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Risco alto

Número de afetados por desastres aumentou 80% em oito anos

O terremoto na Turquia e na Síria e o ciclone Mocha em Mianmar e Bangladesh evidenciam que os desastres “não conhecem fronteiras”.

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18 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Número de afetados por desastres aumentou 80% em oito anos
Nenhum país está em dia com os compromissos internacionais para diminuir o risco de desastres naturais.

Nenhum país está em dia com os compromissos internacionais para diminuir o risco de catástrofes. A declaração foi feita na Assembleia Geral durante a Reunião de Alto Nível sobre a Revisão Intermediária do Marco de Sendai para Redução de Risco de Desastres.

A assessora de agendas globais da Prefeitura de Barcarena, no estado brasileiro do Pará, Patrícia Menezes, está em Nova Iorque para participar do encontro. E para ela, o mais importante é a prevenção.

“A redução de riscos precisa ter uma visão holística e integrada para além de desastres como enchentes, deslizamentos, tsunamis. É preciso ter uma visão mais integrada de risco, levando em consideração também fatores econômicos e sociais, pandemias e demais riscos associados que estão presentes no dia a dia das cidades, sejam elas pequenas, médias ou grandes.”

O município de Barcarena foi o primeiro no Pará a estabelecer como prioridade a produção e a disseminação de conhecimento sobre mudança do clima e oceano, alinhados à Agenda 2030 das Nações Unidas.

Na abertura da reunião, o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Csaba Korosi, disse que para gerenciar melhor os riscos, é preciso entender “como os desastres estão conectados” e como a ação humana está contribuindo para perpetuá-los.

Ele disse que o terremoto na Turquia e na Síria e o ciclone Mocha em Mianmar e Bangladesh evidenciam que os desastres “não conhecem fronteiras”. Korosi ressaltou a conexão entre estes eventos e a ação ou falta de ação humana.

Um sobrevivente do terremoto na Turquia, Mustafa Kemal Kilinç, contou no evento que os momentos de angústia sem saber quem havia morrido na tragédia e as dificuldades com falta de abrigo, água e energia.

Ele disse que na cidade onde vivia, a destruição física foi enorme. Cerca de 14 mil construções caíram por terra. Além disso, 70 mil tiveram danos graves. Ele comparou a devastação ao equivalente à destruição de 20% dos prédios da ilha de Manhattan, em Nova Iorque.

Kemal Kilinç disse que só está vivo hoje porque o edifício em que vive é preparado para eventos extremos e por isso não caiu no terremoto.

O Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres foi adotado em março de 2015, durante a Terceira Conferência Mundial da ONU para a Redução de Riscos de Desastres. Ele tem por objetivo diminuir casos de mortes, destruição e deslocamentos causados por catástrofes naturais.

A reunião de revisão tem como objetivo entender a origem e a conexão entre os riscos, sejam eles naturais, ambientais, relacionados ao clima, biológicos ou tecnológicos. Além disso, a meta é revisar medidas adotadas.

O relatório com as conclusões e recomendações da revisão intermediária constatou que “o progresso estagnou e, em alguns casos, foi revertido”.

Entre os retrocessos está o aumento de 80% no número de pessoas afetadas por desastres desde 2015. Além disso, os custos dos desastres continuam altos, com uma média acima de US$ 330 bilhões por ano entre 2015 e 2021.

Os dados indicam que não houve aumento proporcional no financiamento para a redução do risco de desastres. A reunião de dois dias irá examinar opções para acelerar e ampliar ações que coloquem os países no rumo das metas estabelecidas em 2015.