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Metroviários encerram greve em São Paulo

Os metroviários aceitaram proposta do Metrô que prevê abono salarial de R$ 2 mil, além de criação de programa de participação nos resultados.

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25 de março de 2023
Vinicius Palermo
Metroviários encerram greve em São Paulo
Passageiros aguardam no embarque da estação Palmeiras-Barra Funda, linha 3 do Metrô, durante a greve dos metroviários em São Paulo. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os metroviários decidiram em assembleia na manhã de sexta-feira (24) encerrar a greve da categoria, iniciada na quinta-feira (23). Os trabalhadores aceitaram a proposta do Metrô que prevê abono salarial de R$ 2 mil, além da instituição de um programa de participação nos resultados referente a 2023 com pagamento em 2024. Os funcionários da estatal estadual reivindicavam receber essa participação retroativa aos anos de 2020, 2021 e 2022.

Na quinta-feira, a greve chegou a interromper completamente a operação das linhas Azul, Verde, Vermelha e Prata. Os trabalhadores propuseram que o serviço fosse mantido, mas com liberação das catracas para a população. Em carta encaminhada aos metroviários, a empresa disse que aceitaria abrir as catracas para suspender a greve. O governador Tarcísio de Freitas usou as redes sociais para demonstrar apoio à ideia.

No entanto, ao mesmo tempo em que se manifestavam favoravelmente à suspensão da cobrança das tarifas, o governo do estado e o Metrô pediram ao Tribunal Regional do Trabalho, via mandado de segurança, que a Justiça proibisse a adoção da medida.

O pedido foi aceito e deferido pelo desembargador plantonista Ricardo Apostolico Silva, que proibiu a liberação das catracas e estipulou que 80% dos metroviários trabalhassem durante a greve, nos horários de pico.

À noite, em outra decisão, a juíza do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP) Eliane Aparecida da Silva Pedroso autorizou que o serviço funcionasse sem cobrança de passagens. Mesmo assim, a medida não foi adotada.

O governador Tarcísio de Freitas e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, decretaram ponto facultativo nas repartições públicas estaduais da capital paulista e região metropolitana na sexta-feira.

Ainda na quinta, no final do dia, o metrô retomou a operação parcial das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha.

Durante a assembleia que encerrou a greve, a presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, disse que a proposta do governo era ruim, mas que a mobilização perderia força se continuasse pelo fim de semana.

“Essa proposta é um desrespeito com a categoria que trabalhou durante a pandemia, que está sofrendo nas estações com pouquíssimos funcionários. É um desrespeito. A gente merece muito mais do que isso”, disse.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) fez uma proposta intermediária, que sugeria o pagamento do valor de R$ 2,5 mil de abono por trabalhador, por ano, de 2020 a 2022, o cancelamento de punições, a garantia de não retaliação aos grevistas e a ausência de descontos dos dias parados.

O Metrô e o governo de São Paulo, entretanto, mantiveram na mesa apenas o pagamento de um único abono salarial de R$ 2 mil. Diante do impasse, Camila Lisboa disse que via pouco espaço para negociação. “O ambiente de negociação durante a greve não está existindo ou foi muito insuficiente”, disse durante a assembleia.

A recomendação do sindicato é que os trabalhadores retornem imediatamente ao trabalho. Em nota, a empresa diz que vai retomar 100% da operação.

No segundo dia de greve dos metroviários na cidade de São Paulo na sexta-feira, 24, o pico do congestionamento chegou a 615,5 quilômetros por volta das 8h, de acordo com a medição feita pela Companhia de Engenharia de Trafego (CET) em parceria com o aplicativo Waze.

No horário, o trecho com maior quantidade de tráfego lento foi na zona leste, com 182,3 km, seguida por zona sul (180,9 km), norte (103 km), oeste (100,5 km) e centro (45,9 km). Por volta das 9h30, quando foi anunciado o fim da paralisação dos metroviários, a cidade tinha 485,2 quilômetros de lentidão.

No dia anterior (quinta-feira, 23), no primeiro dia de paralisação da categoria, a capital paulista apresentou mais de 800 quilômetros de lentidão. No fim da tarde e início da noite, entre 18h e 19h, a CET/Waze registrou 823 quilômetros de lentidão nas ruas e avenidas da cidade. No período da manhã de quinta-feira, também foram computados mais de 800 quilômetros de lentidão nas vias de São Paulo.

Com a impossibilidade de usar as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata (Monotrilho) da Companhia do Metropolitano do Estado (Metrô), o rodízio de veículos foi suspenso em ambos os dias. Na sexta-feira, também podem circular pelo centro expandido os carros com placas finais 9 e 0.

Desde o dia 3 de março, a CET divulga, por meio de parceria com o aplicativo de mobilidade Waze, informações de trânsito de todos os 20 mil quilômetros de vias existentes na cidade. Desta forma, a companhia deixou de trabalhar a divulgação de indicadores de congestionamento baseados em um recorte das principais vias e corredores para apresentar ao público os números absolutos de lentidão identificados em todas as ruas e avenidas da capital paulista.