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El Niño

Nova imagem de satélite da Nasa mostra o aquecimento das águas do Oceano Pacífico

O fenômeno EL Niño, caracterizado justamente pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, impacta o clima mundial

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24 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Nova imagem de satélite da Nasa mostra o aquecimento das águas do Oceano Pacífico
O El Niño pode causar tragédias climáticas em várias regiões

O El Niño começou oficialmente no dia 8 de junho e uma imagem de satélite divulgada nesta semana pela Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) já mostra o aumento do nível do mar provocado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, em especial próximo à linha do Equador.

O fenômeno, caracterizado justamente pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, impacta o clima mundial, podendo causar furacões no Atlântico e ciclones no Pacífico. Ele geralmente acontece em um intervalo de três a sete anos, intercalando com La Niña, que é quando a temperatura das águas diminui, também gerando impactos climáticos por toda a Terra.

Enquanto no La Niña o nível do mar tende a baixar, no El Niño, ele aumenta, já que a água se expande com o calor. Por isso o aumento no volume de água indica o aquecimento – o volume acontece principalmente na região da linha do Equador porque é onde a incidência dos raios solares é maior.

Na imagem da Nasa, é possível ver as anomalias no volume de água entre os dias 1º e 10 de junho. Em azul, estão os locais onde o nível do mar estava abaixo da média. Em vermelho, onde estavam acima da média. Em branco, onde o volume está dentro da média.

Por conta das mudanças climáticas, o El Niño tende a ser mais forte este e nos próximos anos, apontam especialistas. Um alerta da Organização Meteorológica Mundial, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), chama atenção para uma pesquisa publicada na revista Science que mostra danos econômicos de US$ 84 trilhões neste século por conta do fenômeno, o equivalente a R$ 413 trilhões.

Esses prejuízos seriam oriundos da perda de safras motivada por secas extraordinárias e pela escalada de doenças tropicais, logo, a perspectiva ainda é pior pra países tropicais, como o Brasil. De acordo com os pesquisadores, eles devem acontecer mesmo que as promessas de corte de emissões de gases do efeito estufa sejam cumpridas.

A mudança climática está forçando a comunidade humanitária a inovar e se adaptar na forma como lida com a assistência em todo o globo. Na reunião do Conselho Econômico e Social da ONU, Ecosoc, encerrada na sexta-feira, em Genebra, o diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, afirmou que a agência segue apoiando autoridades locais e nacionais a fazerem um melhor uso dos dados sobre clima e se preparar para deslocamentos internos e outras emergências. 

António Vitorino acredita que essas informações facilitarão a forma como os trabalhadores humanitários e os governos coordenam a resposta a eventos climáticos que forçam as pessoas a deixar suas casas. 

O debate ocorreu no Segmento Humanitário do Ecosoc, em Genebra, que reúne legisladores e representantes dos países-membros da ONU, além de chefes de agências da organização e parceiros do trabalho humanitário.  

A plataforma, conhecida na sigla em inglês como Ecosoc HAS, tem sido o espaço para discussões sobre fortalecimento da eficiência da assistência humanitária desde 1998.  

Com o aumento da frequência de desastres naturais repentinos, a resposta nacional e internacional, quando solicitada, tende a ficar prejudicada, principalmente com a chegada tardia de fundos e recursos financeiros. 

A OIM lembra que somente em 2018, houve mais de 17,2 milhões de novos deslocados internos associados a desastres naturais em 148 países e territórios. 

Um dos exemplos citados no Segmento Humanitário do Ecosoc foi o da Somália. Apesar de se saber que a onda de deslocados internos pela seca seria grande, a resposta do financiamento foi lenta e não pôde atender, de forma eficiente, às áreas afetadas. 

Este ano, eventos paralelos e de alto nível sobre desastres e deslocamentos, relacionados à mudança climática, foram copatrocinados pela União Europeia, agências da ONU e pelas organizações da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.