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Mísseis russos atingem hospital infantil em Kiev

O bombardeio russo teve como alvo cinco cidades ucranianas com mais de 40 mísseis de diferentes tipos, atingindo prédios residenciais e infraestrutura pública

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08 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Mísseis russos atingem hospital infantil em Kiev
Pelo menos 20 pessoas foram mortas e cerca de 50 pessoas ficaram feridas em todo o país

Mísseis russos mataram pelo menos sete pessoas e atingiram um hospital infantil na capital ucraniana, Kiev, na segunda-feira, enquanto outro ataque na cidade central ucraniana de Krivii Rih matou pelo menos dez.

O bombardeio russo teve como alvo cinco cidades ucranianas com mais de 40 mísseis de diferentes tipos, atingindo prédios residenciais e infraestrutura pública, disse o presidente ucraniano Volodmir Zelenski em uma postagem nas redes sociais. Pelo menos 20 pessoas foram mortas e cerca de 50 pessoas ficaram feridas em todo o país na investida da manhã de segunda-feira, 8, disse o ministro do Interior, Ihor Klimenko.

Em Kryvyi Rih, 31 pessoas ficaram feridas, além das dez mortes no que o chefe da administração da cidade, Oleksandr Vilkul, disse ser um ataque massivo de mísseis. Explosões também foram relatadas por autoridades locais na região central de Dnipropetrovsk. No hospital infantil Okhmatdit em Kiev, os socorristas estavam procurando pessoas sob os escombros de uma ala parcialmente desabada da instalação, disse Zelenski, acrescentando que o número de vítimas ainda não era conhecido. “É muito importante que o mundo não fique em silêncio sobre isso agora e que todos vejam o que a Rússia é e o que está fazendo”, disse Zelenski nas redes sociais.

O ataque ocorre na véspera de uma cúpula de três dias da Otan em Washington (EUA), que discutirá como garantir à Ucrânia o apoio inabalável da aliança e oferecer esperança aos ucranianos de que seu país possa superar o maior conflito da Europa desde a 2ª Guerra Mundial.

Um prédio de dois andares do hospital infantil foi parcialmente destruído. No prédio principal de dez andares do hospital, janelas e portas foram arrancadas e as paredes ficaram enegrecidas. Pessoal médico e moradores locais ajudaram a remover os escombros enquanto procuravam por crianças e trabalhadores médicos que poderiam estar presos embaixo. Voluntários formaram uma linha, passando pedras e destroços uns para os outros. A fumaça ainda saía do prédio, e voluntários e equipes de emergência trabalhavam com máscaras de proteção.

Foi o bombardeio russo mais pesado em Kiev em quase quatro meses. Os ataques à luz do dia incluíram mísseis hipersônicos Kinzhal, uma das armas russas mais avançadas, disse a força aérea ucraniana. O Kinzhal voa a 10 vezes a velocidade do som, tornando-o difícil de interceptar. Edifícios na cidade tremeram com as explosões.

Uma seção inteira de um prédio residencial de vários andares em um distrito de Kiev foi destruída, disseram as autoridades. A administração da cidade de Kiev relatou queda de destroços, presumivelmente de mísseis interceptados, em várias áreas de Kiev, causando incêndios. Espessas nuvens de fumaça subiam de vários bairros de Kiev.

O chefe do gabinete presidencial da Ucrânia, Andrii Yermak, disse que o ataque ocorreu em um momento em que muitas pessoas estavam nas ruas da cidade. O prefeito de Kiev, Vitalii Klitschko, disse que as avaliações oficiais das consequências do ataque ainda estavam sendo realizadas.

O porta-voz da ONU no país, Saviano Abreu, destacou os impactos dos últimos ataques. “Foi uma manhã terrível aqui na Ucrânia. Uma vez mais, infelizmente, uma onda de ataques em várias cidades aqui do país deixou um rastro terrível de destruição, de morte e de tristeza. […] O pior são as imagens terríveis, as piores que a gente viu, foi um hospital para crianças que foi atingido aqui em Kyiv. Crianças que estavam recebendo tratamento ficaram no meio da rua, os médicos tentando tirar essas crianças do meio e debaixo dos escombros.”

Saviano adicionou que o país vem sofrendo com uma crise energética, com cortes cada vez mais longos. Ele ressaltou que a guerra deve acabar e que as violações contra o direito internacional humanitário seguem.

“Além disso, aqui na cidade de Kyiv e em várias partes do país temos a situação agora com a crise energética, que também está afetando todo o país. Temos cortes energéticos de dez, doze horas por dia e vocês podem imaginar a situação dos hospitais, casas, negócios. Nada funciona sem eletricidade. E essa é outra consequência da guerra. Então, o que acontece hoje na Ucrânia é um exemplo a mais das consequências da invasão da Rússia. E isso tem que acabar. O Direito Internacional humanitário protege os civis e isso não está sendo respeitado.”

Denise Brown relatou que os ataques de segunda-feira aconteceram exatamente “quando as pessoas estavam começando o dia”. Além de reforçar que dezenas de pessoas foram vítimas dos ataques e destacar os danos ao hospital infantil no centro de Kyiv, ela afirmou que é inconcebível que crianças sejam mortas e feridas.

Brown adicionou que de acordo com a lei humanitária internacional, as instalações de saúde têm proteção especial e ressaltou que os civis devem ser protegidos. Esse ataque segue um alerta dos monitores do escritório de direitos humanos da ONU de que maio teve o maior número de vítimas civis causadas por ataques russos em quase um ano.

O Hospital Infantil Ohmatdyt, em Kyiv, e outras infraestruturas públicas também foram danificadas, juntamente com edifícios comerciais e residenciais em cidades como Dnipro, Kramatorsk, Kryviy Rih, Kyi e Pokrovsk.

De acordo com o relatório da Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, entre 1º de março e 31 de maio, pelo menos 436 civis foram mortos e outros 1.760 ficaram feridos.

As vítimas incluíram seis profissionais da mídia, 26 funcionários da área de saúde, cinco trabalhadores humanitários e 28 trabalhadores de serviços de emergência. O relatório da ONU acrescentou que 91% das vítimas estavam em território controlado pela Ucrânia e 9% em território ocupado pela Rússia.

No mesmo período do relatório, as autoridades russas informaram que 91 civis foram mortos e 455 ficaram feridos na Rússia devido a ataques lançados pelas forças armadas ucranianas, principalmente nas regiões de Belgorod, Briansk e Kursk.