Grande parte da Argentina e países vizinhos da América do Sul vem enfrentando uma seca desde 2019. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, OMM, nos últimos quatro meses de 2022, a região recebeu menos da metade da quantidade média de chuvas.
Essa foi a menor precipitação em 35 anos. A ausência de água e as altas temperaturas, que resultam na seca, impactaram a agricultura, levando a perdas generalizadas das safras. Uruguai declarou emergência agrícola, em outubro de 2022, com 60% do território do país enfrentando uma estiagem extrema ou grave.
A Argentina é um dos maiores exportadores de trigo do mundo, mas as safras para 2023 devem diminuir cerca de 28% em relação ao ano passado. A região também atravessa intensas ondas de seca e calor, com as mudanças climáticas aumentando em frequência, intensidade e duração.
Na Argentina, o período de novembro a janeiro foi o mais quente já registrado. O país está agora enfrentando a oitava onda de calor da temporada.
Incêndios arrasadores atingiram a região central do país, e o vizinho Chile, derretendo as geleiras andinas, prejudicando a qualidade do ar e levando nuvens de fumaça pelo Pacífico.
De acordo com o último relatório da OMM sobre o Estado do Clima na América Latina, a mega seca na área central do Chile dura mais de 13 anos. É a mais longa na região em pelo menos mil anos, colocando o país na vanguarda da crise hídrica da América do Sul.
Cientistas de seis países avaliaram até que ponto as mudanças climáticas induzidas pelo ser humano alteraram a probabilidade e a intensidade da baixa pluviosidade que levou à seca, nos meses de outubro a dezembro de 2022.
A análise rápida do World Weather Attribution concluiu que a mudança climática não foi o principal fator da redução das chuvas. Mas também mostrou que as mudanças climáticas aumentaram as temperaturas na região, o que provavelmente reduziu a disponibilidade de água e agravou os impactos da seca.
Um fator importante sobre a diminuição das chuvas é que a América do Sul vive atualmente os efeitos de um terceiro ano consecutivo de La Niña.
O fenômeno natural influencia os padrões climáticos em várias partes do mundo, incluindo a redução da pluviosidade. Até o final deste mês, a OMM emitirá a próxima atualização do El Niño/La Niña e do clima sazonal global.