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Nível do Guaíba volta a subir e inunda ruas de Porto Alegre

O nível do Lago Guaíba, em Porto Alegre, voltou a superar a cota de inundação (3,6 metros) na madrugada de segunda-feira

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03 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Nível do Guaíba volta a subir e inunda ruas de Porto Alegre
Devido as fortes chuvas, o bairro de Cavalhadas em Porto Alegre ficou alagado. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O nível do Lago Guaíba, em Porto Alegre, voltou a superar a cota de inundação (3,6 metros) na madrugada de segunda-feira, 3, conforme medição realizada na Usina do Gasômetro, na região central da cidade. Da 0h às 7h da manhã, a água subiu cerca de 46 centímetros, atingindo pico de 3,86 metros. Desde então, a inundação baixou alguns centímetros, mas continua atingindo as ruas da capital gaúcha.
No sábado, 1º, o nível ficou abaixo da cota de inundação pela primeira vez em um mês de enchentes no Rio Grande do Sul. Às 11h daquele dia, a medição marcou 3,52 metros.

De acordo com a agência meteorológica MetSul, a cheia registrada na segunda-feira está relacionada ao vento forte no norte da Lagoa dos Patos, que dificulta o escoamento do Guaíba. A vazão mais lenta e o represamento das águas têm como consequência a elevação do nível em Porto Alegre.

Durante a manhã, quem esteve na região do Cais Mauá, no centro histórico, encontrou a água batendo na altura da canela. Já na zona sul, o vento forte levou à formação de ondas na orla do lago, que foi novamente inundada.

No início da tarde, segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação, a cidade tinha 17 vias completamente bloqueadas pela enchente.

Mais de 616,6 mil pessoas ainda estão impossibilitadas de voltar para suas casas no Rio Grande do Sul, devido à calamidade pública provocada pelas fortes chuvas que caíram no estado entre o fim de abril e maio.

Entre elas, 37.154 estão abrigadas temporariamente em um dos 857 abrigos provisórios disponibilizados pelo estado. De acordo com o balanço das enchentes atualizado pela Defesa Civil no estado, nesta segunda-feira (3), 579.457 pessoas ainda estão desalojadas, morando temporariamente em casas de parentes, amigos ou à beira de estradas, enquanto não podem retornar às suas residências.

A tragédia provocou 172 mortes, conforme divulgado pela Defesa Civil neste domingo. E 42 pessoas ainda seguem desaparecidas. Desde o início das fortes chuvas, 77,8 mil pessoas foram resgatadas e também 12,5 mil animais silvestres, domésticos e de produção foram resgatados das enchentes, como cachorros, gatos, cavalos, porcos, bois e galinhas.

No período de pouco mais de um mês da ocorrência dos eventos climáticos 2.390.556 pessoas foram afetadas direta ou indiretamente por eles, o que equivale a 21,97% da população total do estado (10,88 milhões de habitantes, residentes em 475 municípios impactados pelas chuvas e cheias.

O nível do Guaíba, que banha a região metropolitana de Porto Alegre, voltou a subir no domingo e alagou algumas ruas de Porto Alegre (RS) na manhã de segunda-feira (3).

Às 10h, o lago área da Usina do Gasômetro chegou a 3,80 metros (m), 20 centímetros acima da nova cota de inundação, de 3,60 m no centro da cidade, com tendência de queda, desde o início desta manhã.

O boletim do governo do Rio Grande do Sul sobre os serviços de infraestrutura do estado, atualizado às 9h, de segunda-feira, aponta que a Lagoa dos Patos, no bairro do Laranjal, está com o nível de 2,21m, quase um metro acima da cota de inundação fixada em 1,30m.

O Rio Gravataí, na medição no balneário de Passo das Canoas, está com 4,81m, enquanto a cota de inundação dele é 4,75m.

Já os rios que voltaram a ficar abaixo de seus respectivos níveis de inundação são os Rios dos Sinos, no município de São Leopoldo: 4,33m (cota de inundação: 4,50m), Taquari, na cidade de Muçum, atualmente com 3,49m (cota de inundação: 18m), Caí, medido em Feliz, com nível de 2,16m (cota de inundação: 9m); Uruguai, em Uruguaiana, medindo 7,32m (cota de inundação: 8,50m).

A partir de segunda-feira (3), os trens da região metropolitana de Porto Alegre passam a circular das 6h às 20h, diariamente, no trecho entre as estações Mathias Velho, em Canoas, e Novo Hamburgo, com intervalos de 35 minutos entre as viagens. A informação é da Empresa de Trens Urbanos (Trensurb) da capital do Rio Grande do Sul, publicada na rede social Instagram.

 O novo horário é mais ampliado que o anunciado pela Trensurb, na quarta-feira (29), das 6h às 18h. Após quase um mês com a circulação de trens interrompida, por causa das cheias dos rios e do lago Guaíba, os trens voltaram a funcionar na quinta-feira (30), com 13 estações em cinco municípios da região metropolitana.

Nesta fase de operação emergencial não haverá cobrança de passagem, uma vez que os sistemas de bilhetagem da Trensurb também foram afetados pelas águas que inundaram as estações e seguem inoperantes.

De acordo com a companhia, dois trens circularão no trecho Mathias Velho – Unisinos por ambos os lados da ferrovia, enquanto outro fará o trajeto de ida e volta, em via única, entre as estações Unisinos e Novo Hamburgo – sendo necessário que o passageiro faça a baldeação (mudança de composição) na estação Unisinos, para os usuários que forem seguir viagem.

A retomada das operações é gradual, e mais estações serão incluídas no trajeto, explicou a Trensurb. De acordo com a companhia, novos horários de funcionamento serão acrescentados à medida que seja possível operar com mais condições de segurança.

Os passageiros que precisam se deslocar até Porto Alegre ou voltar da capital gaúcha terão à disposição o serviço de ônibus que faz trajeto pela região metropolitana, ao preço de R$ 6,85 por passageiro.