Estados
Regeneração

Natura amplia projeto de cultivo de palma sustentável na região Norte

A iniciativa, que visa reflorestar áreas degradadas na região Norte, segue as normas do Roundtable on Sustainable Palm Oil (RSPO) e Union for Ethical BioTrade (UEBT).

Compartilhe:
02 de março de 2024
Vinicius Palermo
Natura amplia projeto de cultivo de palma sustentável na região Norte
Iniciado há 15 anos com 18 hectares, o projeto ganhou escala ao longo do tempo.

A Natura, alinhada com a sua nova estratégia empresarial centrada na regeneração, anuncia a expansão do Sistema Agroflorestal (SAF) de Dendê, pioneiro no cultivo sustentável de óleo de palma. A iniciativa, que visa reflorestar áreas degradadas na região Norte, segue as normas do Roundtable on Sustainable Palm Oil (RSPO) e Union for Ethical BioTrade (UEBT).

Neste mês, o SAF Dendê foi impulsionado com a assinatura de um termo de cooperação com a Secretaria da Agricultura Familiar do Estado do Pará (SEAF), momento que marcou um compromisso estratégico para o desenvolvimento de políticas públicas com adoção práticas regenerativas.

Iniciado há 15 anos com 18 hectares, o projeto ganhou escala ao longo do tempo. Atualmente, conta com 182 hectares e a meta é atingir 40 mil hectares até 2035 para aumentar o volume de produção desse insumo e garantir o abastecimento sustentável para as operações da Natura. Para isso, a companhia está investindo no relacionamento com agricultores familiares, médios e grandes produtores, assim como na implementação de estratégias específicas para cada frente.

A startup Belterra Agroflorestas é a parceira responsável por fornecer apoio às famílias para a geração de renda e o desenvolvimento de formas sustentáveis para produzir as culturas essenciais dos SAF. “A Belterra atua em parceria com a Natura em três modelos de contrato, seja via arrendamento; parceria rural, em que fazemos o investimento financeiro e o produtor o manejo da área; ou ainda com apoio financeiro, quando o produtor já tem experiência na cultura, mas precisa de auxílio na obtenção de crédito”, acrescenta Valmir Ortega, CEO da Belterra Agroflorestas.

Mauro Costa, gerente sênior de suprimentos da Natura, explica que o óleo de palma é uma matéria-prima crucial para muitas indústrias, incluindo a cosmética, mas o cultivo desse insumo está historicamente vinculado ao desmatamento e a outros desafios sociais. Por isso, em 2007, a companhia decidiu que seria fundamental pensar em alternativas sustentáveis no longo prazo.

“As práticas regenerativas adotadas no SAF não só melhoram a fertilidade e alto estoque de carbono no solo, mas também incrementam a renda e o bem-estar do produtor, que pode comercializar outros ingredientes ao longo do ano. É um sistema no qual todos saem ganhando e materializa o conceito de regeneração, que está no coração do nosso modelo de negócio”, pontua Mauro.

Outras ambições públicas da Natura incluem o compromisso de aumentar para 30% os ingredientes-chave provenientes de comunidades e pequenos agricultores, com ênfase na regeneração, verificados e certificados por terceira parte independente. Além disso, a companhia busca assegurar que 100% do volume de pelo menos duas das principais commodities do negócio sejam produzidos por meio de práticas regenerativas. A marca também se compromete a garantir que todos os fornecedores, compostos por comunidades e pequenos agricultores, adotem abastecimento ético e práticas regenerativas em 100% de suas operações.

Fruto de cooperação técnica entre a Natura, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), o projeto revelou que o cultivo de palma em sistemas agroflorestais é mais produtivo e sustentável do que na monocultura tradicional. “Ao contrário da crença comum, o SAF Dendê demonstrou boa produtividade, geração de serviços ambientais e rentabilidade para os agricultores”, completa o gerente da Natura. Inicialmente, o projeto recebeu investimento da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e em 2016 da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), momento em que o Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (ICRAF) integrou o time de pesquisa.

O SAF Dendê tem alta diversidade na sua composição, assim como a floresta, ambiente original do dendê. Dessa maneira, a produção nesse sistema permite incluir outras plantas como a mandioca, banana, pimenta, ingá, cacau, açaí, bacaba e madeiras, que contribuem para diversificação da renda dos produtores. Quando comparado com a monocultura, o SAF apresenta maior produtividade, com rendimento de óleo superior e benefícios ambientais, incluindo melhor qualidade do solo e aumento da biodiversidade.

Mauro conta que as práticas regenerativas adotadas no sistema agroflorestal resultaram em melhor fertilidade e alto estoque de carbono no solo, chegando a 50% a mais do que no monocultivo, o que contribui significativamente para mitigar as emissões de gases de efeito estufa. “O ambiente do SAF Dendê também mostra ser resiliente, com produção contínua, crescimento ao longo dos anos e baixa incidência de problemas nutricionais, pragas ou doenças. O modo de cultivo traz não apenas benefícios econômicos, mas também aspectos socioambientais positivos, como o bem-estar dos agricultores”, completa.

Na Natura, o óleo de palma oriundo do SAF Dendê é hoje o principal ingrediente empregado no desenvolvimento de Biōme, marca de produtos de beleza e higiene em barra que tem como foco a regeneração das pessoas e do planeta. Com fórmulas veganas, zero plástico e até 100% de naturalidade, a linha emprega ingredientes derivados de soluções baseadas na natureza.

Biōme também inclui acessório para armazenar as barras produzido a partir de tecnologia inédita que captura gás metano e o transforma em bioresina. Atualmente, são comercializados cinco produtos em barra: shampoo de uso diário, shampoo de hidratação, condicionador, sabonete cremoso e sabonete esfoliante.