País
Interferência

Nunes nega motivo político em suspensão de aborto legal

O prefeito e candidato à reeleição na prefeitura de São Paulo afirmou que a medida foi tomada com base em critérios técnicos.

Compartilhe:
12 de agosto de 2024
Vinicius Palermo
Nunes nega motivo político em suspensão de aborto legal
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), negou que a decisão de suspender a realização de aborto legal no Hospital Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte da cidade, tenha sido motivada por razões políticas. Em entrevista ao G1 na segunda-feira, 12, o prefeito e candidato à reeleição afirmou que a medida foi tomada com base em critérios técnicos.

“Não é o prefeito, um jornalista ou alguém fora daquele contexto que tem melhor condição de definir onde o procedimento pode ser realizado que não o médico que está ali”, afirmou o prefeito, destacando que a prefeitura não suspendeu a realização de abortos legais na cidade, mas redirecionou o procedimento para outras unidades de saúde, liberando o Hospital Vila Nova Cachoeirinha para realizar outras cirurgias, como as de endometriose.

Sobre a negativa de aborto para duas mulheres, ele respondeu: “Se for o procedimento dentro da legalidade, isso vai ser feito aqui. Nem o Alexandre de Moraes tem melhor condição de definir do que o médico que está na ponta, no dia a dia”, declarou Nunes.

Em junho, o ministro do STF determinou que hospitais de São Paulo comprovassem o cumprimento de sua decisão de 17 de maio que suspendeu a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que restringia o aborto legal, “sob pena de responsabilização pessoal de seus administradores”.

Sem citar diretamente o ministro, Nunes criticou “alguém lá de Brasília, de não sei de onde, querer opinar no dia a dia do trabalho dos técnicos”. E reforçou: “Isso é técnico, não é político, são decisões técnicas.”

Em junho, a prefeitura informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que fez 68 abortos legais na rede municipal de saúde em 2024. Apenas quatro procedimentos foram realizados em mulheres com mais de 22 semanas de gestação. Os abortos legais em mulheres com mais de 22 semanas de gestação foram realizados em janeiro, fevereiro e abril, ou seja, e nenhum foi feito após a suspensão da resolução.

Nunes também foi questionado sobre a razão de sua visita à garagem da UPbus, empresa investigada por suposta associação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), no dia seguinte à operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O prefeito justificou a visita afirmando que estava “pensando nos passageiros”. “Eu penso no passageiro. De manter o serviço sem interrupção”, declarou.

O prefeito de São Paulo registrou sua candidatura à reeleição e declarou um patrimônio de R$ 4.843 350,91 à Justiça Eleitoral. O bem de maior valor na declaração de Nunes corresponde a uma cota em um fundo de investimentos de R$ 1.139.295,48. O prefeito de São Paulo também informou ter R$ 427.026,24 em uma conta corrente.

Em 2020, quando compôs como vice na chapa à reeleição do então prefeito Bruno Covas (PSDB), Nunes declarou ter R$ 4.836.716,54 em bens. A diferença para este ano é de R$ 6.634,37, o que corresponde a 0,13% do patrimônio de Nunes.

Ricardo Nunes também declarou ser dono de sete terrenos e fazendas. O terreno de maior valor venal está localizado em Campinas, no interior paulista, e é avaliado em R$ 390 mil. O emebedista também informou ser dono de uma fazenda em Minas Gerais.

As outras cinco terras declaradas pelo candidato à reeleição estão localizadas em Parelheiros, na zona rural da capital paulista.

Além dos terrenos e fazendas, Nunes afirmou à Justiça Eleitoral ser dono de dois imóveis urbanos: um sobrado em Parelheiros, de R$ 228 mil, e um apartamento na Cidade Dutra, de R$ 605 mil.

Entre as demais aplicações financeiras e outros depósitos em contas corrente, o prefeito informou ser dono de um trator agrícola avaliado em R$ 175.607,11.

O coronel Ricardo Mello de Araújo (PL), vice-prefeito na chapa de Ricardo Nunes, declarou um patrimônio de R$ 3.629.006,37 ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na declaração de bens de Mello, o item de maior valor é um prédio residencial em Monte Alegre do Sul, no interior paulista, avaliado em R$ 850 mil. O ex-comandante da Rota também afirmou ser dono de um apartamento de R$ 800 mil em Pinheiros, bairro nobre da capital, e de um imóvel de R$ 600 mil no Parque São Jorge.

Além das aplicações financeiras, o ex-diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) também declarou ter dois conjuntos comerciais em São Paulo: um na avenida 9 de Julho, de R$ 450 mil, e outro localizado na rua Haddock Lobo, de R$ 400 mil.