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Ministério da Saúde antecipa vacinação contra Gripe para final de março

A campanha, que tradicionalmente só ocorre entre abril e maio, já deve começar no dia 25 de março no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

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01 de março de 2024
Vinicius Palermo
Ministério da Saúde antecipa vacinação contra Gripe para final de março
O Norte foi imunizado entre novembro e dezembro, e, agora, só recebe doses no segundo semestre.

O Ministério da Saúde vai antecipar a vacinação contra a gripe (causada pelo vírus influenza) para o final de março. A campanha, que tradicionalmente só ocorre entre abril e maio, já deve começar no dia 25 de março no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A decisão veio após se constatar um aumento na circulação de vírus respiratórios.

O Norte foi imunizado entre novembro e dezembro, e, agora, só recebe doses no segundo semestre. Segundo o ministério, isso responde às “particularidades climáticas da região”. Por lá, a imunização passa acontecer no início do inverno amazônico – período com maior concentração de chuva, e que vai de dezembro a maio -, quando há maior circulação viral e de transmissão da gripe.

“Desde o ano passado, estamos observando uma antecipação de circulação de vírus respiratórios em geral. Então, esse ano nós vamos antecipar a campanha para proteger a população, principalmente os idosos, as gestantes, os profissionais de saúde, da educação e todas as pessoas que são elegíveis, para que a gente possa estar com a população protegida antes do inverno”, explicou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, em comunicado. Esses vírus costumam circular em maio, junho e julho.

Outra preocupação da pasta, que foi ressaltada em coletiva na última quarta-feira, 28, é de que a circulação de vírus respiratórios ocorre em paralelo a um avanço nunca antes visto da dengue – o País se aproxima da marca de 1 milhão de casos prováveis. O início dessa doença é bastante inespecífico e, por isso, ela pode ser confundida com a gripe – embora a dengue não envolva a presença de sintomas respiratórios.

A pasta negociou a entrega antecipada das vacinas, que estão previstas para serem distribuídas a partir do dia 20 de março. O imunizante utilizado é o trivalente, ou seja, apresenta três tipos de cepas de vírus em combinação. Ele protege contra os principais vírus em circulação no Brasil, de acordo com a pasta
O ministério quer vacinar 75 milhões de pessoas. A vacina contra o vírus influenza pode ser administrada junto a outros imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação, reforçou a pasta.

Os grupos elegíveis para a vacinação contra a gripe são: crianças de 6 meses a menores de 6 anos; crianças indígenas de 6 meses a menores de 9 anos; trabalhadores da Saúde; gestantes; puérperas; professores dos ensinos básico e superior; povos indígenas; idosos com 60 anos ou mais; pessoas em situação de rua; profissionais das forças de segurança e de salvamento; profissionais das Forças Armadas; pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade); pessoas com deficiência permanente; caminhoneiros; trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso); trabalhadores portuários; funcionários do sistema de privação de liberdade e a população privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).

As crianças que vão receber o imunizante pela primeira vez precisam tomar duas doses. O intervalo é de 30 dias. As hospitalizações por síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) ligadas à covid-19 estão em alta no Centro-Sul do Brasil, e, em alguns estados, há “cocirculação” com o vírus Influenza A, causador da gripe. O alerta foi feito pelo Boletim InfoGripe, divulgado na quinta-feira (29) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em um cenário em que a circulação simultânea dos vírus da covid-19 e da dengue já causa dúvidas na população pela semelhança entre os sintomas.

O pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, descreve a sobreposição das infecções de transmissão respiratória como preocupante.

“É um cenário nacional que preocupa bastante. Praticamente todo o Centro-Sul com o crescimento associado à covid-19, alguns estados do Sudeste e do Sul com uma cocirculação – ou seja, circulando ao mesmo tempo covid-19 e influenza A. Embora a covid esteja gerando um número muito mais expressivo de internações do que a gripe, observamos essa circulação simultânea. Alguns estados do Nordeste, em particular a Bahia, também mostram aumento de internações com uma associação bastante sugestiva da gripe.”

Marcelo Gomes recomenda que quem estiver com sintomas e sinais de infecção respiratória fique em casa e faça repouso. Se for indispensável sair, a recomendação é usar uma máscara PFF2 ou N95 para evitar a disseminação do vírus. Essas orientações valem especialmente para quem precisar ir a uma unidade de saúde.

A SRAG por covid-19 apresenta tendência de alta no Distrito Federal, Espírito Santo, em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, no Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e São Paulo.

Já as associações entre a síndrome e a influenza A (gripe) se dão principalmente na Bahia, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e São Paulo.

Segundo o boletim, nas quatro últimas semanas epidemiológicas, os vírus respiratórios que mais causaram os casos de SRAG foram influenza A (10,3%), vírus sincicial respiratório (10,8%) e Sars-CoV-2/covid-19 (70,6%).