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Netanyahu descarta parar guerra e diz que continuará até que o Hamas seja eliminado

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) adiou novamente a votação da resolução sobre um possível cessar-fogo em Gaza.

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20 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
Netanyahu descarta parar guerra e diz que continuará até que o Hamas seja eliminado
O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou na quarta-feira, 20, que o país continuará a guerra até o fim, que considera que ocorra quando o Hamas seja eliminado, classificando este cenário como uma vitória. Em pronunciamento, o dirigente disse: “quem pensa que vamos parar não está ligado à realidade.

Não deixaremos de lutar até atingir todos os objetivos que estabelecemos: a eliminação do Hamas, a libertação dos nossos reféns e a remoção da ameaça de Gaza”. Netanyahu afirmou ainda: “estamos atacando o Hamas com fogo. Em todos os lugares, inclusive hoje (quarta-feira). Também atacamos seus assistentes de perto e de longe. Todos os terroristas do Hamas, do primeiro ao último, são mortais. Eles têm apenas duas opções: render-se ou morrer”.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) adiou novamente a votação da resolução sobre um possível cessar-fogo em Gaza. O novo adiamento ocorreu enquanto membros do conselho mantinham negociações intensas para evitar outro veto dos Estados Unidos.

Em oito de dezembro, os EUA vetaram uma resolução do conselho de segurança da ONU apoiada por quase todos os outros membros e dezenas de outras nações que exigiam um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza.

“Ainda estamos trabalhando na resolução”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby. “É importante para nós que o mundo compreenda o que está em jogo, o que o Hamas fez no dia sete de outubro e como Israel tem o direito de se defender contra essas ameaças”.

O projeto discutido inicialmente, proposto pelos Emirados Árabes, pedia por uma “urgente e sustentável interrupção de hostilidades”. No entanto, a linguagem foi atenuada em um novo texto distribuído na terça-feira. A versão atualizada solicita uma “suspensão urgente das hostilidades para permitir o acesso humanitário seguro e sem entraves, assim como medidas para uma interrupção sustentável das hostilidades”.

A resolução também pede que o secretário-geral da ONU, António Guterres, estabeleça um mecanismo de monitoramento das entregas de ajuda humanitária a Gaza.

A diretora executiva do Fundo da ONU para Infância, Unicef, afirmou que as crianças em Gaza têm poucas opções de fontes confiáveis de água potável, crucial para a sobrevivência. Catherine Russell explica que a escassez deve aumentar o número de mortes entre os mais jovens, tanto pela privação como por doenças.

O alerta humanitário veio após mais de 10 semanas de bombardeios no enclave em resposta aos ataques terroristas do Hamas no sul de Israel. Na tentativa de escapar da violência, que impactaram fortemente a produção, tratamento e distribuição de água do território, mais de 1,4 milhão de pessoas em Gaza foram deslocados.

Muitos buscam abrigo nas instalações da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, ou em locais próximos.

O Unicef afirmou que as crianças deslocadas na região de Rafah recebem apenas de 1,5 a dois litros de água todos os dias, e que os serviços de água estão “à beira do colapso”. Segundo a agência, apenas para sobreviver, o mínimo estimado é de três litros por dia.

Pelo menos 50% das instalações de serviços básicos de água e saneamento foram danificadas ou destruídas em Gaza. O Unicef alerta que o impacto dessa situação nas crianças era particularmente preocupante, pois elas são mais suscetíveis à diarreia, doenças e desnutrição.

Segundo a agência, já foram registrados oficialmente quase 20 vezes a média mensal de casos relatados de diarreia entre crianças menores de cinco anos, além do aumento de casos de sarna, piolhos, catapora, erupções cutâneas e mais de 160 mil casos de infecção respiratória aguda.

Desde o início da crise, o Unicef e parceiros forneceram combustível para operar poços, estações de dessalinização, caminhões-pipa e gestão de resíduos e esgoto, juntamente com água engarrafada e recipientes de água para mais de 1,3 milhão de pessoas.

Mais de 45 mil galões foram distribuídos, juntamente com pelo menos 130 mil kits de higiene familiar, incluindo produtos de saúde menstrual e higiene e centenas de milhares de barras de sabão.

A agência da ONU destacou a necessidade de geradores para operar as instalações de água e saneamento, juntamente com tubulações plásticas para consertar a encanação danificada. Mas esses continuam sendo bloqueados de entrar em Gaza devido a “restrições de acesso”.

O alerta humanitário ocorreu em meio a uma crescente pressão internacional por uma nova pausa nos combates na Faixa de Gaza, para permitir a entrada de mais suprimentos de ajuda para os mais vulneráveis. A primeira pausa durou de 24 de novembro a 1 de dezembro.

O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, recentemente alertou que as pessoas estão desesperadas e faminta, enquanto postagens em redes sociais mostraram grupos de pessoas parando comboios de ajuda e removendo suprimentos.

“Em todo lugar que você olha, há abrigos improvisados. Em qualquer lugar que você vá, as pessoas estão desesperadas, com fome e aterrorizadas”, disse Lazzarini. 

Citando as autoridades de saúde de Gaza, a Unrwa disse em seu último relatório sobre a crise que mais de 19.450 palestinos foram mortos nos conflitos de acordo com as autoridades de saúde e cerca de 70% são mulheres e crianças.