O presidente da Argentina, Javier Milei, disse que não falou, exatamente, sobre dolarização, e sim em concorrência de moedas, mas admitiu que para se chegar a esse momento é preciso fazer várias reformas, entre elas, a do sistema financeiro. “Nós temos sempre falado da concorrência das moedas. E nessa competição, se você for levado a impor uma moeda, a moeda que será imposta, pelas preferências dos argentinos, é muito provável que seja o dólar. Por isso, se habituou à dolarização. Mas, na realidade, nós sempre falamos de concorrência de dinheiro”, afirmou Milei.
“O que estamos trabalhando é em uma reforma do sistema financeiro, mas é uma meta realizável antes das eleições do ano que vem”, disse, sugerindo, contudo, que não acredita que será possível chegar ao plano de dolarização antes das eleições legislativas de 2025.
Milei disse que um dos erros de seu governo foi ter falado de maneira transparente e honesta com os governadores sobre a “Lei Bases”, que agregou o capítulo 4 sobre a lei fiscal para ajudá-los, basicamente a resolver um problema. “Os governadores, em vez, de tomar como um gesto de boa vontade, que é o que era, viram como um sinal de debilidade e se esforçaram para trabalhar no capítulo 4 para destruir as finanças públicas.”
Ainda na entrevista, Milei disse que está mais próximo das ideias do Partido Republicano nos Estados Unidos. “Esse é o ponto. Isso é certo e isso é conhecido. Mas minha prioridade é ser aliado dos Estados Unidos”, disse o presidente da Argentina, em resposta a uma pergunta do apresentador Andrés Oppenheimer se o mandatário argentino não considerava um erro diplomático ter se reunido com Donald Trump, que busca novamente disputar a Casa Branca pelo Partido Republicano.
Milei enfatizou que tem uma “excelente relação com o governo de Biden”, referindo-se ao atual presidente dos EUA, que tenta disputar a reeleição pelo Partido Democrata.
O presidente argentino disse ainda que fica enaltecido por receber críticas do atual presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que classificou como um “ignorante”. Também chamou o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de “assassino terrorista, um comunista”.
Os governos da Argentina e da Colômbia, no entanto, deram como superadas as divergências que tensionaram ao máximo suas relações nos últimos dias, em meio ao embate verbal entre os presidentes dos dois países. Os ministérios das Relações Exteriores dos dois países latino-americanos afirmaram que os governos do presidente argentino Javier Milei e da sua contraparte colombiana Gustavo Petro “tomaram medidas concretas para superar quaisquer diferenças e fortalecer essa relação”.
O último conflito bilateral foi produzido na semana passada, quando Milei, um economista ultraliberal e de extrema direita que chegou ao poder em dezembro, disse que “muito não se pode esperar de alguém que era um assassino terrorista”, em referência ao passado de Petro, um esquerdista que foi membro de um grupo guerrilheiro da Colômbia.
Em protesto, o governo colombiano anunciou que iria expulsar diplomatas da embaixada argentina, e Petro acusou Milei de tentar destruir o projeto de integração latino-americana.
Em janeiro, a Colômbia chamou de volta o seu embaixador em Buenos Aires, Camilo Romero, em protesto contra as declarações do presidente argentino.
Num gesto conciliatório, o Executivo colombiano decidiu que Romero regressasse a Buenos Aires, ao mesmo tempo que concedeu aprovação ao novo embaixador proposto pelo governo argentino em Bogotá, indicou o comunicado, que não especificou o nome desse último.
Já o governo Milei anunciou a visita da sua ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, à Colômbia.
Milei disse que não concorda com a postura de outros presidentes que classificaram a investida de Israel na Faixa de Gaza como “genocídio”.
Para o presidente argentino, tudo o que Israel está fazendo, “está fazendo dentro das regras do jogo… não está cometendo nem um único excesso”.
A juíza federal dos Estados Unidos Loretta Preska emitiu na segunda-feira decisão favorável à Argentina em um litígio com um grupo de investidores internacionais. Com isso, o país pode escapar da necessidade de pagar cerca de US$ 1,4 bilhão aos credores, de acordo com veículos da imprensa argentina.
A informação foi confirmada pelo CEO da Latam Advisors, Sebastian Maril, que acompanha de perto o processo.
Segundo ele, a magistrada não fez referência ao mérito da questão e se limitou a dizer que os reclamantes não tinham o direito de ajuizar a ação por não terem cumprido certos requisitos.
O caso se refere a uma disputa que se arrasta desde 2019, quando credores processaram o Estado argentino por supostas manipulações em estatísticas econômicas.
As manobras teriam reduzido os rendimentos de bônus emitidos em 2005 que estavam atrelados ao Produto Interno Bruto (PIB).