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Ministro da China faz duras críticas aos EUA

A política de Washington para a China “desviou-se totalmente da trilha racional e sólida”, disse Qin a repórteres.

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08 de março de 2023
Vinicius Palermo
Ministro da China faz duras críticas aos EUA
o ministro de Relações Exteriores da China, Qin Gang, criticou os EUA duramente

Na primeira coletiva de imprensa desde que assumiu o cargo, o ministro de Relações Exteriores da China, Qin Gang, criticou os Estados Unidos (EUA) duramente na terça-feira (7) pela deterioração das relações bilaterais e apoio de Washington a Taiwan.

A política de Washington para a China “desviou-se totalmente da trilha racional e sólida”, disse Qin a repórteres, às margens da reunião anual do legislativo do país. Segundo Qin, Washington “pretende conter e suprimir a China em todos os aspectos e colocar os dois países presos em um jogo de soma zero”.

“O estabelecimento de grades de proteção e a não busca de conflitos significam simplesmente que a China não deve responder em palavras ou ações quando for caluniada ou atacada”, disse Qin.

“Se os EUA não pisarem no freio, mas continuarem acelerando no caminho errado, nenhuma grade de proteção poderá impedir o descarrilamento e certamente haverá conflito e confronto”, diss. “Essa competição é uma jogada imprudente, sendo que os interesses fundamentais dos dois povos e até mesmo o futuro da humanidade estão em jogo.”

O linguajar áspero de Qin parece desafiar previsões de que a China abandonaria sua agressiva diplomacia de “lobo guerreiro” e assumiria uma postura mais moderada, uma vez que as relações bilaterais atingiram uma baixa histórica em questões como comércio e tecnologia, Taiwan, direitos humanos e invasão da Ucrânia pela Rússia.

Na coletiva, Qin também relacionou a guerra russo-ucraniana à polêmica em torno de Taiwan. “Por que os EUA pedem à China que não forneça armas para a Rússia, enquanto continua vendendo armas para Taiwan?” questionou o ministro. “O tratamento indevido da questão de Taiwan abalará os próprios alicerces das relações entre China e EUA,” acrescentou.

As reservas internacionais da China caíram mais do que o esperado em fevereiro em meio à desvalorização do yuan ante o dólar, segundo dados publicados pelo PBoC, como é conhecido o banco central chinês. No fim de fevereiro, as reservas da segunda maior economia do mundo totalizavam US$ 3,133 trilhões, representando queda de US$ 51,3 bilhões em relação a janeiro. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal previam recuo menor das reservas no mês passado, de US$ 24 bilhões.

Já as exportações da China continuaram a cair em janeiro e fevereiro, como reflexo da menor demanda global por produtos do país. Nos dois primeiros meses do ano, os embarques recuaram 6,8% na comparação anual, após a queda de 9,9% registrada em dezembro, segundo a Administração Geral de Alfândegas da China. O resultado foi melhor do que a queda de 9,0% estimada por economistas consultados pelo Wall Street Journal.

O órgão divulga dados conjuntos de janeiro e fevereiro para eliminar distorções do feriado do Ano-Novo Lunar, que caiu em janeiro neste ano. No mesmo bimestre, as importações chinesas caíram 10,2%, ante queda de 7,5% em dezembro e do recuo de 5,1% esperado pelos economistas. O superávit em janeiro e fevereiro foi de US$ 116,88 bilhões, ante US$ 78,01 bilhões em dezembro. Os economistas estimavam superávit de US$ 84 bilhões.