Mundo
Invasão

Netanyahu renova alerta a Irã e Hezbollah

A expectativa é que Israel realize uma invasão por terra da Faixa de Gaza. Mas o país também se prepara para uma potencial nova frente de conflito em sua fronteira Norte

Compartilhe:
16 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Netanyahu renova alerta a Irã e Hezbollah
O primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, advertiu militantes do Hezbollah no Líbano e seus apoiadores no Irã que pagariam um preço elevado, caso se envolvessem no conflito atual com o Hamas. Falando no Parlamento israelense na segunda-feira, 16, ele advertiu o Hezbollah e o Irã. “Não nos testem no Norte. Não cometam o erro do passado. Hoje, o preço que vocês pagarão será muito mais pesado”, disse, referindo-se à guerra de 2006 com o grupo.

A expectativa é que Israel realize uma invasão por terra da Faixa de Gaza. Mas o país também se prepara para uma potencial nova frente de conflito em sua fronteira Norte com o Líbano, onde já houve várias trocas de tiros com o Hezbollah. Os militares determinaram que moradores de 28 comunidades israelenses próximas à fronteira deixem suas casas.

O Exército de Israel informou na segunda-feira, 16, que 199 pessoas foram sequestradas pelo grupo terrorista Hamas no ataque violento de 7 de outubro, segundo um balanço atualizado. O número anterior citava 155 pessoas.

“Informamos as famílias de 199 reféns”, declarou o porta-voz militar, Daniel Hagari, em uma entrevista coletiva. O porta-voz afirmou que “os esforços relacionados aos reféns são uma prioridade nacional” e que “o Exército e Israel trabalham dia e noite para libertá-los”.

Mais de 1,4 mil pessoas morreram em Israel no ataque de 7 de outubro do Hamas, segundo as autoridades do Estado hebreu. Mais de 2.750 pessoas morreram em bombardeios israelenses de represália na Faixa de Gaza, enclave palestino governado pelo Hamas e cercado por Israel, informaram as autoridades locais.

No fim de semana, o Exército israelense realizou incursões pontuais no enclave, onde disse ter encontrado alguns cadáveres de reféns sequestrados. O Hamas afirmou que 22 “prisioneiros” morreram nos bombardeios israelenses.

A identificação de mais de mil vítimas civis em Israel está progredindo lentamente, onde as equipes forenses trabalham sem parar para recolher provas de DNA de familiares dos desaparecidos para comparar informações. De acordo com os últimos dados disponíveis, a polícia forense recebeu até agora 936 corpos de civis, dos quais 615 foram identificados e 494 entregues às suas famílias para sepultamento.

A jovem Tchelet Fishbein Za’arur (ou Celeste como a família a chama em português), de 18 anos, de família brasileira, está entre os sequestrados pelo Hamas, de acordo com os familiares. No dia do ataque, Celeste chegou a se esconder num bunker com o namorado, mas logo depois não deu mais notícias a família. No sábado, 14, depois de a família não ter encontrado DNA compatível com o da jovem entre as vítimas do ataque terrorista, o exército israelense confirmou que ela está na lista de sequestrados pelo Hamas.

Mais de um milhão de pessoas abandonaram suas casas na Faixa de Gaza antes da esperada invasão por terra de Israel que visa eliminar a liderança do Hamas, após os ataques mortais lançados pelo grupo militante palestino há mais de uma semana. Grupos de ajuda alertam que uma ofensiva terrestre israelense poderá acelerar a crise humanitária na região.

As forças israelenses, apoiadas por navios de guerra dos EUA, posicionaram-se ao longo da fronteira de Gaza e treinaram para o que Israel descreveu como uma ampla campanha para desmantelar o Hamas. Violentos ataques aéreos demoliram bairros ao longo da última semana, mas não conseguiram impedir o lançamento de foguetes de militantes contra Israel.

O conflito, que começou no último dia 7, tornou-se o mais mortal para ambos os lados das cinco guerras travadas em Gaza, com mais de 4.000 óbitos.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 2.750 palestinos foram mortos e outros 9.700 ficaram feridos. Já de acordo com Israel, mais de 1.400 israelenses foram mortos e ao menos 199 outros, incluindo crianças, foram capturados pelo Hamas e levados para Gaza.

O Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) deve votar na noite de segunda duas resoluções sobre a guerra entre Israel e o Hamas. A proposta da Rússia pede um cessar-fogo, enquanto a do Brasil busca “pausas humanitárias” para deixar a ajuda fluir e pede que Israel reverta sua ordem de que o norte de Gaza seja esvaziado. Caso alguma resolução seja adotada, seria o primeiro comunicado coletivo sobre a guerra do órgão mais poderoso da ONU.

Os dois rascunhos pedem a libertação de reféns. Com linguagem um pouco diferente, ambos condenam a violência contra civis, demonstram preocupação com o quadro humanitário na Faixa de Gaza e pedem que seja liberado o envio de alimentos, combustível e outras ajudas.

Os textos, porém, têm diferenças significativas. A proposta russa fala em “cessar-fogo humanitário”, enquanto a brasileira em “pausas humanitárias” e encoraja o estabelecimento de corredores humanitários e um mecanismo de notificação para proteger instalações da ONU e locais humanitários, bem como comboios de ajuda. O rascunho brasileiro pressiona Israel a cancelar sua ordem de que seja esvaziado o norte de Gaza, enquanto o russo fala em “criar condições para a saída segura de civis em necessidade”.

O Conselho de Segurança tem se mostrado cada vez mais dividido em muitas questões, em meio à guerra da Rússia na Ucrânia. A Rússia é membro permanente e, com isso, tem poder de veto nesse órgão da ONU, enquanto o Brasil é membro temporário, por dois anos, sem veto, mas ocupa atualmente a presidência rotativa do órgão.