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Desastre climático

Nível do Guaíba sobe e alaga o centro de Porto Alegre

Ruas do centro histórico da capital gaúcha e a rodoviária foram tomadas pela água na sexta-feira, 3, e população foi orientada a deixar a região.

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04 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Nível do Guaíba sobe e alaga o centro de Porto Alegre
Águas do Guaíba tomam a Região Metropolitana de Porto Alegre

Por causa das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, o nível do Guaíba, um dos principais rios do Estado, já é o maior desde 1941. Naquele ano, as águas atingiram 4,76 metros, inundando grande parte do centro de Porto Alegre. Ruas do centro histórico da capital gaúcha e a rodoviária foram tomados pela água na sexta-feira, 3, e população foi orientada a deixar a região.

No Estado, o temporal deixou 31 mortos e 74 desaparecidos até agora. Em mais de 200 municípios houve registro de áreas ilhadas, interrupção do abastecimento de energia elétrica e rompimento de barragem.

De acordo com monitoramento da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Estado, o nível se mantém em elevação na manhã desta sexta-feira, atingindo 3,7 metros na medição mais recente. O Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estima que o nível possa chegar a 5 metros.

Na região do Cais Mauá, em Porto Alegre, uma estação de bombeamento de águas pluviais transbordou nesta manhã e as ruas do centro histórico foram tomadas pela enchente.

O desastre climático é classificado como de grande intensidade, o que motivou decreto de calamidade pública pela prefeitura da capital gaúcha e pelo governo do estado.

O Guaíba recebe as águas de diferentes bacias hidrográficas afetadas pelos temporais, como Taquari e Caí. Nas últimas décadas, segundo a agência MetSul, o limite de três metros só foi ultrapassado em três ocasiões: em setembro de 1967 (3,11 metros), setembro de 2023 (3,18 metros) e novembro de 2023 (3,46 metros).

Com as inundações, o sistema de abastecimento de água Moinhos de Vento, que atende 21 bairros da capital gaúcha, teve a operação suspensa pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).

“Estamos atuantes de forma ininterrupta em toda a cidade, mas pedimos atenção especial da população do Centro Histórico e 4º Distrito. Evitem deslocamentos. O Guaíba está avançando e, apesar do fechamento das comportas do Cais Mauá, há a possibilidade de alagamentos nesta área”, declarou o prefeito Sebastião Melo (MDB).

Os alagamentos que atingem dezenas de ruas motivaram a interrupção de serviços de saúde e cancelamento de aulas.

Na manhã de sexta, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) orientou que a população evite deslocamentos pela capital gaúcha. Todos os acessos ao centro histórico da cidade estão bloqueados.

Propriedades rurais do interior do Rio Grande do Sul estão isoladas por causa dos efeitos das chuvas que assolam o Estado durante toda a semana. A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) relatou o impacto, provocado pela queda de barreiras em estradas e vias vicinais, além dos alagamentos. Segundo a Gadolando, a produção de leite está reduzida e há dificuldade em escoá-lo.

“Muitas (propriedades) estão alagadas e isoladas por causa da queda de barreiras, o que significa o não recolhimento de leite e, portanto, o não abastecimento à indústria que, por sua vez, não tem mais embalagens para o envasamento do pouco produto que chega”, afirmou, em nota, o presidente da Gadolando, Marcos Tang.

De acordo com o dirigente, os produtores rurais também enfrentam a falta de combustível e alimentação para as vacas em suas fazendas.

“Sei de propriedades, com grande número de vacas, que estão ordenhando uma vez ao dia só porque têm pouquíssimo combustível. Não conseguem buscar mais e estão tocando os geradores com este combustível. Os produtores estão fazendo alguns trajetos a pé, pegando óleo em pequenas quantidades, enquanto for possível. Temos relatos de uma enorme diminuição de ração para os animais, pois faltará o produto em alguns estabelecimentos”, disse.

A Gerdau também suspendeu as operações siderúrgicas nas unidades de Charqueadas e Riograndense, ambas no Rio Grande do Sul, em função das fortes chuvas que têm atingido o Estado desde o domingo.
O diretor-presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, informou na sexta-feira, 3, durante teleconferência com analistas, que a decisão foi tomada com foco em fortalecer a segurança dos colaboradores da empresa, em meio ao impacto social que as fortes chuvas têm provocado.

O executivo acrescentou que tem dialogado com as autoridades locais para prestar toda a assistência possível. “É muito importante garantirmos a segurança, saúde e a mitigação do impacto desse dano na vida de nossos colaboradores”, afirmou Werneck.

A perspectiva é que as unidades de Charqueadas e Riograndense retornem às atividades já neste próximo final de semana. Werneck mencionou ainda que as chuvas não devem afetar as operações nas unidades do ponto de vista comercial.