Economia
Custos de transformação

Natura &CO registrou prejuízo de R$ 2,662 bilhões no 4º trimestre

O resultado, segundo a empresa, foi impactado pela perda de capital com a venda da The Body Shop, concluída em dezembro

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13 de março de 2024
Vinicius Palermo
Natura &CO registrou prejuízo de R$ 2,662 bilhões no 4º trimestre

A Natura &CO encerrou o quarto trimestre de 2023 com prejuízo líquido consolidado de R$ 2,662 bilhões, uma perda 199% maior que a registrada no mesmo intervalo de 2022. O resultado, segundo a empresa, foi impactado pela perda de capital com a venda da The Body Shop, cuja transação foi concluída em dezembro do ano passado e pelo impairment do ágio da Avon International.

Excluindo os custos de transformação, de reestruturação, operações descontinuadas e outros não recorrentes, o lucro líquido underlying foi de R$ 506 milhões, ante uma perda de R$ 49 milhões do mesmo intervalo do ano anterior.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 55,7 milhões entre outubro e dezembro, ante Ebitda positivo de R$ 65,3 milhões apurado um ano antes. Já o Ebitda ajustado foi de R$ 670,6 milhões, superior aos R$ 512 milhões do mesmo intervalo de 2022, com uma margem Ebitda ajustada de 10,1%, alta de 370 pontos-base em relação ao ano anterior.

A receita líquida consolidada da empresa caiu 17,4% no último trimestre de 2023 ante um ano, para R$ 6,613 bilhões. As despesas financeiras líquidas totais foram de R$ 617 milhões no quarto trimestre de 2023, em comparação com despesas de R$ 502 milhões apuradas no mesmo período do ano anterior.

“2023 foi um ano marcante para a Natura &Co, com avanços importantes e significativos nas frentes estratégica, operacional e financeira, e de balanço”, destaca o CEO do grupo, Fábio Barbosa, no release de resultados. Segundo o executivo, a empresa continuou a enxugar a estrutura da holding e registrou avanços na simplificação da companhia, como resultado dos desinvestimentos da Aesop e da The Body Shop.

“Em 2024, a alocação de capital continuará sendo um fator crítico para a criação de valor futuro, com foco em investimentos nos principais mercados e projetos. Ainda esperamos volatilidade na receita, mas com melhora de rentabilidade no ano, particularmente ex- Argentina”, destaca o executivo.

No aspecto operacional e financeiro, ele afirmou que a empresa priorizou a rentabilidade e a conversão de caixa ao invés do crescimento da receita. Com isso, a margem EBITDA ajustada subiu 310 bps em relação ao ano anterior, tendo registrado em todos os trimestres do ano, e o fluxo de caixa livre para a firma (FCFF) voltou ao campo positivo no ano.

O lucro do 4T-23 reforça a execução consistente da estratégia financeira e operacional ao longo do ano, com mais um trimestre de melhoria financeira significativa, mesmo levando em consideração os impactos contábeis da hiperinflação argentina.

A Natura usou os recursos da venda da Aesop para pagar mais de R$ 7,6 bilhões em dívidas, encerrando o ano com uma forte posição de caixa líquido de R$ 1,7 bilhão. O FCFF positivo, juntamente com um balanço patrimonial muito mais sólido, permitiu começar a otimizar a estrutura de capital e anunciar R$ 979 milhões em dividendos para este ano.

Os projetos estruturais continuam em andamento tanto na Latam quanto na Avon International, sendo que a Avon International já apresentou uma maior simplificação neste trimestre, com todo o negócio a ser gerenciado a partir de duas regiões (contra quatro anteriormente). Na América Latina, a Onda 2 continua a evoluir, com sólido desempenho da marca Natura no Brasil e tendência de recuperação da Avon, com melhorias observadas durante o trimestre em relação aos desafios iniciais mencionados no 3T-23, como atrasos nas entregas, falta de estoque e reorganização dos líderes de vendas. O nível de serviço no Peru e na Colômbia também já apresentou melhorias, o que permitiu que a equipe iniciasse uma implementação mais suave da integração de Natura e da Avon no Chile no início desse ano.

Barbosa anunciou a deslistagem do programa de ADRs3 da NYSE, em mais um passo para simplificar a estrutura. E em fevereiro de 2024, a empresa divulgou o início dos estudos para uma possível separação da Natura &Co e da Avon. “Continuamos a avaliar os méritos dessa potencial transação e manteremos o mercado informado assim que os estudos forem finalizados.”

A Natura &Co também manteve o seu compromisso de reduzir a diferença salarial entre homens e mulheres em todo o Grupo. “2023 marcou um capítulo fundamental na história da Companhia, lançando as bases para os horizontes ambiciosos que pretendemos alcançar em 2024. Estamos confiantes com os resultados positivos obtidos com a estratégia definida em 2022, mas precisamos continuar evoluindo. Margens e geração de caixa continuam sendo prioridades no curto prazo, abrindo caminho para investimentos adicionais em marcas e tecnologia.”

Em 2024, a alocação de capital continuará sendo um fator crítico para a criação de valor futuro, com foco em investimentos nos principais mercados e projetos. A empresa ainda espera volatilidade na receita, mas com melhora de rentabilidade no ano, particularmente ex-Argentina.