Mundo
Intervenções

Militares do Brasil querem atuar em missões de paz, mas decisão é política

Segundo o Exército Brasileiro, há pelo menos 20 militares das forças brasileiras na Missão da ONU na RD Congo, Monusco.

Compartilhe:
17 de março de 2023
Vinicius Palermo
Militares do Brasil querem atuar em missões de paz, mas decisão é política
Em 2021, tropas da marinha com cerca de 200 militares que serviam na embarcação ‘Independência’ em Beirute retornaram ao Brasil.

O comandante das forças da ONU na República Democrática do Congo, Otávio Miranda Filho, disse que militares brasileiros têm vontade e estão capacitados para integrar operações de paz. Ele explicou que a decisão final é dos políticos.

O oficial falava em Nova Iorque antes de partir para o território congolês, onde deve assumir o comando dos 16 mil efetivos internacionais. Segundo o Exército Brasileiro, há pelo menos 20 militares do país na Missão da ONU na RD Congo, Monusco.

O general disse que o Brasil colabora nas intervenções da nação africana com uma equipe móvel de treinamento em ambiente de selva. Miranda Filho destaca que sua eficácia “é muito grande” e reconhecida por diversos países.

“O Brasil gostaria de colaborar muito mais. Nós temos hoje, já certificado pela ONU no nível 2, um batalhão em condições de ser desdobrado. Estamos trabalhando esse ano com uma possibilidade de visita de certificação das Nações Unidas por volta de julho ou agosto com uma companhia especializada em operações em ambiente de selva. É claro que há um desejo muito forte do segmento militar de voltar a participar de missões de paz. Haja vista que nós tivemos uma participação de muito êxito durante 13 anos no Haiti, o que nos trouxe uma expertise que nós não gostaríamos de perder com o passar do tempo.”

Tal como na RD Congo, o país lusófono coordenou operações na Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti, Minustah, e na Força Interina das Nações Unidas no Líbano, Unifil.

Em 2021, tropas da marinha com cerca de 200 militares que serviam na embarcação ‘Independência’ em Beirute retornaram ao Brasil.

Em 2022, um total de 76 militares brasileiros integravam missões de paz das Nações Unidas de forma individual.

O total equivale a cerca de 3% das forças em ação no pico da participação brasileira junto à ONU. Nessa época, dois Batalhões de Infantaria e uma Companhia de Engenharia atuavam na Missão da ONU no Haiti, Minustah.

Atualmente, a maioria dos brasileiros integrando a operação de paz na RD Congo é formada por instrutores de guerra na selva que treinam o exército congolês. Ele falou da probabilidade de se ter um número maior de soldados de paz do Brasil pelo mundo.

“Mas, não só no Brasil como em outros países, esse é um processo político. É uma decisão política não é uma decisão puramente militar. No ambiente militar, nós estamos prontos para desdobrar, tanto um batalhão, quanto uma companhia especializada em operações em ambiente de selva. Restam as tratativas entre a Organização das Nações Unidas e o governo brasileiro, para que isso possa ser efetivado, mas nós temos um desejo muito grande de voltarmos a colaborar com a ONU em operações de paz.”

Foi em 1947 que o Brasil enviou o primeiro contingente a uma operação de paz da ONU. Militares e diplomatas foram observadores na Comissão Especial das Nações Unidas para os Balcãs.