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Avanço na oferta

Opep corta previsões para crescimento da demanda global por petróleo

Para 2025, o cartel também reduziu a projeção para o aumento na demanda mundial, em 102 mil bpd, para 1,6 milhão de bpd.

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15 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Opep corta previsões para crescimento da demanda global por petróleo
A Opep manteve sua previsão para o aumento da oferta de petróleo entre países fora da Opep+ em 2024, em 1,2 milhão de barris por dia (bpd)

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cortou a previsão para o crescimento da demanda global pela commodity este ano em 106 mil barris por dia (bpd), para 1,9 milhão de bpd, segundo relatório mensal publicado nesta segunda-feira, 14.

Para 2025, o cartel também reduziu a projeção para o aumento na demanda mundial, em 102 mil bpd, para 1,6 milhão de bpd.

Apenas a demanda em países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) deve registrar aumento de mais de 100 mil bpd este ano e de cerca de 100 mil bpd no próximo, segundo projeta a Opep. Fora da OCDE, a expectativa é por alta de 1,8 milhão de bpd em 2024 e de 1,5 milhão de bpd em 2025.

A Opep manteve sua previsão para o aumento da oferta de petróleo entre países fora da Opep+ em 2024, em 1,2 milhão de barris por dia (bpd), segundo relatório mensal publicado nesta segunda-feira.

Estados Unidos, Canadá, Brasil e China devem ser os maiores responsáveis pelo aumento da oferta este ano, prevê o cartel. Para 2025, a Opep também reiterou sua projeção de avanço na oferta global da commodity fora da Opep+, em 1,1 milhão de bpd.

Ainda no relatório, a Opep informa que a produção da Opep+ teve queda de 56 mil bpd em setembro ante agosto, para uma média de 40,1 milhões de bpd, de acordo com fontes secundárias. A Opep+ engloba a Rússia e outros produtores de petróleo que não integram a Opep.

A entidade manteve a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global este ano, em 3%. A projeção para o avanço da economia mundial em 2025 também ficou inalterada, em 2,9%. O cartel elevou sua previsão de crescimento econômico este ano para os EUA, de 2,4% a 2,5%, mas manteve as da zona do euro, em 0,8%, e da China, em 4,9%. Para 2025, a Opep segue prevendo expansão econômica de 1,9% nos EUA, de 1,2% na zona do euro e de 4,6% na China.

A Opep cortou suas expectativas para a oferta de combustíveis líquidos do Brasil nos próximos dois anos, em relatório mensal publicado nesta segunda-feira, 14. O cartel, no entanto, manteve o Brasil como um dos quatro países de fora da Opep que mais deverão impulsionar o avanço da oferta global em 2024, atrás apenas de EUA e Canadá.

A Opep espera que a oferta de combustíveis líquidos do Brasil suba cerca de 60 mil barris por dia (bpd) neste ano, para uma média de 4,2 milhões de bpd. Segundo o relatório, o corte de 50 mil bpd deve-se a produção brasileira aquém do previsto nos últimos meses.

O cartel espera um aumento na produção em alguns campos de petróleo – como Búzios, Tupi e Itapu – e início da operação de outros projetos petrolíferos em 2024, mas reconhece que “problemas técnicos e operacionais podem atrasar o calendário de produção das plataformas”.

No próximo ano, a Opep ainda prevê atrasos provocados por aumento nos custos de produção offshore e da inflação, além de um arrefecimento do crescimento econômico de curto prazo. Para 2025, a projeção da Opep é de alta de 200 mil bpd, a 4,4 milhões de bpd. O número também representa um corte em relação aos 4,5 milhões de bpd estimados no relatório anterior.

A produção brasileira de petróleo bruto subiu 110 mil bpd em agosto, à média de 3,3 milhões de bpd, uma recuperação em relação aos números de julho, segundo a Opep, embora ainda afetada por “manutenção extensiva e problemas operacionais”. Já a produção total de combustíveis líquidos avançou 114 mil bpd em agosto, para uma média de 4,1 milhões de bpd. Contudo, o cartel destaca que a produção total está cerca 100 mil bpd menor em uma base de comparação anual.

A Opep elevou a perspectiva de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024, mas manteve as estimativas para 2025.

O cartel prevê que o Brasil crescerá 2,5% neste ano, avanço ante o 2,2% do relatório anterior, devido a “força contínua da economia doméstica brasileira”, com sinais positivos de demanda do consumidor e robustez do setor de serviços. Por outro lado, a Opep nota que há volatilidade no setor industrial e que o declínio em taxas de desemprego e aumento salarial devem criar pressão inflacionária sobre a economia.

Neste cenário, o cartel alerta que as incertezas sobre a inflação devem se estender até o próximo ano e que há possibilidade de novas altas de juros são esperadas pelo Banco Central do Brasil, com o aperto monetário contrabalançando a força do crescimento econômico.

Assim, a Opep decidiu manter a projeção para o PIB brasileiro em 2025, em 1,5%, inalterada em relação ao relatório anterior. “Uma potencial transição na liderança do BCB em janeiro de 2025 pode influenciar a coordenação política, mas a efetividade dessas mudanças ainda será observada”, pondera o relatório.