noites sobre um colchão fino lançado no chão e o mau cheiro que escapava do banheiro. Nos grupos e canais de aplicativos de mensagem, o clima de euforia passou a ser de desolação.

Fotografias, vídeos e trocas de mensagens em grupos restritos comprovam que a invasão foi um ato premeditado e organizado em seus detalhes, e não uma ação espontânea. A reportagem analisou cerca de 26 horas de transmissões ao vivo, listas de passageiros de ônibus, postagens em redes sociais e centenas de imagens. O material explicita que os manifestantes foram para Brasília dispostos, efetivamente, a invadir as sedes dos três Poderes.

Outra informação foi descoberta: cerca de 20 horas antes da invasão, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) teria dispensado por escrito o pelotão de 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial.

Por ordem do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal abriu no dia 20 de janeiro a Operação Lesa Pátria para prender preventivamente investigados sob suspeita de participarem, financiarem ou fomentarem os atos golpistas do dia 8.