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OMS conclui primeira fase de vacinação contra pólio em Gaza

O secretário-geral da ONU exigiu que as partes protejam as vidas e as “necessidades essenciais” dos civis em toda a Faixa de Gaza e pediu que parem de usar escolas para fins militares.

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13 de setembro de 2024
OMS conclui primeira fase de vacinação contra pólio em Gaza
Foto: UNRWA - Hussien Jaber

A Organização Mundial da Saúde (OMS) comemorou, na sexta-feira, a conclusão da primeira fase da campanha de vacinação contra a pólio na Faixa de Gaza. De acordo com a agência da ONU, mais de 560 mil crianças com menos de dez anos foram imunizadas, apesar dos desafios enfrentados no enclave. 

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, elogiou as equipes responsáveis pela operação, destacando que “esse é um grande sucesso em meio à trágica realidade diária vivida na região.”

Segundo a Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, a campanha teve 90% de cobertura e se prepara para iniciar a segunda rodada, que deve acontecer nas próximas semanas.

Em contraste com esse avanço, na quinta-feira, o chefe da ONU descreveu como “inconcebível” a contínua falta de proteção efetiva para os civis em Gaza durante a guerra em curso entre Israel e o Hamas.

Em uma declaração divulgada por meio de seu porta-voz, António Guterres condenou o último ataque israelense a uma escola que servia de abrigo em Nuseirat na quarta-feira, que matou seis funcionários Unrwa. Há registros de pelo menos 12 outras mortes, incluindo mulheres e crianças.

A ONU afirma que esse incidente aumenta para 220 o número de funcionários da agência mortos nesse conflito. De acordo com a organização, as Forças de Defesa de Israel declararam que tinham como alvo um centro de comando e controle no complexo.

O secretário-geral da ONU exigiu que as partes protejam as vidas e as “necessidades essenciais” dos civis em toda a Faixa de Gaza e pediu que parem de usar escolas e abrigos, ou as áreas ao redor deles, para fins militares.

A Unrwa também lamentou a morte de um funcionário durante a noite no campo de El Far’a, no norte da Cisjordânia. Ele foi baleado e morto no telhado de sua casa por um franco-atirador durante uma operação militar israelense na madrugada de 12 de setembro. Essa é a primeira vez que um membro da equipe é morto na Cisjordânia em mais de dez anos.

O norte da Cisjordânia passou por semanas de operações militares israelenses prolongadas. A infraestrutura civil, incluindo redes de água e eletricidade, foi destruída, com acesso precário das comunidades a suprimentos básicos.

A Unrwa foi forçada a suspender os serviços aos refugiados devido ao risco para a equipe e os beneficiários durante essas operações.

O impacto da violência na situação econômica do território palestino ocupado foi avaliado em um relatório publicado pela ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad. A crise é impulsionada pelo colapso do PIB per capita, pobreza generalizada e aumento do desemprego na área.

O estudo destaca a escala de deterioração econômica e o declínio sem precedentes na atividade econômica, superando em muito o impacto de todos os confrontos militares anteriores. As pressões inflacionárias, combinadas com o aumento do desemprego e o colapso da renda, empobreceram gravemente as famílias palestinas.

O impacto combinado da operação militar em Gaza e suas repercussões na Cisjordânia provocaram um choque sem paralelo que sobrecarregou a economia palestina em todo o território ocupado, incluindo Jerusalém Oriental.

No início de 2024, entre 80% e 96% dos ativos agrícolas de Gaza – incluindo sistemas de irrigação, fazendas de gado, pomares, maquinário e instalações de armazenamento – haviam sido dizimados, prejudicando a capacidade de produção de alimentos da região e piorando os já altos níveis de insegurança alimentar.

A destruição também atingiu duramente o setor privado, com 82% das empresas, um dos principais motores da economia de Gaza, danificadas ou destruídas. Os danos à base produtiva continuaram a se agravar à medida que a operação militar persiste.

O Produto Interno Bruto de Gaza despencou 81% no último trimestre de 2023, levando a uma contração de 22% no ano inteiro. Em meados de 2024, a economia de Gaza havia encolhido para menos de um sexto de seu nível de 2022. O otimismo inicial de um crescimento de 4% do PIB na Cisjordânia durante os três primeiros trimestres de 2023 foi abruptamente revertido por uma contração sem precedentes de 19% no quarto trimestre.

Essa queda acentuada resultou em um declínio anual geral do PIB de 1,9%. Além disso, o PIB per capita diminuiu 4,5%, indicando uma queda substancial nos padrões de vida e na renda familiar. Segundo o Unctad, o desempenho da economia palestina tem sido influenciado por fatores externos, principalmente pelas medidas tomadas por Israel e, em menor grau, pelas flutuações nos fluxos de ajuda.

A agência enfatiza que a ocupação prolongada continua sendo o principal obstáculo ao desenvolvimento econômico sustentável. As restrições persistentes ao investimento, à mobilidade da mão de obra e ao comércio minaram sistematicamente o potencial econômico, exacerbando a pobreza e a instabilidade.

Assim, o relatório faz eco ao apelo do chefe da ONU por medidas urgentes para apoiar e fortalecer as instituições palestinas, destacando a necessidade de aprimorar os esforços de construção da paz.

O relatório oferece uma análise abrangente dos graves desafios econômicos enfrentados pelo Território Palestino Ocupado. levantamento pede uma intervenção imediata e substancial da comunidade internacional para interromper a queda livre da economia, enfrentar a crise humanitária e estabelecer as bases para uma paz e um desenvolvimento duradouros.

Isso inclui a consideração de um plano de recuperação abrangente para o Território Palestino Ocupado, o aumento da ajuda e do apoio internacional, a liberação de receitas retidas e a suspensão do bloqueio a Gaza.