País
Mudanças

Pacheco diz que Senado acompanha tratativas de governadores sobre ICMS

Em publicação no Twitter, Pacheco disse que os Estados buscam compatibilizar um eventual acordo com suas necessidades orçamentárias.

Compartilhe:
14 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Pacheco diz que Senado acompanha tratativas de governadores sobre ICMS
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, participou de reunião com governadores. Crédito: Lula Marques/Agência Brasil

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou na terça-feira, 14, que a Casa acompanha “de perto” as tratativas dos governadores sobre as mudanças na cobrança do ICMS. Em publicação no Twitter, após uma reunião com chefes dos entes federativos, o senador disse que os Estados buscam compatibilizar um eventual acordo com suas necessidades orçamentárias. Houve perda de arrecadação com o tributo após leis aprovadas pelo Congresso no ano passado, e os governadores buscam agora uma compensação financeira.

“Há consensos em relação a pontos importantes, em benefício da segurança jurídica”, escreveu Pacheco, na rede social, ao comentar o encontro com os governadores. “O Senado acompanha de perto as tratativas dos governadores que buscam compatibilizar os termos do acordo com as necessidades orçamentárias dos Estados, mas sem que isso tenha impacto nas tarifas e prejudique os consumidores”, emendou.

A reunião contou com a presença da governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), do vice-governador do Tocantins, Laurez Moreira (PDT), do governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), do governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), e da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).

Depois de se reuniram com Pacheco, os representantes dos executivos estaduais também foram à residência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os encontros desta terça, com o ICMS e a reforma tributária em pauta, são uma preparação para uma reunião maior da cúpula do Congresso com todos os 27 governadores, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem.

“É uma discussão que está avançada, mas ainda não finalizada, mas faremos com todo o cuidado necessário para garantir que esse acordo seja avalizado por todos os poderes, pela União, pelos 27 governadores, pelo Congresso Nacional e pelo Supremo Tribunal Federal”, disse o governador do Piauí e coordenador do grupo, Rafael Fonteles.

Fonteles disse ainda que, embora avançadas, as conversas com representantes dos Três Poderes têm divergências na fórmula de fazer os cálculos entre Conselho Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Consefaz), que estima as perdas em R$ 45 bilhões, e o Tesouro Nacional, que tem uma estimativa bem menor. As divergências, explicou o governador, têm a ver com o gatilho que envolve a correção monetária e algumas questões sobre metodologia em relação ao ano e ao semestre.

“Isso é o que nós estamos avançando com o ministro da Fazenda Fernando Haddad. A ideia é fazer algo que seja firme, seguro e permanente para não gerar surpresa para os estados, como aconteceu no ano passado”, disse Fonteles.

Os governadores têm pressa em recuperar os valores da arrecadação do ICMS. Segundo o grupo, a expectativa é de que até o início de março a solução com a anuência de todos os estados e poderes da República seja construída.

“A pauta da reforma tributária é prioridade para o Fórum de Governadores. Nós temos que avançar nessa matéria. Nós precisamos agora, neste primeiro semestre, de medidas que possam mitigar os impactos que os estados vêm tendo em decorrência da perda de receitas. Esse acordo que estamos construindo de forma saudável, porque estamos em diálogo com todos os poderes. Nós saímos daqui muito confiantes de que vamos avançar para que cheguemos finalmente a um entendimento”, ressaltou a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).

O ICMS é um tributo estadual que incide sobre combustíveis e outros serviços essenciais. No ano passado, foram aprovadas duas leis complementares que reduziram as alíquotas desse item, levando a queda na receita dos estados. Os governadores estimam que somente em 2022, após a entrada em vigor das legislações, as perdas de arrecadação nos cofres dos estados ultrapassaram R$ 33,5 bilhões.

A Lei Complementar 194 determina a aplicação de alíquotas de ICMS pelo piso de 17% ou 18% para produtos e serviços essenciais quando incidir sobre bens e serviços relacionados a combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. Já a Lei Complementar 192 unificou a forma de apuração do ICMS, especificamente sobre combustíveis, que passou a ser por unidade de medida, em vez de um percentual sobre o preço médio do produto vendido nos postos.

Uma das saídas para recuperar a arrecadação do imposto, está na regulamentação de um dispositivo da Lei Complementar 194 que estabelece compensação, por parte da União, quando a perda de receita de um estado exceda 5% em relação à arrecadação de 2021. Outros caminhos são as discussões via Congresso Nacional, de uma reforma tributária, por exemplo, ou mesmo pelo STF, que já tem ações que questionam a constitucionalidade das duas leis complementares.

Na segunda-feira (13), o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucionais as regras que disciplinam a cobrança do ICMS em operações e prestações interestaduais destinadas a consumidor final e não ao contribuinte do tributo.