As Nações Unidas (ONU) marcam neste 15 de março o 12º ano desde o início do conflito sírio. Altos funcionários e agências da organização expressam preocupação com a perda de vida, abusos e o sofrimento de milhões de pessoas na que é tida como uma das emergências humanitárias mais complexas do mundo.
Para o enviado especial do secretário-geral, Geir Pedersen, “a situação síria é insustentável e sua continuação desafia a humanidade e a lógica”.
O mediador diz que a dor dos cidadãos do país permanecerá sem uma solução política abrangente, que restaure a soberania e a integridade territorial, permitindo que o povo viva com dignidade e planeje seu próprio futuro.
Para Pedersen, os terremotos de fevereiro podem ser um ponto de virada. Os mais de 8,8 milhões de pessoas afetadas pelos sismos se juntaram aos 15,3 milhões que precisam de ajuda humanitária este ano. O total é o maior desde o início do conflito.
Pedersen citou a ação humanitária das últimas semanas que veio “de todos os lados e ultrapassou medidas tomadas anteriormente, mesmo que temporariamente. Para ele, é preciso que a mesma lógica seja aplicada na frente política, para ajudar a encontrar uma via a seguir, inclusive por “medidas passo a passo de construção de confiança.”
O comunicado ressalta que é preciso assegurar a retomada e o avanço substancial na via constitucional, garantindo uma ação concreta sobre os detidos, sequestrados e pessoas desaparecidas.
No terreno, o enviado recomenda que haja calma em direção a um cessar-fogo nacional e progredindo em um processo mais amplo para implementar a resolução 2254 do Conselho de Segurança.
A situação de auxílio aos sírios é destaque em nota assinada pelo coordenador residente da ONU no país, El-Mostafa Benlamlih, e o chefe humanitário regional para a Crise Síria, Muhannad Hadi.
Para os altos funcionários, a Síria suportou um sofrimento incalculável, incluindo a perda de vidas, meios de subsistência, casas e esperança. O país é também uma das maiores crises de deslocamento do mundo, com 6,8 milhões de desalojados e 6,6 milhões de refugiados além-fronteiras.
Representantes humanitários destacam que milhões de pessoas estão no limite de sobrevivência em meio ao colapso de serviços básicos, surto de cólera, alta dos preços dos alimentos e da energia e uma crise econômica.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, ressalta a realidade de menores que abandonaram seus lares e tiveram a escolaridade interrompida por causa da guerra. O acesso aos cuidados de saúde e a outros serviços essenciais é limitado.
Mecanismos negativos de enfrentamento da crise, como casamento ou trabalho infantis, falta de alimentação e dívidas excessivas, tiveram grande impacto sobre o bem-estar infantil no país que tem 90% das pessoas vivendo na pobreza.
Quase 7 milhões de crianças carecem de assistência humanitária com a piora da situação econômica e a falta de alimentos, combustível e eletricidade. A Síria precisa ainda de itens básicos como banheiros, produtos de limpeza e mantimentos.