Após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ter iniciado o ciclo de corte de juros com uma queda de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic, a expectativa inflacionária para 2024, foco principal do BC, teve alívio marginal, enquanto os demais horizontes ficaram estáveis no Boletim Focus.
A projeção para o índice de inflação oficial – IPCA – em 2023 permaneceu em 4,84%. Um mês antes, a mediana era de 4,95%. Para 2024, a estimativa baixou marginalmente, de 3,89% para 3,88%. Há um mês, era de 3,92%.
Considerando somente as 51 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,83% para 4,78% Para 2024, por sua vez, a projeção de alta cedeu de 3,88% para 3,87%, considerando 50 atualizações no período.
Houve também estabilidade na expectativa para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom. A projeção continuou em 3,50%, contra 3,60% de quatro semanas antes. No horizonte mais longo, de 2026, houve manutenção da estimativa em 3,50%, repetindo a mediana de um mês atrás.
As estimativas medianas de todos os anos do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a projeção supera o teto da meta (4,75%) e indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%.
Na semana passada, o Copom decidiu cortar a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25%, contrariando a mediana da Focus para a primeira queda da taxa, que era de 0,25pp. Além disso, sinalizou que manterá o mesmo ritmo de redução do juro básico nas próximas reuniões.
A projeção do próprio Copom para a inflação oficial em 2024 permaneceu em 3,4%, acima do alvo central de 3,0%. Para 2025, ficou em 3,0% no modelo que considerava um primeiro corte de 0,25pp. Para 2023, a projeção é de 4,9%.
Os economistas do mercado financeiro atualizaram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, que subiu de 4,11% para 4,15%, de 4,22% há um mês.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.
Os economistas reduziram marginalmente a expectativa de inflação do IPCA de julho no Boletim Focus de segunda-feira. A mediana passou de 0,09% para 0,08%. Há um mês, a expectativa era de 0,21%.
Para o IPCA de agosto, a estimativa também cedeu ligeiramente, de 0,30% para 0,29%, contra a mediana de 0,26% um mês antes. Já para setembro, a previsão para o indicador continuou em 0,28%, de 0,30% há quatro semanas.
A expectativa para taxa Selic no fim de 2023 seguiu a sinalização dada pelo Copom de que pretende repetir o passo de corte de juro em 0,50 ponto porcentual adotado na semana passada nas próximas reuniões do colegiado.
A mediana para a Selic no encerramento deste ano caiu de 12,00% para 11,75%. Para o término de 2024, houve queda de 9,25% para 9,00%. Há um mês, as estimativas eram de 12,00% e 9,50%, nessa ordem.
O Boletim Focus trouxe sinds melhora na projeção de crescimento econômico para este ano. A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 2,24% para 2,26%, contra 2,19% há um mês. Considerando apenas as 32 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,21% para 2,33%.
Para 2024, o Relatório Focus mostrou manutenção da estimativa de crescimento do PIB de 1,30%, ante 1,28% de um mês atrás. Considerando apenas as 29 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 passou de 1,25% para 1,32%.
Em relação a 2025, a mediana continuou em 1,90%, ante 1,80% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que avançou de 1,97% para 2,00%, contra 1,88% de um mês atrás.
O Ministério da Fazenda aumentou sua projeção oficial para o PIB deste ano, de 1,9% para 2,5%, em meados de julho. No Banco Central, a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
O Boletim Focus mostrou, ainda, um cenário de alteração nas projeções para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023, que passou de 60,40% para 60,60%, mesmo porcentual de um mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana seguiu em 1,00%, repetindo a mediana de um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, ou menor. Já a estimativa para o déficit nominal este ano passou de 7,45% para 7,48% do PIB, de 7,70% há um mês.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Para 2024, a estimativa para a dívida líquida variou de 63,90% para 64,00%, mesma mediana de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 se manteve em 0,80%, longe da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB). O déficit nominal projetado na Focus também permaneceu em 6,90% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,80% e 7,00%.
Os economistas do mercado financeiro elevaram marginalmente a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana.
A projeção deficitária variou de US$ 42,90 bilhões para US$ 43,00 bilhões, ante US$ 43,07 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit foi alterada de US$ 50,00 bilhões para US$ 48,68 bilhões, ante US$ 50,40 bilhões há quatro semanas.
Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 66,00 bilhões para US$ 67,00 bilhões, contra US$ 64,00 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária permaneceu em US$ 60,00 bilhões, de US$ 57,85 bilhões quatro semanas antes.
Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.
A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80 bilhões, de US$ 79,50 bilhões há um mês. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 27ª vez.