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Número de ataques cresce em áreas repletas de civis

Pelo menos três pessoas da mesma família morreram após um ataque aéreo no mercado Al-Muwaliyyah, que teria partido das Forças Armadas do Sudão.

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09 de junho de 2023
Número de ataques cresce em áreas repletas de civis
Foto: Aristophane Ngargoune - Acnur

O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos revelou preocupação com o que considera “impacto arrasador” dos confrontos no Sudão sobre civis.

Uma série de ataques fatais ocorreu na semana passada em áreas repletas de civis. O centro de comércio de gado na capital Cartum, áreas residenciais, campos de refugiados e um orfanato foram alguns dos alvos.

O escritório pede a proteção dos civis e o respeito às leis internacionais humanitárias e de direitos humanos. Outro apelo é que sejam investigadas todas as violações “de forma eficaz e independente e que os autores sejam responsabilizados”.

Na quarta-feira, pelo menos três pessoas da mesma família morreram após um ataque aéreo no mercado Al-Muwaliyyah. O ataque teria partido das Forças Armadas do Sudão, que confrontam paramilitares da Força de Reação Rápida, RFS, desde 15 de abril.

No mesmo dia, um projétil matou uma criança após atingir uma residência em Al-Shajraa, sul da capital Cartum. Na segunda-feira, novos ataques aéreos perto de um Complexo Esportivo tiraram a vida de pelo menos10 refugiados.

A violência também matou mais de 70 crianças num orfanato desde o início dos confrontos em abril. Um dos motivos foi a falta de suprimentos médicos. O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, informou que quase 300 crianças órfãs foram evacuadas após expostas ao fogo cruzado.

As mortes no Orfanato Mygoma ocorreram principalmente por fome, desidratação e infeções agravadas pelo impedimento de acesso dos funcionários ao local.

O Escritório de Direitos Humanos recebeu relatos de violência sexual com pelo menos 12 incidentes registrados.

O total de vítimas podem ser ainda maior. Pelo menos três incidentes afetaram meninas. Num deles foram estupradas pelo menos 18 mulheres.

O escritório observa ainda um aumento em desaparecimentos forçados, detenção arbitrária e ameaças a jornalistas, e mais casos de discurso de ódio e desinformação online.

Uma lista com nome de jornalistas, que supostamente apoiam uma das partes do conflito, estaria circulando em redes sociais e entre os comentários há ameaças de morte.

Várias centenas de pessoas já perderam a vida no conflito que está prestes a completar dois meses. A mais recente atualização da Organização Mundial da Saúde, OMS, destaca que o número de mortos nos primeiros 30 dias de combates no Sudão ultrapassa 600.