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Ministério da Justiça dá 24h para Enel prestar informações sobre apagão em São Paulo

A concessionária deverá informar sobre o prazo para regularização do serviço, quais canais de atendimento está fornecendo e qual é o planejamento de enfrentamento.

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06 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Ministério da Justiça dá 24h para Enel prestar informações sobre apagão em São Paulo
A Enel não conseguiu restabelecer muitas das ligações de energia elétrica após o temporal em SP.

O Ministério da Justiça deu 24 horas para a Enel Distribuição São Paulo prestar informações sobre o apagão que atingiu a capital paulista e região metropolitana na última sexta-feira, 3. Ao menos 500 mil casas continuavam sem energia na segunda-feira, 6.

A concessionária deverá informar sobre o prazo para regularização do serviço, quais canais de atendimento está fornecendo, qual é o planejamento para enfrentar a situação e o que está fazendo para minimizar danos e ressarcir os consumidores. Também deverá informar ao Ministério da Justiça se há um plano de contingência diante de eventos climáticos extremos com detalhamento claro das ameaças e recursos envolvidos na solução do problema.

A pasta ainda pediu que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informe sobre o monitoramento da prestação contínua e eficiência da concessionária e criou um canal de denúncias para acompanhar o atendimento feito pela Enel aos consumidores.

No sábado, dia 4, a Enel disse que o fornecimento de energia em São Paulo será majoritariamente restabelecido até terça-feira, 7. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) segue monitorando o restabelecimento dos serviços de telefonia e internet em 48 municípios de São Paulo afetados pelas chuvas do fim de semana.

“Na cidade de São Paulo, os usuários podem enfrentar instabilidade do sinal na utilização do serviço de telefonia móvel devido a falta de energia prolongada que afetou as antenas”, diz a agência em nota.

Segundo a Anatel, os 48 municípios têm problemas distintos, “variando de afetação parcial leve a afetação total”. “As equipes estão atuando para restabelecer o serviço no menor tempo possível com ações de distribuição de grupo motores geradores (GMG) portáteis, além da recuperação de cabos ópticos rompidos pelas quedas das árvores”, afirma.

Entre os moradores que enfrentam transtornos com a falta de energia na capital paulista na segunda-feira, 6, estão pacientes que dependem de aparelhos ligados à rede de energia elétrica para continuar o tratamento médico.

Cerca de 500 mil endereços ainda estão sem luz na cidade de São Paulo e na região metropolitana. A Enel Distribuição São Paulo informa que restabeleceu a energia para mais de 76% dos clientes que tiveram o fornecimento impactado após o vendaval da última sexta-feira.

Um dos pacientes é Pedro Ducati Lima, de 12 anos, que mora na Vila Invernada, zona leste da capital. Por causa da atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1, sua casa tem uma UTI domiciliar. Ele não respira, não engole e não se mexe sozinho, mas as funções cognitivas estão preservadas.

Por isso, o menino precisa de ventilação mecânica para respiração, do aspirador de secreção pulmonar e uma bomba de infusão para se alimentar, além de um colchão pneumático para evitar escaras. Também faz parte do cuidado permanente um aparelho para fisioterapia respiratória. “Quando perdemos a energia elétrica, nós perdemos tudo isso”, conta Cristiane Graziela Ducati, de 49 anos.

A saída foi deslocar o paciente para a casa da mãe, no bairro da Vila Diva, também na zona leste ou simplesmente levar os aparelhos para serem recarregados lá emergencialmente. Outra preocupação era recarregar os aparelhos celulares para continuar em contato com a Enel. “Além de todo esse transtorno, nós tivemos o desgaste emocional. Ficamos muito preocupados. E se faltar energia na casa da minha mãe?”, questiona.

Sem o tratamento adequado, Grazi conta que Pedro já está com pequenas sequelas, como o aumento da secreção pulmonar que não foi aspirada de forma correta.

Questionada sobre o retorno da energia na zona leste, a Enel Distribuição São Paulo não informa quais bairros permanecem sem energia, mas confirmou que são 500 mil moradores sem energia.

Outro paciente com tratamento comprometido é William Ferreira de Oliveira, de 29 anos. O rapaz vive com mucopolissacaridose (MPS III-A), doença rara genética causada pela falta de um tipo de enzima e que leva à regressão neurológica.

William utiliza BiPAB, aparelho eletrônico que funciona como um respirador artificial. O drama foi relatado pela mãe Patrícia Ferreira, nas redes sociais durante o final de semana. O abastecimento de energia em sua região, no Jardim Santa Margarida, região da zona sul de São Paulo, já foi normalizado.

A mãe conta que precisou recarregar o aparelho em algumas casas de vizinhos da região e também no shopping mais próximo. Se o problema persistisse, William teria que ser hospitalizado. “Tudo do meu filho é ligado na energia elétrica. Eu pago energia para ter e não tenho. Cadê o suporte da Enel?. Meu filho precisa dos aparelhos ligados para sobreviver”, diz a senhora de 50 anos.